Artista de Campão faz murais conceituais

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Leonardo Bueno sonha em ter um muro em Campo Grande pintado em homenagem às Drags – outra arte a a qual também se destaca. Muralista, Léo considera seu estilo uma mistura de psicodélico, surreal e com uma pitada de clássico. Aliás, a psicodelia é a manifestação da mente. É um fluxo que o escritor James Joyce utilizava e até hoje (no caso , pela sua descontinuidade, causa estranheza em seus leitores esporádicos. O que também é chamado de Modernismo na literatura.

“Sempre tento retratar um mundo paralelo entre o nosso e um conto de fadas. O primeiro mural que eu fiz foi inspirado nos posters usados na divulgação de shows nos anos 1960 e 1970. Esses posters eram uma releitura da Art Nouveau, que era uma escola artística que apreciava o movimento da natureza e da forma feminina”, explica Léo. Ele também gosto de usar algo recorrente na arte: o nu artístico.  “Presente em obras que retratavam seres mitológicos e na Arte clássica. Mas tudo depende do local em que a obra será feita e da ligação que o cliente terá com ela.  Essa adoração pelo fantástico vem como um escape da realidade em que vivemos”, revela.

 

Para Leo, a pintura trouxe uma forma de expressar sua visão da realidade por meio da observação das cores, formas e ritmo. “Tudo passa pelos meus olhos, mente e mãos até chegar na parede. É um caminho bem difícil, basta manter em mente que com um pincel e tinta é possível criar um mundo com a minha própria narrativa”, destaca. Mas, quando se trata de murais, é mais uma questão de alma para Léo. 

“A pintura de murais parece ter uma magia a mais, já que você usa uma parede, que tem a função de separar, para unir as pessoas em seus questionamentos e contemplação. O que mais me traz satisfação ao terminar uma pintura, é ouvir o que cada um sente ao ver ela, cada pessoa, com sua vivência própria, enxerga algo diferente e único. Então para mim, pintar é algo íntimo, mas ao mesmo tempo universal”, pontua Léo Bueno.

Mais fantasia na vida

Levar um pouco de fantasia à vida das pessoas que vêm e vão às cidades é o objetivo de Léo Bueno. Ele lembra que um dos pensamentos da art nouveau é que nenhum objeto é mundano demais para ser bonito. “Então quando vejo espaços enormes em branco espalhados pela nossa cidade fico pensando que mudança uma pintura traria para as pessoas que passam por ali todo dia: Medo, alegria, admiração, estranheza?”, indaga. 

Os murais são obras para todos e podem ser vistos de muitos ângulos. “Pensar no coletivo de pessoas que posso atingir com obras dessa magnitude me traz força para continuar pintando. E quem sabe  ser inspiração para alguém”, reflete e emenda sobre a necessidade do pintor estar em constante aprendizado e ousadia. “Então já pintei em muitas coisas: roupas, máscaras, calças, pratos, leques, papel muros e até meu rosto”, conta. Estudante de Arquitetura e  Urbanismo, Leonardo Bueno sempre amou arte. 

Quando ele teve que escolher o curso na faculdade, como todo estudante não fazia ideia do que queria cursar. Então, fez um teste vocacional e lá a arquitetura o escolheu. “Ao entrar no curso de arquitetura e urbanismo eu sabia o básico sobre o que um arquiteto fazia, mas não tinha ideia do que o urbanismo era. Porém logo nos primeiros semestres eu comecei a ver que meu curso se tratava de uma arte. Uma arte que todos e todes vivem e experienciam no dia a dia e que muitas vezes não sabem. Aos poucos o curso me deu uma noção para entender esse grande organismo que é uma cidade e de como podemos tornar ela mais interativa e democrática. Meu curso alimentou minha curiosidade sobre expressão artística e no funcionamento das cidades e sem ele eu não teria começado essa jornada”, ressalta Leo.

Início

Léo começou a pintar murais no início de 2020. Seu primeiro experimento foi no próprio quarto. Logo depois pintou a Jurema Bar. Logo iniciou a pandemia e ficoui um bom tempo sem pintar nada, até que surgiu a oportunidade de pintar o Laricas Cultural (uma das suas obras favoritas).

“Logo após eu recebi a proposta de ir para Arraial do Cabo (RJ) para trabalhar em um Hostel LGBTG (O Vale Hostel Bar). Nesse hostel eu me encontrei como artista de diversas maneiras, já que era minha primeira experiência fora do Estado.  Eu comecei com muito receio, mas logo depois eu estava muito à vontade, o que refletiu nas minhas pinturas”, revela Léo.

Lá ele  pintou pela primeira vez em portas. “O que foi surpreendentemente bom e resultou em um convite de outro hostel para trabalho. Sou muito orgulhoso do trabalho que deixei em Arraial e pretendo sempre voltar para fazer mais”, finaliza.

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