Para Bolsonaro, é uma crise a mais em um governo com focos de problemas em praticamente todas as áreas
O centrão quer indicar um novo nome para a vaga aberta no STF (Supremo Tribunal Federal), abrindo um espaços para alguns problemas entre o governo de Jair Bolsonaro e líderes de um dos últimos redutos de popularidade do presidente, os evangélicos.
Uma articulação dos principais ministros do grupo que comanda a Câmara dos Deputados busca viabilizar o nome de Alexandre Cordeiro de Macedo, o presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O problema, para a comitiva pastoral que aconselha Bolsonaro no assunto, é que Macedo não passou pelo critério deles.
A apresentação do novo nome visa romper o impasse em torno do nome do advogado-geral da União, André Mendonça, o “terrivelmente evangélico” indicado por Bolsonaro quando o ministro Marco Aurélio Mello aposentou-se, em julho. Mendonça tem apoio firme entre alguns dos principais líderes do segmento, e a movimentação do centrão fez explodir a insatisfação.
Faltou combinar com os pastores. Silas Malafaia, um dos prediletos de Bolsonaro, disse que a nomeação para o STF passará pela liderança evangélica antes. “Estão pensando que vão chegar pro presidente com um nome qualquer, mas o presidente vai perguntar pra gente, e vamos dizer ‘não, não reconhecemos esse cara’”, diz.
O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), eleito com apoio da igreja liderada por Malafaia, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, segue seu pastor: “Se reprovarem o André, quem vai dizer outro nome é a liderança evangélica. Não vamos aceitar quem não seja evangélico indicar ninguém ao presidente”.
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Alcolumbre vem evitando marcar a sabatina de Mendonça. Enquanto alguns observadores veem nisso uma represália direta a Bolsonaro, outros enxergam apoio direto do senador à busca de um nome alternativo. Para Bolsonaro, é uma crise a mais em um governo com focos de problemas em praticamente todas as áreas.
Na mais recente pesquisa do Datafolha, o grupo foi um dos únicos no qual Bolsonaro bateria Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa do ano que vem. Na amostra do instituto, 26% dos eleitores são evangélicos. Ao longo deste ano, o presidente perdeu aprovação também entre eles, mas ainda assim tem uma rejeição menor (41%) do que entre a população em geral (53%).
(Com informações da Folha de S. Paulo)