População entre 12 e 17 anos pode se voluntariar para realização do projeto
Exames e coleta de sangue começaram a ser realizados ontem (4) em Campo Grande, em voluntários, para testar a eficácia da vacina contra a chikungunya. A pesquisa está sendo desenvolvida em adolescentes voluntários, com idades entre 12 e 17 anos.
A equipe de O Estado acompanhou o primeiro dia do projeto na Capital e conversou com os voluntários, que apesar da pouca idade estão conscientes da importância deste trabalho para a saúde pública. O estudo, que é coordenado pelo Instituto Butantan, já foi realizado em adultos, em outros países, e agora está sendo realizado em adolescentes no Brasil, em dez centros, e o objetivo é o de recrutar 750 adolescentes.
Na Capital estima-se que 200 voluntários passem pela testagem. Coordenador da pesquisa em Campo Grande, o infectologista e pesquisador da Fiocruz Júlio Croda explicou ao O Estado que, antes da testagem da vacina, o adolescente passa por uma espécie de triagem. “Nós vamos fazer o exame físico, eles passarão por uma consulta médica, e por alguns exames para ver se não tem nenhuma contraindicação para receber a vacina. É esse estudo que avalia uma vacina que é o vírus atenuado de chikungunya, nesse caso ele não causa doença, o que é muito parecida com outras vacinas que a gente já utiliza. Na prática, o vírus, que é atenuado, não causa doença, mas gera a resposta imunológica”, afirmou.
Como ainda estão nos primeiros dias, a população não aderiu em sua totalidade à campanha e são poucos voluntários inscritos, mas ainda há tempo pois os testes se estenderão até o mês de novembro, com a expectativa de testar até três pessoas por dia, pois, de acordo com Croda, é necessário controlar o tempo que cada testagem pode levar, não causando assim grandes filas de espera.
O jornal O Estado esteve no hospital-dia, situado dentro do Hospital Universitário da Capital, e conversou com a jovem Yasmin Milaine, 17, que foi a primeira voluntária para a testagem na tarde de ontem (4). Ela contou que já havia passado pela testagem para a vacina contra a dengue e quando foi chamada para esse projeto achou interessante. “Quando me chamaram participar agora eu achei muito importante até e interessante, porque é uma coisa que não é aberto ao público, são algumas pessoas específicas. E como eu participei da outra vez e a equipe foi supercuidadosa, me explicaram tudo direitinho”, disse.
Apesar de estar consciente da importância da sua atitude, outro ponto importante para Yasmin é o de saber que a sua decisão vai ajudar a salvar vidas no futuro. “Porque é uma coisa que atualmente as pessoas tem um certo preconceito com vacina. Então acredito que essa iniciativa, vai ser muito bom pra todo mundo”, destacou.
Questionado, o secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, explicou que o estudo denominado Chikv será conduzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), e também conta com a parceria da SES (Secretaria de Estado de Saúde). Ele afirma ainda que todos os participantes terão acompanhamento por seis meses após a imunização. Um subconjunto será avaliado para viremia, bem como para imunogenicidade, incluindo a persistência de anticorpos por até 12 meses. A vacina se apresenta sob a forma de dose liofilizada.
O que é a chikungunya?
De acordo com o Ministério da Saúde, o vírus chikungunya (CHIKV) foi introduzido no Continente Americano em 2013 e ocasionou uma importante onda epidêmica em diversos países da América Central e ilhas do Caribe. É transmitido pela picada de mosquitos.
No segundo semestre de 2014, o Brasil confirmou, por métodos laboratoriais, a presença da doença nos estados do Amapá e da Bahia. Atualmente, todos os estados registram transmissão desse arbovírus. Esta arbovirose também pode se manifestar de forma atípica e/ou grave, sendo observados óbitos.
Destaca-se que a doença pode evoluir em três fases:
• Febril ou aguda: tem duração de 5 a 14 dias
• Pós-aguda: tem um curso de até 3 meses.
• Crônica: se os sintomas persistirem por mais de 3 meses após o início da doença, considera-se instalada a fase crônica. Em mais de 50% dos casos, a artralgia (dor nas articulações) torna-se crônica, podendo persistir por anos.
Serviço
Para se voluntariar, é necessário ter entre 12 e 17 anos e ter autorização dos pais ou responsáveis legais. Os exames estão acontecendo no hospital-dia, dentro do complexo do Hospital Universitário, a partir das 17h30, mas é preciso se inscrever no site previamente e aguardar ser chamado
Por Camila Farias – Jornal O Estado do MS.
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