Candidato que morreu em prova da PM já tinha feito testes físicos em outros concursos

Foto: Tendas e cadeira
permanecem próximas
da pista onde
candidatos correm/ Marcos Maluf
Foto: Tendas e cadeira permanecem próximas da pista onde candidatos correm/ Marcos Maluf

Após correr durante o dia mais quente da estação, na quinta-feira (3), quando os termômetros marcaram 33,1°C, Arthur Matheus Martins Rosa, 25, candidato de Goiás ao cargo de soldado da Polícia Militar, precisou ser socorrido durante a etapa de corrida de 2.400 metros no Centro Poliesportivo da Vila Nasser. Além dele, desde o início da semana, outros candidatos chegaram a desmaiar devido às condições climáticas e exaustão física. O corpo de Arthur foi liberado na tarde de ontem (4) e deve ser enviado para Goiânia ainda hoje (5).

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), fica sob responsabilidade do organizador disponibilizar serviço de atendimento móvel particular, pois o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) não faz esse tipo de cobertura.

“Tivemos registros de dois candidatos, a menina e o menino que morreu, os dois foram levados à UPA Coronel Antonino. Os dois deram entrada e passaram mal no mesmo horário. (Arthur) deu entrada 14h14 na UPA, ele deixou a unidade 15h04, saiu intubado até o Pênfigo. A informação é que ele chegou inconsciente e teve como procedimento protocolar a intubação, pois teve parada cardiorrespiratória, foi intubado e estabilizado”, citou a secretaria.

Para esta etapa, de caráter eliminatório, são cobrados exercícios de flexão e extensão de membros superiores na barra fixa; flexão abdominal, carl-up e corrida de 12 minutos. Tudo isso requer um preparo físico anterior. Algo que Arthur já tinha, pois chegou a ser policial penal por um ano na cidade onde morava, até que foi aprovado no concurso da PMMS. Conforme o Dr. Vitor Moreira, especialista em medicina esportiva, na grande maioria dos casos de problemas durante a execução de exercícios físicos, patologias congênitas e até então ignoradas estão entre as principais causas.

“A causa mais comum é cardiopatia congênita e que foi desencadeada no mal súbito pelos fatores de clima, desidratação e provavelmente o esforço máximo para conseguir o tempo da prova. Resta saber se ele já estava treinando com antecedência, pois o ritmo da prova é puxado e deveria treinar com tempo e o descondicionamento pode ser um fator que colabore, mas, mesmo em pessoas treinadas, o mal súbito pode surgir”, explicou.

O jovem apresentou, antes de iniciar o teste físico, o laudo médico assinado por uma profissional de Goiás. Para Dr.Vitor Moreira, a morte deve estar relacionada a problemas de saúde.

Segundo informações repassadas por Lays Rosa, namorada do candidato, a família obteve informações muito superficiais sobre o caso e quando chegou a Campo Grande já foram recebidos com a notícia da morte do jovem. Até a tarde de ontem (4), ela destacou que recebeu apoio do Batalhão da Polícia Militar e da prefeitura da Capital. “Recebemos informações vagas, ontem, sobre o estado de saúde dele e viemos correndo para Campo Grande, mas infelizmente já era tarde”.

O governo do Estado de Mato Grosso do Sul informou que já determinou que sejam tomadas as devidas providências para esclarecer o fato, com o compromisso de apurar as possíveis negligências e responsabilidades. O Idecan (Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cu tural e Assistencial Nacional) responsável pela execução da prova, frisou que a banca ofereceu duas ambulâncias com equipes médicas posicionadas na pista.

Candidatos confirmam dificuldades

Um dos candidatos aprovados para o cargo de policial militar informou que correu por volta das 10h40. Mesmo não tendo permanecido no sol por muito tempo, as condições e horários da aplicação das provas prejudicaram no desempenho. “Na fila, eu e uma galera não ficamos muito tempo no sol. O problema foi o horário da corrida e o local. Estava muito quente, tempo seco e muita poeira. Teve gente que correu depois das 12h”, citou o candidato, que correu na bateria anterior à de Arthur Matheus.

“O pessoal comentou que ele estava comendo uma maçã e ofereceu pra quem estava na fila, ao lado dele”, acrescentou.

Outro candidato aprovado para o cargo de soldado do Corpo de Bombeiros destacou que a Idecan ofereceu apoio.

“Eles deixaram, sim, ir ao banheiro e tomar água, fiz o TAF do bombeiro na terça-feira (1º) e tenho o da PM previsto para o sábado. Desde o momento em que você chega são atenciosos, perguntam quem quer encher as garrafas com água. Única coisa que está demorando é a identificação.”

Por – Michelly Perez 

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