Em MS, IBGE aponta que em 2010 eram 118 mil residências sem ocupação e, neste ano, 224,9 mil
Os imóveis desocupados em Campo Grande representam 63 vezes o total de pessoas em situação de rua na capital. Os dados do Censo 2022 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que 66.452 domicílios estão sem moradores na capital sul-mato-grossense, o que representa 16,9% do total de residências.
Em contrapartida, o levantamento feito pelo Polos-UFMG (Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua), com base no CadÚnico, mostra que o número estimado de quem está em situação de rua em Campo Grande é de 1.042 pessoas.
Dentre eles, 89,29% são do sexo masculino e 10,71% do sexo feminino. Para a coordenadora da Cufa/CG (Central Única das Favelas de Campo Grande), Letícia Polidoro, este comparativo é complexo. Além de um planejamento urbano requer conhecimento da pluralidade da população de rua que envolve dependentes químicos, população LGBTQIA+, vítimas de violência doméstica, dentre outros. “A gente tem várias moradias, vários terrenos e vários espaços sem ninguém morando em Campo Grande.
Do outro lado, temos um alto índice de pessoas em situação de rua e morando nas favelas. Eu realmente não sei qual a dificuldade de os nossos poderes públicos fazerem a distribuição desses imóveis, dessas casas que estão sendo construídas, de terrenos vazios, para que essas pessoas possam morar. Enquanto isso, elas continuam morando em barracos, sem condições de construir, por mais que se libere um valor, o mesmo não dá para fazer nem o muro da casa. Moramos num Estado super-rico e vemos essa falta de políticas públicas”, desabafou a líder da Cufa em Campo Grande.
Contudo, o cenário tem favorecido as leiloeiras. Segundo consta no site da Leilão Imóvel, “nos últimos 12 meses foram colocados à venda, no site, 1.662 imóveis no MS”. Já os valores variam de R$ 7.787,76 a R$ 73.940.293,00.
Corguinho lidera lista de desocupação
A quantidade de imóveis vazios em Campo Grande aumentou 96% e ganhou destaque na 13º operação censitária, do IBGE 2022, que evidenciou os primeiros resultados sobre a população e domicílios. No entanto, a cidade do Estado com maior percentual de desocupação é Corguinho, com 46,4%, seguido de Jaraguari, 40,3% e Santa Rita do Pardo, 39,6%. Campo Grande apareceu como a 12º maior Capital com percentual de imóveis desocupados.
Já Chapadão do Sul foi o maior município com crescimento de domicílios, aparecendo nas estatísticas com 87,01%, mas o número de imóveis vazios superou toda a pesquisa.
Além disso, foram 150.202 domicílios particulares permanentes vagos, o que também contribuiu com o crescimento de 96,3% em relação ao ano de 2010, quando eram 150.202 domicílios apresentados.
Quando assunto é média de moradores, o Mato Grosso do Sul apresentou crescimento, alcançando 12,6%, mostrando aumentos de sua população desde o primeiro recenseamento feito, que aconteceu em 1840.
O Censo Demográfico 2022 apurou a existência de 1.208.975 unidades domiciliares no Estado, o que representa aumento de 36,7% em comparação a 2010, quando eram 884.036 unidades domiciliares. Porto Murtinho, cidade fronteira com o Paraguai, apareceu como a maior taxa de crescimento geométrico negativo, com -1,43%. Em resumo, foi a única cidade que não alcançou crescimento geométrico algum, mesmo sendo o município que tem sido destaque com a Rota Biocêanica e promessa de portal de negócios do Estado.
Supervisora de Divulgação do IBGE em MS, Elenice Cristaldo Cano ressalta que, enquanto o crescimento populacional no Estado foi de 12%, o aumento de domicílios foi maior. “A gente observa que houve um crescimento muito maior de domicílios do que de pessoas. Além disso, houve a elevação mais acentuada do uso ocasional de domicílios vagos, em que não há morador”, observou.
Invisíveis
O número populacional de moradores em situação de rua é desconhecido na Capital. Não há um estudo ou mapeamento regional de pessoas em situação de rua.
Responsável pelo projeto social, Casa Lar Ação Humanitária, Maura de Morais Pires, 47, fala sobre a falta de um olhar mais humano por parte do poder público. “Toda porta que batemos está fechada e muita vezes perdemos as esperanças. Realizamos um trabalho de formiguinha na região do Anhanduizinho e atendemos cerca de 135 moradores em situação de rua. Sabemos que a quantidade de pessoas nesta condição é bem maior e por isso temos interesse em fazer um mapeamento de todas as regiões da cidade. Existem muitos imóveis da prefeitura desocupados, mas que não são disponibilizados para quem trabalha com pessoas em situação de rua”, lamentou
[Suelen Morales– O ESTADO DE MS]
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