Moraes impõe restrições a Silas Malafaia, que reage: “Vai ter que me prender para me calar”

Pastor Silas Malafaia - Foto: divulgação/PT
Pastor Silas Malafaia - Foto: divulgação/PT

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nessa quarta-feira (20) medidas cautelares contra o pastor Silas Malafaia, no inquérito que apura tentativa de obstrução de Justiça relacionada à trama golpista de 2023.

A decisão prevê a apreensão do passaporte e do celular do religioso, a proibição de deixar o país e a restrição de contato com outros investigados, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A Polícia Federal também foi autorizada a cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao pastor.

Segundo a PF, Malafaia teve papel ativo “na definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, bem como no direcionamento de ações coordenadas” com o objetivo de pressionar ministros do STF e influenciar decisões judiciais em favor do grupo investigado.

Mensagens com Bolsonaro

A investigação aponta que Malafaia orientou Jair Bolsonaro a condicionar a suspensão de tarifas impostas pelos Estados Unidos à concessão de anistia para acusados de envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Em mensagens trocadas, o pastor sugeriu que o ex-presidente gravasse vídeos para viralizar nas redes sociais e defendeu a contratação de um profissional de marketing para uma “campanha orquestrada”, com a frase: “Anistia para todos! O Brasil da liberdade não será taxado.”

Bolsonaro, segundo o relatório, chegou a responder que vinha conversando com aliados para condicionar negociações internacionais à aprovação da anistia.

Para Moraes, Malafaia atuou como “orientador e auxiliar” nas tentativas de obstrução da Justiça promovidas por Bolsonaro, exercendo papel de liderança nas ações investigadas.

Reação de Malafaia

Ao ser abordado por jornalistas no aeroporto do Rio de Janeiro, Malafaia reagiu duramente à decisão. Ele chamou Moraes de “criminoso”, classificou a medida como “vergonha” e disse que não vai se calar.

“Estamos diante de um criminoso chamado Alexandre de Moraes, que eu vejo denunciando há quatro anos em mais de 50 vídeos. Onde você é proibido de conversar com alguém? Que democracia é essa? Apreender meu passaporte? Eu não sou bandido. Apreenderam meu telefone. Isso é uma vergonha. Não vou me calar, vai ter que me prender pra me calar”, afirmou o pastor.

Até o momento, a defesa do religioso não se manifestou oficialmente.

Críticas a Eduardo Bolsonaro

As conversas analisadas pela PF também revelaram desavenças entre Malafaia e Eduardo Bolsonaro. O pastor criticou duramente a postura do deputado sobre as tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump.

“Esse seu filho Eduardo é um babaca inexperiente que está dando a Lula e à esquerda o discurso nacionalista e, ao mesmo tempo, ‘te ferrando’. Um estúpido de marca maior”, escreveu Malafaia em mensagem a Bolsonaro.

Ele ainda acrescentou: “Estou indignado! Só não faço um vídeo e arrebento com ele por consideração a você. Não sei se vou ter paciência de ficar calado se esse idiota falar mais alguma asneira.”

Contexto internacional

A taxa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelos Estados Unidos entrou em vigor em agosto. Em carta enviada a Brasília, o então presidente norte-americano Donald Trump justificou a medida como forma de “corrigir injustiças do sistema comercial” e associou a decisão ao que chamou de “perseguição política contra Bolsonaro”.

Trump classificou o julgamento do ex-presidente por tentativa de golpe como uma “caça às bruxas”, defendendo o fim imediato do processo. Moraes, relator do caso no STF, chegou a ser alvo de sanções econômicas impostas por Washington, sob a justificativa de “prisões arbitrárias” e “restrições à liberdade de expressão”.

 

Com informações do SBT News

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

 

Leia mais

PF indicia Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro por articulação internacional de sanções contra autoridades brasileiras

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *