Atos extremistas colocam em risco investimentos na economia do Brasil

Invasão congresso
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aplicações no mercado financeiro podem ter impactos

Os atos extremistas ocorridos na tarde do último domingo (9), com a invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF (Supremo Tribunal Federal), colocam em risco a economia do Brasil. O mercado financeiro, apesar de ter encerrado a segunda-feira (9) favorável, pode ser um dos setores impactados. O economista Eugênio Pavão acredita que as manifestações antidemocráticas desse fim de semana colocam em risco a confiança na condução da economia brasileira.

“Investidores internacionais podem ver que o risco da democracia no Brasil é maior que na crise americana e levar seus recursos para outros mercados, elevando o valor do dólar e dificultando a retomada de projetos de infraestrutura, entre outros”, explica Pavão.

Eugênio também relata que agora é esperar a estratégia das instituições afetadas e que os efeitos na economia sejam os menores possíveis. Indagado sobre a Bolsa de Valores, o economista salienta que pouca coisa pode ser fechada no mercado digital, somente a orientação interna.

“Dessa forma, se nada for feito em relação aos apoiadores extremistas a situação da Bolsa de Valores fica preocupante. Porém, já observamos diversas ações políticas e policiais, com pouca expectativa de o movimento crescer e até se manter. Acredito que a economia vai sentir, mas não será afetada fortemente”, finaliza o especialista.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, acredita que a Bolsa pode abrir a semana com novas quedas.

A expectativa de analistas é de queda na Bolsa de Valores ao longo da semana, com várias oscilações no decorrer do ano.

Outros setores

Ainda no domingo, algumas rodovias foram bloqueadas novamente, mas já liberadas. Caso isso volte a acontecer, ocorre o risco de impedir abastecimento nos mercados, elevação de produtos de agronegócio e hortifrútis.

O economista reforça que “a resposta das instituições brasileiras irá ditar o movimento econômico, a ‘reconquista’ do mercado e dos investidores é o principal risco externo, e interno é o retorno dos boicotes nas rodovias com a volta dos bloqueios de estradas. Esses fatos podem fazer retornar uma inflação mais alta e desabastecimento”.

A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) também lamentou o cenário e pediu o “pronto restabelecimento da ordem pública”, com “punição exemplar”.

“Manifestações pacíficas não podem ser confundidas com atos ilegítimos de vândalos que não desejam paz e harmonia”, afirmou, em nota.

Na Capital, o cenário do varejo – comércio e serviços – preocupa os empresários. O presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Campo Grande, Adelaido Vila, disse que é um dos setores mais sensíveis da economia.
“Não importa se é grande, médio ou pequeno. Toda vez que temos um ambiente de instabilidade, imediatamente ele sente os impactos.”

Em 2022, o resultado poderia ser muito mais favorável se tivesse mais estabilidade política. “Somos um estado que recebe forte influência da direita. Durante os últimos meses vimos muitos empresários repensando suas ações e investimentos. Tudo por conta da insegurança política muito alimentada por grupos radicais”, completa.

Em nota, a ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) diz ser contrária a atos extremistas de manifestantes e repudia todo tipo de invasão e depredação, seja em prédios públicos e/ou à propriedade privada.

“Até o momento, a entidade não possui informações sobre a existência de impacto econômico das manifestações ocorridas em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023, nem registrou queixas ou reivindicações de empresários sobre algum possível prejuízo local”, diz parte da nota.

A reportagem entrou em contato com a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) de Mato Grosso do Sul e a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), que não se pronunciaram sobre o assunto.

Agronegócio

O setor do agronegócio foi um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em nota, a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), se posiciona pelo equilíbrio. “A Abag, com a responsabilidade e a preocupação com os fatos ocorridos nesse domingo nas sedes dos três Poderes da República em Brasília, posiciona-se a favor do equilíbrio, a se procurar neste momento tenso”, informou a entidade, em nota.

“É descabida, ilegal e inaceitável a ação de movimentos de invasões e vandalismo, assim como não se deve fazer declarações precipitadas seja pelo setor privado ou o público.”

Em nota, a entidade afirma defender a democracia, assim como “a união e o amor pela pátria”.

A ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) informou que “a maior entidade pecuária do mundo não compactua com práticas que ameacem a ordem e a democracia do país”, e refuta a associação do setor com os atos. “Quanto às menções feitas na tentativa de descredibilizar o agronegócio, a ABCZ reitera que o agro brasileiro é referência e é necessário para a segurança alimentar de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. O agronegócio sério atua em harmonia com a sustentabilidade e não apoia – e, muito menos, estimula – atos de violência, como os registrados nos três Poderes.”

Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS.

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