Novembro chegou e vale lembrar que é o mês dedicado à campanha ”Novembro Azul”, que quer conscientizar o homem sobre a importância de cuidar da saúde, principalmente para que a partir dos 45 anos ele comece a fazer o exame de próstata. O câncer de próstata quando descoberto cedo pode ser curado em até 90% dos casos.
Receber o diagnóstico de uma doença grave nunca é fácil; o comerciante Rodrigo da Rocha, de 59 anos, passou pelo susto em 2009. Na época sua saúde não era prioridade. Ele conta que, nos anos 90, seu pai teve a doença e infelizmente não conseguiu vencer o câncer. Quando descobriu que não estava bem, preferiu não contar para todo mundo, na sua família só algumas pessoas sabiam o que estava acontecendo; o motivo? Vergonha!
”Eu não contei para muitas pessoas, porque eu me sentia envergonhado, tinha a questão dos exames que é um tabu, a informação daquela época era menor do que hoje em dia, não tinha tanta informação, ou, pelo menos, a informação não chegava tanto a mim. Sinto que a vida toda fui relapso, eu não tinha o costume de ir no médico, nunca cuidei muito da saúde, precisei fazer cirurgia, quimioterapia, foi aí que eu acordei e percebi que precisava me cuidar, hoje eu me cuido muito mais do que antes”, relata.
Engana-se quem acha que a doença afeta a masculinidade do homem; após o tratamento, Rodrigo conta que não teve problemas e que sua virilidade não foi afetada. ”Não tive nenhum problema depois do tratamento, para nós homens é muito complicado a questão da ereção, por conta da masculinidade, ficar sem poder chegar ao prazer, porque a próstata é muito delicada. Às vezes, os homens podem perder a sensibilidade. No meu caso eu perdi por pouco tempo, por uns seis meses só, mas fui recuperando aos poucos”, expõe.
Receber o apoio, o carinho e o amor da família é muito importante para conseguir vencer essa doença tão cruel. ”Ter a família do lado foi fundamental, por mais que várias pessoas não ficaram sabendo me ajudou muito. Me arrependo de não ter me cuidado antes, eu sempre estive muito preocupado em sustentar minha família, em dar o melhor para os meus filhos, em dar uma vida boa e acabei esquecendo de mim, e minha mulher sempre me cobrou cuidar mais da minha saúde e eu nunca dei atenção porque achei que nunca aconteceria comigo, mas aconteceu. Na hora que você recebe o diagnóstico, parece que é uma sentença de morte, mas, se você se empenhar, se dedicar, preparar o corpo para passar por esse processo, você pode ter chance de vencer, sim”, revela.
Para as pessoas, Rodrigo deixa seu alerta. ”Os homens não precisam ter medo de fazer o exame, é muito tranquilo, a equipe médica é muito bem preparada. Esse medo e o preconceito são bobeira”, finaliza.
O médico urologista e professor do Curso de Medicina da Uniderp Ari Miotto Junior afirma que o diagnóstico precoce evita sofrimento maior, além de aumentar as chances de cura; o tratamento contra a doença não é tão invasivo.
”É importante esclarecer que o exame não possui caráter preventivo, mas sim a finalidade de diagnóstico. Quanto mais cedo o câncer for detectado, as chances de cura também são maiores. Dois exames são essenciais para descobrir se há algo anormal na próstata. Um deles é o de sangue, chamado de PSA, que identifica a quantidade do antígeno prostático específico. O outro é o toque retal, em que o médico analisa o formato, a textura e o tamanho da próstata.”
Pesquisas realizadas pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) mostram que o câncer de próstata é o segundo que mais mata homens no país, ficando atrás apenas do câncer de pele, são cerca de 70 mil casos por ano. De acordo com o urologista, falar sobre o assunto é incentivar os homens a cuidarem da saúde.
Vale ressaltar que a campanha Novembro Azul deve ser uma oportunidade para falar com os homens sobre a importância de cuidar da saúde, não só da próstata. É um momento de incentivar o homem a olhar mais para a própria saúde, despertar a consciência de que é preciso fazer um check-up. A realização de exames pode ajudar a identificar outras doenças”, alerta.
O tratamento, segundo o especialista, está relacionado ao estágio da doença, à idade do paciente e às condições de saúde deste. ”Entre as possibilidades de tratamento estão cirurgia, radioterapia, quimioterapia, ultrassom de alta intensidade e hormonioterapia, mas tudo vai depender da avaliação do médico especialista”, pontua.
O grande problema é que o exame para diagnosticar a doença é cercado de preconceitos e evitado por muitos homens, causando assim graves consequências. O médico comenta que se engana quem acha que o exame de toque retal causa dor, ou até mesmo impotência sexual.
”Muitos pacientes já chegam no consultório com ideias e crenças erradas sob a fase de diagnóstico. Alguns mitos comuns são que o exame de toque retal causa dor, outros mitos que os pacientes possuem são de que o câncer de próstata sempre vai apresentar sintomas e o tratamento causa impotência sexual. Os sintomas do câncer de próstata geralmente aparecem na doença localmente avançada ou quando há metástases”, conclui.
Atualmente com as novas tecnologias e detecção precoce, a possibilidade de disfunção erétil e incontinência urinária tem diminuído substancialmente. Vale lembrar que o exame deve ser anual e será detectado somente com exames de rotina. (Bruna Marques)