Segundo entidade do setor, aumento pode chegar a 10%
A Ambev anunciou nesta semana que vai aumentar os preços de suas cervejas a partir desta sexta-feira (1º). Segundo a maior cervejaria do país, os reajustes estão em conformidade com a inflação acumulada nos últimos 12 meses, cerca de 10%. A empresa não informou qual será a diferença, mas, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) prevê que seja de 10%. Em Mato Grosso do Sul, muitos esperam uma variação de até 20%.
Como avalia José Curto, proprietário do Bar Portugal, a elevação de preço ocorre em um momento que o setor de bares está recuperando o que foi perdido durante os períodos mais críticos da pandemia no Estado. Segundo ele, o consumo diminuirá nas próximas semanas e os clientes deverão adotar alternativas para continuar consumindo.
“Isso pode prejudicar um pouco as vendas. Já aumentaram o combustível e agora vão aumentar a cerveja, que é justamente algo que tira o estresse do pessoal. As pessoas tomam por causa do calor também. Quando a gente repassar para o cliente, ele vai achar caro e vai diminuir o consumo. De quatro cervejas, vai para duas. Ou vai mudar de bebida ou vai procurar uma cerveja mais barata”, explicou Curto.
O empresário diz ainda que a situação é dramática, pois afetará o comércio. Ele lembrou que esse segmento passou por uma pandemia desafiadora, em que havia horários para abrir e fechar as portas e regras de fechamento que duraram vários dias. José também estima que o preço deva “aumentar em 20% para o consumidor final”, e que o faturamento possa cair em até 30%.
“Nós só poderemos repassar a diferença quando soubermos o valor que eles vão passar para a gente. É melhor aguardar a porcentagem que eles vão falar. O consumidor já deve sentir alterações nos preços na metade de outubro para frente. Ainda tem muito lugar que possui estoque, então tem que esperar”, disse o proprietário do bar.
Rodrigo Hata também é dono de bar na Capital e afirmou que a notícia pegou todos de surpresa. “Para o cenário atual de retomada, essa notícia é uma bomba, pois precisamos faturar para pagar os prejuízos que a pandemia deixou, e isso pode espantar os clientes. Acredito que o aumento será de centavos, em torno de R$ 0,30 a R$ 0,50 por unidade, o que significa R$ 12 em um engradado com 24 unidades de 600 ml”.
Para Vera Brites, proprietária do Vera’s Bar e Choperia, a medida anunciada pela cervejaria não deve mudar muito o ritmo de consumo das pessoas. Ela diz que quando o assunto é bebida alcoólica, o cliente não hesita em pagar pelo produto mesmo que o valor possa sofrer reajustes.
“Quando é bebida, o povo não se importa de pagar. Acho que faz um ano que não aumentam a bebida. Desde que estamos aqui, há um ano, não tivemos e não houve diferença nos preços. Eu até acho justo esse aumento. Se você analisar, o combustível subiu muitas vezes dentro de um ano, a alimentação também. E a bebida estava parada. Não acredito que isso vai desagradar os clientes”, opinou Brites.
Custos altos
Segundo analistas do ramo, um dos motivos que colaboraram para a decisão da Ambev está relacionado aos altos custos de insumos para a produção de bebidas alcoólicas. A pressão sobre os preços das matérias-primas aumentou. E os gastos utilizados com energia também entram na conta, que está mais cara no período atual de escassez hídrica.
A Ambev é responsável pelo comércio de diversas marcas no Brasil, como Brahma, Antarctica, Bohemia, Corona, Budweiser, Skol, Stella Artois, dentre outras. (Texto: Felipe Ribeiro)