Unidades não conseguem fornecedores, já que o produto está escasso pela falta de matéria-prima
Há cerca de três meses, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul e o Hospital Universitário enfrentam a escassez do medicamento contraste, utilizado em exames diagnósticos e cirurgias. Com o estoque praticamente zerado, os hospitais estão usando a substância somente em casos cirúrgicos de extrema necessidade. Ao jornal O Estado, a Secretaria de Estado de Saúde informou que até novembro espera normalizar o estoque de contraste.
Em nota o Hospital Universitário disse que há falta de contraste em todos os hospitais do Brasil desde julho. “A matéria-prima do contraste vem principalmente da Ucrânia e Rússia. Nós temos um pouco em estoque, que está sendo usado apenas em casos muito graves. Já abrimos diversas licitações para compra de contrate, mas não há fornecedores com o produto no Brasil nem no exterior”, relataram.
Além da falta de contrate, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul informou que está sem o Kit Cec, uma espécie de insumo cardíaco utilizado em diversos tipos de cirurgias. “Há falta de contraste para exames e tomografia. Sempre que há casos emergenciais os pacientes são enviados para outros hospitais para fazer o exame”, informaram em nota.
Por sua vez, o secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, ponderou que a situação já está em vias de normalidade e que a escassez do contraste e de outros medicamentos é de ordem mundial.
“Esperamos que até o fim do mês ou meados de novembro essa questão esteja normalizada. A produção na principal fábrica em Xangai já voltou, só que existe a demanda no mundo inteiro. Estão retomando o que estava atrasado em razão da suspensão na pandemia, da guerra na Ucrânia, uma crise no mercado. Mas que já vem se normalizando”, afirmou.
Ainda segundo o secretário, um carregamento de contraste apreendido pela Receita Federal e Marinha do Brasil deverá ser doado ao Estado. “Estamos aguardando um posicionamento da Receita Federal quanto à doação pra Mato Grosso do Sul. Já está combinado informalmente, mas tem o trâmite burocrático e toda a dificuldade da lei eleitoral. Mas o Ministério Público Eleitoral também está de acordo, então é só aguardar o trâmite burocrático mesmo”, revelou Britto.
Já o presidente do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), Flávio Shinzato, explicou que os trâmites burocráticos para a aquisição de medicamentos na rede pública também são um dos fatores para as faltas pontuais.
“Podemos dizer que 50% da situação já foi normalizada. Mas existem duas questões distintas, a compra de medicamentos na rede pública e na rede privada. Uma licitação na rede pública demora até 90 dias e existe um limite de valor estipulado por medicamento. Na rede privada a compra é direta e diante da alteração no valor do medicamento, isso é repassado depois aos usuários”, observou.
Por Suelen Morales e Michelly Perez – Jornal O Estado do MS.
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