Com maior contratação temporária dos últimos oito anos, comércio registra baixa procura

Crédito: Natinho Rodrigues/ Diário do Nordeste
Crédito: Natinho Rodrigues/ Diário do Nordeste

Mesmo com uma alta oferta de contratações temporárias no varejo para a data sazonal do final do ano, quando se comemora o natal, o comércio registra baixa procura por oportunidades. De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a data espera ter a melhor margem de contratação dos últimos oito anos.

Apesar da crise financeira causada pela COVID-19 que assolou diversos setores do comércio, a data pode representar um passo importante para a retomada da economia, mas o recrutamento e admissão de novos colaboradores para integrar o quadro de funcionários necessário, ainda é um fator preocupante na reta final para a programação.

Segundo o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Campo Grande, Adelaido Vila, inserir pessoas no mercado de trabalho tem se tornado uma tarefa cada vez mais difícil para gerentes e empresários, isso porque na hora da entrevista, é o candidato quem avalia a vaga, e não mais os gestores como antigamente, segundo Adelaido.

“Diante das pesquisas positivas, estávamos muito contentes em poder oferecer emprego, mas percebemos que estamos sendo muito reprovados nas contratações, hoje as pessoas chegam já observando se o emprego se enquadra naquilo que ela deseja. Um detalhe importante que precisamos pontuar, é que nós contratamos pessoas no varejo sem qualquer categoria de qualificação, sem informações e ensinamos, oferecemos cursos, nos colocamos à disposição e mesmo assim essas pessoas recusam as vagas. Na minha visão, está faltando interesse. Sabemos que o valor do salário às vezes desmotiva, mas para se ter uma ideia, no setor de vendas é possível tirar de 2 mil a 5 mil reais por mês com as comissões”, ressalta.

Questionado sobre as atribuições de funções, Adelaido Vila, explica que indisposição dos interessados para fazer parte da equipe é cada vez mais baixa, o que pode impactar no índice de contratações. “É uma questão de consciência, no mercado de trabalho precisamos ser ativos, não podemos ficar presos em uma só função, ajudar em uma coisa e outra faz parte. Existe uma luta de classe muito grande. O que mais temos em Campo Grande são micro e pequenas empresas e às vezes um colaborador ajudar na atividade do outro é um diferencial, já que não é possível ter uma ampla carteira de funcionários”, afirma.

Para Andreia Peres, gerente regional da Probel em Campo Grande, rede de colchões que possui mais de seis lojas na Capital e também no interior do Estado, a falta de comprometimento e boa vontade, estão entre as maiores deficiências para a colocação. “A falta de comprometimento, disciplina e boa vontade dificulta muito esse processo. Esses dias peguei 42 currículos e somente cinco deles possuíam alguma experiência, ou qualificação. Ao ligar para essas cinco pessoas, só uma me atendeu. Até para marcar uma entrevista nós enfrentamos dificuldades. Tem vezes que a pessoa não pode, e em outras vezes, vem com bermuda, regata, roupas em desacordo com um perfil profissional”, conta.

“Não nos importamos em ensinar quem não tem uma bagagem extensa, mas podemos observar que as pessoas não se importam mais em permanecer! Não tem como contratar uma pessoa que em um período de um ano já passou por três a cinco empregos. A gente até chega a se questionar do porque que não deu certo”, conclui.

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