Efeitos do Dólar disparado chega no bolso do consumidor

Dólar
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Na terça-feira (17), a moeda americana registrou R$ 6,20, maior recorde da história; alimentos e atividades de exportação serão os primeiros afetados

 

As alterações de alta que o dólar vem registrando a cada negociação, vai se gerando impactos no consumo da população. Isso porque o dólar é utilizado como parâmetro para o estabelecimento da taxa de câmbio em outros países. Os preços dos alimentos e atividades como exportação e importação são as principais áreas afetadas pela crise de aumentos da moeda americana, conforme analisou o economista e professor, Odirlei Dal Moro.

“A desvalorização cambial encarece as importações e favorece as exportações. Os alimentos tendem a ficar mais caros, seja porque alguns são importados ou porque são produzidos por insumos importados [como o trigo].

Por outro lado, o Agronegócio tende a ganhar com as exportações, embora as importações de insumos agrícolas fiquem mais caras”, ressaltou o especialista economico. Já nos valores do etanol e da gasolina, segundo dal Moro, poderá haver um impacto na medida em que importamos combustível e que a Petrobras siga o preço internacional.

Fica a questão: como os alimentos aumentam de preço, já que o Brasil é um potencial produtor? A resposta é que mesmo o país produzindo parte dos alimentos, a grande maioria dos insumos (usados no processo de produção) são itens importados de outros países. Alimentos como soja, carnes, café, açúcar e milho são negociados em moeda estrangeira, de modo que, quando o dólar está mais caro em relação ao real, fica mais vantajoso para o produtor exportar

O dólar voltou a disparar nesta terça-feira (17) e chegou a R$ 6,208, na máxima do dia. Após dois leilões realizados pelo BC (Banco Central), a forte alta da moeda norte-americana desacelerou. Ainda na tarde de ontem, o dólar subia 0,47%, cotado a R$ 6,119, mas segue no maior valor nominal da história. Os leilões são intervenções do BC no câmbio. Na prática, eles servem para aumentar a quantidade de dólares disponíveis para os investidores, seguindo a lei da oferta e demanda. Ou seja, quanto mais moeda puder ser comprada, menor vai ser a cotação dela.

Intervenção do BC

Uma das ações de interferência do Banco Central na tentativa de frear o dólar, é a compra e venda no mercado de câmbio. De acordo com o economista, o câmbio é flutuante, ou seja, compradores e vendedores negociam e determinam a taxa de câmbio.

Atendente da Casa de Câmbio, em Campo Grande – Foto: Marcos Maluf

“Mas o Banco Central pode, nesses casos, intervir, porque em nenhum lugar do mundo o câmbio é completamente flutuante. Sempre tem a intervenção do BC no sentido de evitar profundas desvalorizações e profundas valorizações. Nesse caso, o BC está injetando dólares na economia a um valor mais baixo do que a cotação de mercado, justamente para trazer a cotação para baixo”, completou.

A primeira intervenção foi anunciada depois de o dólar subir em reação à divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que prevê alta dos juros para 2025. A segunda intervenção ocorreu depois de a moeda norte-americana saltar para o patamar de R$ 6,20. No segundo leilão do dia, vendeu US$ 2,015 bilhões, somando US$ 3,287 bilhões apenas nesta terça, mas o dólar seguia em patamares recordes mesmo após as atuações do BC.

Com os dois novos leilões, o BC já injetou US$ 12,76 bilhões no mercado de câmbio desde a última quinta-feira (12). O BC já havia realizado cinco leilões de câmbio desde a semana passada. Foram vendidos US$ 2,48 bilhões de dólares em operações à vista e outros US$ 7 bilhões na modalidade em linha, com o compromisso de recompra em prazo determinado.

No entanto, as intervenções da autoridade monetária não conseguiram conter a alta da divisa americana. O real foi a moeda que mais se desvalorizou entre as moedas dos países emergentes e entre as principais moedas do mundo nesta segunda. Já a Bolsa avançava, com variação positiva de 0,89%, na tarde de ontem (17). Os juros futuros voltaram a saltar nesta terça. A taxa para outubro de 2027 subiu 0,36 ponto percentual, de 15,33% para 15,69%. O contrato para janeiro de 2033 estava em 14,85%, ante 14,55% no ajuste anterior, com variação de 0,29 ponto percentual.

 

Por Suzi Jarde

Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram

 

Leia mais

Produção de aço bruto no Brasil cresce 5,6% em um ano

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *