O ataque a um hospital na cidade de Gaza, a mais populosa da faixa homônima, deixou ao menos 500 pessoas mortas nesta terça (17), segundo o Ministério da Saúde local. O episódio se desenha como o mais mortal na região desde o início da atual guerra no Oriente Médio.
Membros da pasta acusam Israel de direcionar o ataque aéreo ao hospital al-Ahli Arab, conhecido como Al-Ma-amadani. “O hospital abrigava centenas de doentes e feridos, além de pessoas forçadas a deixar suas casas devido a ataques israelenses”, disse o ministério.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), por sua vez, atribuíram o ataque à facção Jihad Islâmico e dizem que hospitais não são seus alvos. “De acordo com informações de inteligência, o Jihad Islâmico é responsável pelo disparo fracassado do foguete que atingiu o hospital”, diz uma nota.
No X, ex-Twitter, a Defesa afirmou que “uma barragem de foguetes inimigos” estava em direção a Israel e passou pelas proximidades do hospital atingido.
Se confirmados os números de vítimas e a origem do ataque, este seria o ataque aéreo de Israel mais mortal na região desde ao menos 2008. Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, que governa a Cisjordânia, declarou três dias de luto oficial pelas vítimas.
A ministra da Saúde de Gaza, Mai Al-Kaila, chamou o ataque de “a mais terrível matança contra o povo palestino” cometido pela “ocupação” -referindo-se à ocupação israelense dos territórios palestinos. “A ocupação cometeu um massacre, quebrou todas as normas e leis humanitárias”, disse ela.
Ela pediu à ONU e à comunidade internacional que “salvem os palestinos desta aniquilação em massa”.
Em relatos nas redes sociais, a pasta da Saúde afirma que a maioria dos mortos é formada por mulheres e crianças, mas não detalha os números do ataque que descreve como um “massacre”.
Mais cedo, o ministério já havia afirmado que centros hospitalares como o de Ahli Arab estavam entrando em fase de colapso devido às constantes quedas de energia elétrica e a falta de combustível -desde o início da guerra, Israel acirrou o bloqueio que mantém contra Gaza desde 2007.
Novo vídeo mostra lançamento de foguete durante a destruição do Hospital Batista, vídeo mostra um lançamento fracassado do Hamas que caiu no hospital al-Mammadani em Gaza.
A segunda explosão parece ter ocorrido no hospital. pic.twitter.com/pXB0UvCl8k
— Tancredo Eduardo (@tancredoeduardo) October 17, 2023
Autoridades ligadas aos territórios palestinos ocupados já têm acusado Tel Aviv de crimes de guerra. Segundo as Convenções de Genebra, atos que são proibidos em conflitos armados -e, portanto, considerados crimes de guerra- incluem ataques intencionais contra a população civil e contra edifícios hospitalares.
Neste sentido, também é crime manter civis reféns -o que o grupo terrorista Hamas tem feito desde o último dia 7, quando sequestrou ao menos 200 pessoas em território israelense.
Fundado em 1882, o Ahli Arab é o hospital mais antigo de Gaza, segundo informações de seu próprio site. O nome, em árabe, significa “hospital do povo árabe”. Estima-se que, a cada ano, cerca de 45 mil pessoas sejam atendidas no local.
O prédio já havia sido alvo de outros ataques ao longo destes 11 dias de guerra. A cidade de Gaza, onde está localizado, fica na porção norte da faixa de terra homônima -a que Tel Aviv insta desde a última sexta (13) a ser esvaziada, indicando que fará uma invasão por terra.
A direção do hospital relatou que, no sábado (14), foguetes israelenses atingiram a ala de diagnóstico de câncer do local, danificando equipamentos de ultrassonografia e mamografia. Na ocasião, ao menos quatro funcionários teriam ficado feridos.
Autoridades de diversos países se manifestaram. O Egito, fronteiriço com Gaza, culpou Israel. A chancelaria egípcia disse que o ataque foi “uma séria violação da lei internacional e dos valores mais básicos da humanidade”. “Instamos Israel a parar imediatamente suas políticas de punição coletiva dos palestinos de Gaza”, diz uma nota.
Com informações da Folhapress