Com a morte de Francisco, Igreja Católica entra em período de transição e se prepara para escolher seu novo líder; Brasil é o terceiro país com mais cardeais eleitores
A morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21) deu início ao chamado período de sede vacante na Igreja Católica — expressão em latim que significa “cadeira vazia” e se refere à ausência do papa no comando do Vaticano. Nesse intervalo, que dura até a escolha do novo pontífice, os cardeais da Igreja são convocados para um conclave, o processo reservado e solene que define quem será o próximo sucessor de Francisco.
O Brasil terá um papel de destaque nesse momento decisivo. Sete cardeais brasileiros têm direito a voto e também podem ser eleitos papa. O número coloca o país como o terceiro com mais representantes no conclave, atrás apenas da Itália e dos Estados Unidos.
O conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte do papa. Ele acontece na Capela Sistina, no Vaticano, e reúne todos os cardeais com menos de 80 anos — idade limite para participar da votação, conforme definido pela constituição apostólica Universi Dominici Gregis. Durante o processo, os cardeais ficam completamente isolados, sem acesso a celulares, imprensa ou comunicação externa
A cada dia, são realizadas até quatro votações (duas pela manhã e duas à tarde). Para que um nome seja eleito, é necessário que ele obtenha ao menos dois terços dos votos. As cédulas são queimadas ao fim de cada rodada: a fumaça preta que sai da chaminé indica que ninguém foi escolhido; a branca, que um novo papa foi eleito. Ao final, o escolhido é questionado se aceita o cargo e, em caso afirmativo, escolhe um nome papal. A tradicional frase “Habemus Papam” (Temos um papa) é então proclamada.
Conheça os sete cardeais brasileiros que estarão no conclave:
- Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, é uma figura influente no episcopado e já foi citado como “papável” em ocasiões anteriores.
- Dom Sérgio da Rocha, atual arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, tem perfil diplomático e atuação destacada na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
- Dom João Braz de Aviz, que já chefiou um dos principais dicastérios no Vaticano, tem boa articulação internacional.
- Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da Amazônia, tem ganhado visibilidade com sua atuação em temas ambientais.
- Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, é um dos mais jovens do grupo e tem formação acadêmica sólida.
- Dom Orani João Tempesta, do Rio de Janeiro, já sediou eventos globais da Igreja, como a Jornada Mundial da Juventude em 2013.
- Dom José Tolentino de Mendonça, embora português de nascimento, mantém laços estreitos com o Brasil e atua no Vaticano como prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.
Apesar de historicamente o papado se concentrar na Europa, especialmente entre italianos, o cenário atual é mais aberto e imprevisível. A forte presença brasileira poderá ter influência nos bastidores, seja na formação de alianças, seja na definição do perfil desejado para o novo papa.
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