Capital transfere crianças entre hospitais para atender as graves

Crianças estão sendo as mais afetadas pela falta de leitos e cenário exige maior proteção - Foto: Fotos: Nilson Figueiredo
Crianças estão sendo as mais afetadas pela falta de leitos e cenário exige maior proteção - Foto: Fotos: Nilson Figueiredo

Em emergência sanitária, Sesau confirma que sistema está no limite

 

Campo Grande vive uma situação crítica de saúde pública. Com o crescimento expressivo dos casos de síndromes respiratórias, principalmente em crianças, a Prefeitura decretou, neste sábado (26), estado de emergência para enfrentar a sobrecarga da rede hospitalar. Segundo a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, a cidade enfrenta um déficit de 500 leitos hospitalares há mais de uma década, agravado nas últimas semanas pelo aumento da circulação de vírus respiratórios.

De acordo com a titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), cerca de 40 crianças aguardam por internação, sendo 30 residentes na Capital. “Nosso sistema está no limite. Recebemos, neste fim de semana, boletins que mostram o agravamento da situação e, conforme o Boletim Infogripe, o risco de grande circulação de vírus respiratórios nas próximas seis semanas é superior a 95%”, alertou a secretária.

Durante o último fim de semana, equipes da Secretaria de Saúde realizaram remanejamentos de pacientes pediátricos entre hospitais. “Na madrugada de sábado para domingo, conseguimos, com apoio dos hospitais e do SAMU, transferir crianças que estavam em situação menos grave para abrir leitos para aquelas em estado crítico. Foram decisões difíceis, mas absolutamente necessárias para salvar vidas”, relatou a secretária.

Segundo Rosana, a falta de leitos críticos não é recente. “O déficit é crônico, existe há mais de dez anos, mas a situação foi agravada pelo aumento súbito das síndromes respiratórias”, completou.

Foto: Nilson Figueiredo

Decreto de emergência

Apesar da longa espera dos pacientes por atendimento, a secretária municipal de Saúde informou que mais contratações temporárias para reforçar as equipes nos locais estão descartadas neste momento. Decreto que declara situação de emergência por 90 dias na Capital devido ao aumento dos casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e à falta de leitos nos hospitais permite tal ação do poder executivo.

A chefe da pasta pontuou que foram contratados funcionários temporários neste mês e está prorrogando contratos com empresas, ainda conforme o decreto permite, para garantir principalmente a manutenção dos estoques de medicamentos.

Ainda o estado de emergência autoriza ações excepcionais, como o remanejamento de servidores técnicos de áreas administrativas para setores assistenciais, especialmente nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e hospitais.

“O decreto dá autoridade para que o gestor da unidade possa alocar um servidor, como um técnico de enfermagem ou enfermeiro que estava em uma função mais tranquila, para atuar diretamente na assistência. No momento, ainda não foi necessário, mas, se houver necessidade, essa medida será adotada”, explicou a Dra. Rosana Leite.

O decreto de emergência também viabiliza o acesso a recursos federais. “Inserimos a situação no sistema do Ministério da Saúde e do Ministério do Desenvolvimento. Uma equipe federal fará uma avaliação in loco e, possivelmente, receberemos apoio financeiro”, explicou Rosana.

Dificuldades de ampliação

Dra Rosana Leite cita que a Capital contratou médico temporários – Foto: Nilson Figueiredo

Desde o dia 2 de abril, a Prefeitura ativou o COE (Centro de Operações de Emergência em Saúde) para monitorar e gerenciar a crise. Um dos principais focos do COE é buscar a ampliação de leitos, tanto em Campo Grande quanto em outras cidades do Estado. A secretária contou que todos os hospitais públicos e privados da Capital foram oficiados, mas a resposta foi limitada.

“Infelizmente, não conseguimos ampliar leitos de UTI pediátrica e neonatal. Tivemos retorno positivo apenas para leitos de enfermaria adulta, em duas unidades hospitalares. Estamos finalizando essa contratualização com apoio do Governo do Estado”, informou.

O Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Saúde, também está atuando para expandir a oferta de leitos em cidades como Dourados e Três Lagoas. A medida ajudaria a desafogar a enorme lista de internação.

Medidas de prevenção

Contudo, ela destacou que, neste momento, a principal medida de enfrentamento é a conscientização da população. “Estamos em emergência sanitária porque o vírus está circulando intensamente. No entanto, é uma situação que pode ser controlada se a população colaborar, usando máscaras em locais de saúde, intensificando a higiene das mãos e se vacinando”, reforçou.

Liberação de vacinação contra gripe lota unidades de saúde da Capital

Diante do avanço expressivo das síndromes respiratórias e da baixa adesão da campanha de vacinação, a Prefeitura de Campo Grande decidiu liberar a vacinação contra a gripe para toda a população.

Segundo a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, mesmo após a antecipação da campanha, iniciada há mais de um mês, apenas 60 mil pessoas foram vacinadas, entre o público-alvo inicial, composto por crianças de até cinco anos, gestantes e idosos.

“Infelizmente, a adesão foi muito baixa. Com a grande circulação dos vírus respiratórios, pessoas sem comorbidades também podem se infectar e transmitir a doença. Por isso, decidimos ampliar a vacinação para todos”, explicou Rosana.

A secretária garantiu que há doses disponíveis para a população. “Nós temos vacina suficiente. O Ministério da Saúde adquiriu quase 100 milhões de doses para todo o país. Quem quiser se vacinar, pode procurar as USF (Unidades de Saúde da Família)”, afirmou. Ela ainda ressaltou que a imunização demora cerca de 15 dias para fazer efeito, reforçando a importância da vacinação imediata.

Em um dos pontos de vacinação, na USF 26 de Agosto, a gerente Brenda Vittar de Oliveira relatou um movimento intenso já nas primeiras horas de atendimento. “Hoje (28), em apenas uma hora, já vacinamos 100 pessoas. Esperamos atender cerca de 800 pessoas ao longo do dia”, informou. Segundo Brenda, a unidade dispõe de 1.280 doses e seguirá com a vacinação sem pausa no horário de almoço para atender a demanda. “A sala de vacina abre às 7h15 e fecha às 16h45”, destacou.

Para muitos pais, a vacinação é uma prioridade.Bernardo de Melo Teixeira levou os filhos de nove e três anos para se vacinarem. “Eles estão com as vacinas em dia. Agora vão tomar a da gripe e, em breve, também da dengue. A vacinação é fundamental para proteger”, disse.

A secretária Rosana Leite reforçou que, além da vacinação, medidas simples como o uso de máscaras em unidades de saúde e a higiene frequente das mãos são fundamentais para conter a transmissão dos vírus. “Estamos vivendo uma emergência, mas podemos controlar essa situação com a colaboração da população”, concluiu.

 

Inez Nazira

 

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