Com avanço da vacinação, Estado estuda três frentes de trabalho na área da saúde

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Fotos Saul Ribeiro - Vacinação Industria - IG (10)

Projetos incluem ações para reduzir mortes maternas, cirurgias e proteção em eventos

Com o avanço na vacinação e a consequente melhora nos números da pandemia, o governo de Mato Grosso do Sul se prepara para trabalhar com três principais frentes desenvolvidas para a área da saúde. A partir de agora, o foco será a redução de mortes maternas, que mais que dobraram no último ano, a Caravana da Saúde, que pretende zerar a fila de exames e cirurgias represadas com a pandemia e, por fim, o programa de estímulo à vacinação de quem se recusou a receber a proteção.

“Precisamos dar respostas às doenças que, infelizmente, foram deixadas ao largo porque tivemos de colocar todas as nossas energias para enfrentar a COVID-19. Agora, temos de resolver o que ficou”, explica o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.

Bem nascer MS

Com lançamento previsto para meados do mês de outubro, o programa estadual terá foco na redução do número de mortes maternas e infantis. Segundo dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde), durante todo o ano de 2020 Mato Grosso do Sul registrou 16 óbitos maternos, dois deles por COVID-19. Somente nos primeiros nove meses deste ano, o número mais que dobrou e a quantidade subiu para 44 mortes, sendo 23 provocadas pelo novo coronavírus.

“Em 2019 nós tínhamos reduzido consideravelmente essa estatística, mas na pandemia ela cresceu porque a gravidez era um elemento de risco. A morte de mulheres grávidas, puérperas e crianças é uma situação que nos deixa muito chocados e serve como indicador da boa qualidade da saúde. Por isso precisamos melhorar muito”, relata.

Pelo cronograma, o Bem Nascer MS vai readequar a estrutura de atendimento nas unidades de saúde para atender as gestantes. De acordo com Geraldo Resende, os 79 municípios receberão aparelhos de ultrassonografia, que já foram comprados e serão entregues para as cidades. Além disso, a SES vai disponibilizar aparelhos de cardiotocografia, que medem o bem-estar fetal por frequência cardíaca e contrações do útero. A regra será que todas as mulheres façam, no mínimo, sete consultas de pré-natal.

“Vamos incentivar um bom pré-natal para prevenir doenças e garantir estruturas adequadas para atender as gestantes, quer seja nas pequenas cidades, distritos, comunidades indígenas, quilombolas ou nas mais vulneráveis. Todas as macrorregiões terão ginecologistas e obstetras qualificados e apetrechados, e o transporte sanitário vai ser adequado para que se a mulher precisar ser removida para outra cidade, isso seja feito com rapidez”, pontua o secretário.

Recentemente, o governo encaminhou projeto à bancada federal para que tente destravar recursos a fim de que Campo Grande tenha o primeiro hospital materno-infantil de Mato Grosso do Sul, no espaço onde hoje funciona a Maternidade Cândido Mariano.

RETOMADA SEGURA

Geraldo Resende adianta ainda que a SES prepara projeto de passaporte da imunidade para encaminhar à Assembleia Legislativa. O objetivo é o de que festas e eventos com mais de 100 pessoas exijam apresentação de comprovante de aplicação de, pelo menos, uma dose da vacina contra a COVID-19. Com isso, espera-se ter o setor comercial como aliado no incentivo à imunização dos moradores.

“Queremos formatar esse projeto para que os deputados façam discussões com vários setores e possam aprimorá-lo”, explica.

Ainda dentro do Projeto Retomada Segura, o governo planeja a criação do selo “empresa livre da COVID”, assim como já adotado pela Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul). “Vamos ver com federações de comércio, agricultura e outros setores que fazem parte da atividade econômica do Estado, para que nos ajudem”, pontua o secretário.

A ideia é conceder selo de ouro e reconhecimento às empresas que consigam vacinar todo o quadro de funcionários. “É importante até para que a gente identifique pessoas que ainda persistem numa posição condenável de recusar a vacina. O combate à COVID não tem de ser apenas a vontade individual da pessoa, deve ser com enfrentamento”, esclarece.

PROGRAMA REMODELADO

Considerado por Geraldo Resende “o mais ambicioso dos projetos que o governo tem na área da saúde”, a remodelada Caravana da Saúde entra como a última ponta dos três projetos que serão comissão de frente na área da saúde pelos próximos anos. Ao todo, serão realizadas 68.618 cirurgias e 33.002 exames em pacientes dos 79 municípios. Os procedimentos vão ser feitos em 39 hospitais públicos e privados de 34 municípios, previamente cadastrados para auxiliar o governo a desafogar a fila do que deixou de ser feito quando a prioridade do setor de saúde se virou para os cuidados a pacientes com o novo coronavírus.

“A aderência dos hospitais foi muito além do que esperávamos. Agora, os exames serão feitos no prazo de três a quatro meses e as cirurgias no período de um ano. Será o enfrentamento de frente ao que a pandemia nos deixou depois de suspendermos as cirurgias eletivas e os exames, alguns deles que já se arrastam há anos”, avalia.

Agora, com o bom desempenho na vacinação, Mato Grosso do Sul caminha para seguir com a imunização dos moradores, já pensando nas próximas campanhas. “Acredito que a vacinação contra a COVID será anual. Esperamos que o Ministério da Saúde se adiante e se planeje para o futuro que virá”, finaliza Geraldo.

Depois de autorizar a terceira dose em idosos, na sexta-feira (2) o governo federal aprovou a dose de reforço também para profissionais da saúde que receberam a última vacina com intervalo de, pelo menos, seis meses. Preferencialmente, a vacina para o grupo deverá ser a da Pfizer.

Clayton Neves

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