O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU afirmou nesta sexta-feira (28) que o Irã está se recusando a liberar os corpos de alguns dos manifestantes mortos durante a onda de protestos que se espalharam pelo país após a morte de Mahsa Amini.
Ravina Shamsdasani, porta-voz do órgão da ONU, acrescentou que há relatos de perseguições e maus tratos direcionados as famílias dos mortos e que eles estariam sendo impedidos de celebrar os funerais e de falar com a imprensa para conseguirem que os corpos sejam devolvidos. Também foi revelado que presos estariam sendo transferidos dos hospitais para centros de detenção, onde são impedidos de receber tratamento médico.
Já o relator especial da ONU pelos direitos humanos, Javaid Rehman, pediu a criação de um “mecanismo internacional” de investigação da repressão aos protestos no Irã. ONGs apontam que cerca de 250 pessoas foram vítimas da repressão da polícia nos atos até agora, e que outras milhares foram presas.
Na quarta-feira (26) desta semana, forças de segurança iranianas já haviam feito disparos com armas de fogo contra a multidão de manifestantes, em Saqez, no Curdistão, cidade em que Amini nasceu, foi enterrada e onde cerca de 10 mil pessoas se reuniram no memorial destinado à jovem para prestar homenagens.
Sobre o caso de Mahsa Amini
Os protestos se espalharam pelas 31 províncias do Irã, após Mahsa Amini falecer no dia 16 de setembro, depois de ter sido detida pela polícia da moralidade por não estar usando o hijab, tradicional véu islâmico utilizado para cobrir o cabelo. Durante o período em que ficou presa, a jovem precisou ser internada e veio a óbito, após ficar três dias em coma.
As autoridades de Teerã afirmaram na época que a jovem teria tido um ataque cardíaco, após ser levada à delegacia para ser “convencida e educada”. Familiares da vítima negam que Amini sofria de algum problema cardíaco.
Após a divulgação da sua morte, manifestantes e a família de Mahsa acusaram a polícia de terem espancado a mulher e provocado a sua morte e com isso, começaram os protestos que estão sendo atualmente repreendidos.
A polícia da moralidade, responsável por fiscalizar o uso do véu por mulheres no Irã, que é obrigatório, já vem sendo criticada pelas suas intervenções violentas. O código de vestuário está em vigor no país desde a revolução islâmica, em 1979, onde as mulheres começaram a ser obrigadas a cobrir o cabelo com o véu e usar roupas largas para encobrir o formato de seus corpos. Aquelas que descumprirem a norma enfrentam repreensões públicas, multas e até mesmo a prisão.
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