Com ovo na cesta básica, produção do alimento é estimulada, garante economista

Foto: Mairinco de Pauda
Foto: Mairinco de Pauda

MS visa se tornar um dos maiores produtores do Brasil com aumento do setor

O ovo é a proteína animal que teve o maior crescimento de consumo nos últimos quinze anos. De acordo com a ABPA (Associação Brasileira da Proteína Animal), enquanto em 2007 cada brasileiro consumia aproximadamente 131 ovos por ano, em 2021 o número quase dobrou, passando para 257 unidades ingeridas por pessoa anualmente. O mercado interno é o maior responsável pelo consumo da proteína, apenas 0,5% são exportados.

Em Mato Grosso do Sul, a produção da atividade avícola avançou no mesmo ritmo do consumo. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em uma década, a quantidade de ovos produzidos por ano no estado saiu da casa de 33.977 mil dúzias, em 2011, para 76.186 mil dúzias em 2021, evolução de 44,60%.

No mesmo período, o rebanho de aves poedeiras registrou variação de 52,23%, de 6.938 milhões anuais para 13.283 milhões de animais de postura.

“A segurança na produção de ovos e a profissionalização dos produtores potencializam a avicultura no estado. A atividade está cada vez mais tecnificada, seguindo todos os controles de biossegurança que consistem em medidas para evitar a entrada e propagação de doenças no rebanho, além de garantir uma proteína de qualidade”, explica o consultor técnico, Fernando Bressan.

De acordo com o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, Staney Barbosa Melo a inclusão dos ovos na cesta básica é um passo importante para apoiar e estimular a produção do produto em todos os estados. Conforme a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o brasileiro consome em média 240 ovos por ano. “Sabemos que esse gênero, por ter baixo custo em comparação com outras proteínas e vitaminas, constitui-se como opção variável para aqueles que dispõem de menos recursos para garantir uma boa alimentação”.

Neste sentindo, Staney avalia a iniciativa do Governo Federal como assertiva. “Incluir os ovos na cesta básica é uma medida que abre caminhos para que possamos pensar adiante, em políticas públicas que envolvam a inclusão desses alimentos em apoio a nossa população. Com isso, estimula-se ainda a produção no campo, uma forma justa de apoiar os pequenos produtores que trabalham arduamente para levar alimentos para a mesa dos brasileiros”, conclui.

Aumento produção
A produção de ovos em Mato Grosso do Sul deverá ter um salto nos próximos anos com a concretização do megaempreendimento de avicultura de postura do Grupo Yabuta, no Distrito de Nova Casa Verde. O incentivo de aumentar a produção, vem alinhada com a inclusão do alimento na cesta básica brasileira conforme decreto assinado pelo governo. O complexo da granja em MS abrange cinco aviários e também uma fábrica de ração para suprir a criação das galinhas poedeiras.

Fabio Yabuta, o secretario Rogerrio Beretta e o coordenador de pecuária Marivaldo Miranda – Foto: Mairinco de Pauda

“Com isso, nossa meta é transformar o Estado em um dos maiores produtores de ovos do Brasil, superando até mesmo São Paulo”, destacou o proprietário da empresa do Grupo Yabuta, Fábio Yabuta durante reunião na terça-feira (7) com o secretário de desenvolvimento Econômico e Sustentável da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Rogério Beretta, e ao coordenador de Pecuária, Marivaldo Miranda.

A sede do Grupo fica em Bastos-SP, de acordo com o empresário, atualmente, em apenas cinco aviários no município de Nova Casa Verde, Mato Grosso do Sul – ele já aloja 1 milhão de aves, que produzem 2 mil caixas com 30 dúzias de ovos por dia. Com a operacionalização completa do empreendimento previsto para 2027, a capacidade subirá para 4 milhões de aves ao dia e pode gerar 450 empregos e 8 mil caixas com 30 dúzias de ovos por dia.

Hoje a empresa tem 250 trabalhadores na granja de Nova Casa Verde. “Com este novo empreendimento devemos chegar a 2 mil funcionários nas 3 unidades de MS, considerando as granjas que já pertencem ao grupo em Ivinhema e Jateí. Ele enfatiza ainda que a previsão é de que a granja de Nova Casa Verde aloje, em plena operação, 4 milhões de aves brancas, mais 2 milhões de vermelhas e 1 milhão de galinhas livres de gaiolas.

Yabuta lembra que o projeto caminhou após encontro realizado no estande da Semadesc na SIAVES, maior feira de avicultura do País, em 2022. “O encontro com os secretários Jaime Verruck e Beretta foi importante para que nosso projeto se consolidasse”, frisou.

Apoio
Para o secretário de Desenvolvimento, Rogério Beretta, o empreendimento é uma mudança de patamar no desenvolvimento da região. “O Estado tem garantido total apoio tanto aqui na Semadesc, por meio de ações de apoio e incentivo e auxílio ao empresário em questões de produção e energia; como o Governo por meio de obras de infraestrutura como asfalto até a granja e investimentos no distrito de Nova Casa Verde. Tudo isso justamente para dar condições da plena realização do projeto que gera emprego e renda, uma das prioridades do Governo Riedel”, citou Beretta.

Projetos como do grupo Yabuta também estão no eixo das estratégias da Semadesc, de tornar Mato Grosso do Sul um Estado Multiproteína. “Já temos avançado muito na avicultura de corte e agora com este projeto de ovos, damos mais um passo para o fortalecimento da cadeia produtiva da avicultura estadual. Temos orgulho da qualidade e eficiência da nossa produção de proteína animal. E empreendimentos como este só reforçam a meta de nos tornamos também o Estado Multiproteína”, pontuou Beretta.

Além do megaempreendimento da Yabuta, o grupo estuda implantar um confinamento de bovinos com capacidade de engorda de 30 mil cabeças no Estado.

Mercado
De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em janeiro, o preço médio pago ao produtor sul-mato-grossense por 30 dúzias de ovos brancos em janeiro de 2023 foi de R$ 118,12. O valor é 21,77% superior ao preço pago para o produtor no mesmo período de 2022.

“Com a alta nos custos de produção principalmente nos preços dos insumos, como farelo de soja e milho que são a base para alimentação dos animais, a avicultura de corte viu no mercado internacional uma oportunidade de equilibrar as contas, o que também tem gerado divisas importantes para o país”, explica.

A diversidade de proteínas animais que existe no Brasil e o aumento nos custos de produção dos grãos, e em consequência na proteína animal, é esperado uma maior competitividade do ovo perante as outras proteínas, mantendo seu papel como alimento acessível e fundamental na mesa das famílias brasileiras. “Diferentemente do que se especula sobre desabastecimento, não existe risco de faltar ovo no estado e no Brasil. O país é livre de gripe aviária e até o momento não existe suspeita da doença no país”.

O município de Terenos já é destaque há, pelo menos, quatro décadas, segundo a analista técnica do Sistema Famasul, Fernanda Oliveira, isso é devido a uma importante cooperativa instalada no local. Em seguida, Ivinhema, que ganhou destaque nos últimos cinco anos. No ano de 2015 registrou produção de 350 mil dúzias e em 2020 elevou a produção para 13,5 milhões de dúzias, crescimento de 3.776%. “O aumento expressivo está relacionado à instalação de empresa produtora de ovos”, justifica o aumento na produção.
Segundo o IBGE, a produção concentra-se predominantemente em cinco cidades: Terenos, Ivinhema, Sidrolândia, Dourados e Cassilândia. Juntas, respondem por 79,4% da produção de MS.

 

Por –Suzi Jarde

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