Com mais de 20 crianças em ventilação mecânica, Capital sofre com a falta de médicos

Saúde
Foto: Marcos Maluf

Sesau mantém a busca por mais leitos pediátricos e recomenda o uso de máscaras, nas escolas

Na tarde de ontem (10), durante reunião do Coes (Comitê de Operações Especiais em Saúde), na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), foram definidas algumas ações emergenciais contra o aumento de casos de síndromes gripais, na Capital, sobretudo entre as crianças. 

Dentre elas, está a contratualização de mais leitos, especialmente para crianças de 0 a 2 anos. De acordo com a Sesau, de janeiro até a primeira semana de abril, foram registradas quatro mortes por VSR (vírus sincicial respiratório), sendo três óbitos de crianças menores de um ano de idade e um adulto acima dos 30 anos. Atualmente, 24 crianças estão internadas com auxílio de ventilação mecânica, sendo 8 no Hospital Regional, 6 no Hospital Universitário e 10 na Santa Casa. 

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Sandro Benites, as novas medidas são necessárias e urgentes, pois não há previsão de redução dos casos e ele ressaltou que a maior preocupação é a falta de médicos.

“Amanhã, os pediatras vão se reunir para ver se conseguem apresentar para a Sesau uma escala de pediatria, porque mesmo a Sesau cedendo dois pediatras, temos dificuldade em fechar uma nova escala. Por isso, o El Kadri declinou, pela falta de pediatra”, afirmou o secretário. 

Na reunião, ficou definido que serão contratados 10 leitos de internação hospitalar em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Pediátrica e outros 30 de internação hospitalar em leito clínico pediátrico, com dispensa de licitação. 

Conforme a secretaria, cada leito custa entre R$ 600 e R$ 800 a diária, em uma UTI. A Santa Casa ofereceu 10 leitos de enfermaria com capacidade de intubação se necessário e a resposta oficial será divulgada ainda hoje. Dentre as ações que já estão ocorrendo, a Sesau informou que intensificou o atendimento pediátrico em 15 UBSs (Unidades Básicas de Saúde). 

Além disso, algumas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) também contam com pediatras plantonistas. A população deve ligar no 192 (Samu), para verificar quais unidades realizam consulta pediátrica emergencial.

“Somente nos dois primeiros dias de funcionamento destas unidades, mais de 5 mil pacientes foram atendidos, sendo 1,3 mil crianças. Neste momento, não há nenhum paciente intubado nas unidades de urgência da Capital”, informaram em nota, ao jornal O Estado. 

O Comitê de Operações Especiais em Saúde esclareceu que mesmo a Santa Casa e o El Kadri manifestando interesse em ajudar com a oferta de novos leitos, a prefeitura não possui condições de fechar o contrato com o El Kadri. 

Por fim, o secretário de saúde explicou que a prefeitura espera que a Santa Casa abra, pelo menos, dez leitos. E que, por questões burocráticas, o contrato com o hospital El Kadri não deve se concretizar. Contudo, o hospital vai ampliar o atendimento na rede privada, diante da superlotação ocasionada por doenças respiratórias.

Falta de medicamento pelo SUS também afeta a população

Apesar de o secretário de Saúde, Sandro Benites, garantir que, recentemente, foram adquiridos 1,5 milhão de remédios para os próximos três meses, a população continua sentindo a falta de medicamentos nas unidades de saúde, de Campo Grande. 

De acordo com a população, está em falta, em algumas unidades básicas de saúde, medicamentos como: dipirona, azitromicina, ibuprofeno, tramal e dexametasona. Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em março, alguns dos remédios comprados foram: azitromicina, dexametasona, dipirona, furosemida, ibuprofeno e prednisona. 

“A falta pontual se deve à baixa adesão de fornecedores aos processos de licitação, levando-se em consideração o valor disponibilizado para pagamento destes medicamentos na tabela da Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), que estabelece limites nos valores dos medicamentos adquiridos pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, esclareceu, em nota.

Uso de máscaras

Na ocasião, o secretário de Saúde comentou sobre a possibilidade do retorno da obrigatoriedade no uso de máscaras de proteção facial, principalmente em escolas. “Crianças abaixo de 2 anos não vão usar máscara, porém, a recomendação será para os professores e diretores e, ainda, que eles transmitam a informação para os pais. 

Amanhã, teremos uma reunião com todos os diretores da rede e vamos abordar esse assunto, da síndrome respiratória aguda grave, para tentarmos reduzir a transmissão em um local tão importante como a escola.” 

Sandro ainda reforçou sobre os cuidados a serem adotados nas instituições de ensino, e orientou os pais e responsáveis a não levarem os filhos para a escola, caso apesentem sintomas gripais. “A recomendação primordial é sempre lavar as mãos com álcool 70 e, se a criança tiver sintomas respiratórios, não é momento de ir para a escola. Também, é importante lembrar de não procurar as UPAS e CRS, a fim de reduzir a espera. Ou seja, procurem as UBS (Unidades Básicas de Saúde)”, orientou.

Por Suelen Morales e Tamires Santana – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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