Aneel eleva tarifa de bandeiras em 52% e assusta consumidores

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Com alta, conta de luz sobe novamente 

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) reajustou, ontem (29), a tarifa da bandeira vermelha nível 2, que passará de R$ 6,24 para R$ 9,49 por kWh (quilowatt-hora) entre julho e dezembro deste ano -um reajuste de 52%. Na prática, isso significa que, além da incidência da tarifação, o valor dessa cobrança adicional terá impacto nas contas finais que vão chegar aos consumidores.

O receio da conta chegar cara é ainda maior para quem atua em conveniências, onde o consumo de energia é elevado por causa dos aparelhos de refrigeração de bebidas, produto responsável pela maioria das vendas nesses locais.. Gerente da conveniência Toka dos Amigos, José dos Santos afirma que não há alternativa a não ser repassar essa alta aos clientes. 

“Vamos ter que repassar o mínimo possível para compensar, porque as vendas já diminuíram bastante. As empresas que nos abastecem estabelecem margem de 20% de lucro, mas não conseguiremos trabalhar com isso e vamos ter de aumentar uns 5% sobre essa margem”.

De acordo com Santos, as conveniências, bares e pubs da capital ficam reféns dos únicos fornecedores que fazem entregas dos produtos em toda a cidade. Assim, não há opção de vender mais barato porque a fonte de onde se adquire as bebidas, por exemplo, é somente uma. 

Sem possibilidades para compensar a elevação do valor da energia, a saída é economizar. “Em média, o gasto aqui é de R$ 4 mil a R$ 5 mil por mês, com um consumo de três mil kilowatts-hora. E agora, a gente vai ter um impacto muito grande porque consumimos muita energia. Uma opção é desligar os freezers e as máquinas quando a gente não tiver utilizando”, explicou o gerente.

O que se espera para os próximos meses, quando os proprietários sentirem o reajuste, é uma perda de clientes em virtude do repasse da alta, percebido nos preços dos produtos comercializados. Uma última medida das conveniências está sendo o esclarecimento ao consumidor sobre as dificuldades que todos estão passando.

Segundo a Energisa, os valores podem sofrer mais alterações além das decisões tomadas atualmente e que os preços devem ser ainda maiores se houver mudança de faixa de consumo e alíquota de imposto. A empresa disse que o aumento da bandeira tarifária causa um impacto de 5% nas contas de energia elétrica, de modo geral.

Alternativa

O Prof. Dr. Wagner Peron, que é engenheiro eletricista, explica que o baixo volume de chuvas associado ao alto consumo de energia e às vendas de equipamento eletro-eletrônicos impacta no desempenho energético das usinas hidrelétricas. 

“As usinas hidrelétricas dependem fortemente da ação climática. Se não chove, os reservatórios ficam comprometidos. O consumidor é quem sempre sofre e paga o pato. Infelizmente, essa é uma maneira de racionamento de energia, mexer no nosso bolso. Aprendemos a apagar a luz do cômodo que não estamos ou desligar a TV que ninguém está assistindo”, ponderou.

(Felipe Ribeiro)

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