Nesta segunda (15), é completado um ano desde que o Talibã retomou o poder de Cabul, a capital do Afeganistão. Essa retomada aconteceu após a retirada das últimas tropas dos EUA do país e foi marcada por diversos retrocessos e pelo sentimento de medo em grande parcela da população.
Quando voltou ao poder, o Talibã anunciou diversas promessas, que foram não cumpridas durante esse tempo. Baseado nisso, O Estado Online decidiu separar três promessas para exemplificar o momento em que a população do Afeganistão vive.
Mulheres
Após esse um ano, as mulheres afegãs veem seus direitos sendo minados. Atualmente elas são obrigadas a cobrir totalmente o corpo em público, desde os pés até a cabeça. Se essa regra não for seguida, o homem mais próximo dessa mulher pode ser preso ou demito de cargos públicos.
Elas também não podem embarcar em aviões sem a companhia de um homem, que deve ser seu marido ou parente próximo. Além de ter que conviver com a forte recomendação de não saírem de casa, apenas em casos necessários.
As mulheres também tiveram as suas atuações em diversos setores restringidas. O relatório da Anistia Internacional comentou que “a política do Talibã parece ser que eles só permitirão que mulheres que não podem ser substituídas por homens continuem trabalhando.”
As que protestaram contra as proibições e políticas impostas pelo Talibã foram perseguidas, ameaçadas, presas e até torturadas.
Garotas e o ensino médio
Jovens meninas também estão enfrentando uma imensa barreira para estudar. Garotas que estão no período do ensino fundamental ainda podem frequentar as escolas, mas em classes segregadas dos garotos.
Porém, as alunas do ensino médio foram privadas da possibilidade de estudar. Em março, o Ministério da Educação anunciou que as escolas seriam abertas para todos, inclusive para as jovens. Mas um dia após, o anuncio foi revertido e a permissão anulada.
O ministério chegou a informar que esse acontecimento era pela falta de professores e problemas com os uniformes escolares e que voltaria a abrir as escolas para as meninas assim que um plano fosse elaborado de acordo com a “lei islâmica e a cultura afegã”. Porém, nada mudou.
Jornalistas e represálias
Foi afirmado para a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que jornalistas não sofreriam represálias ou ameaças. Além de que a mídia teria liberdade de imprensa e que o Talibã seria imparcial, desde que não tivesse interferências na “estrutura cultural” do regime.
Porém, desde o período da retomada de poder, houve uma grande queda em números envolvendo jornalistas. Em julho de 2021, redações somavam mais de 10 mil funcionários. Em dezembro, o número caiu para um pouco mais de 4 mil, segundo um relatório da RSF.
Em levantamento pelo Anju e IFJ, cerca de 318 meios de comunicação nacionais foram encerrados desde que o Talibã retomou o poder. O porta-voz do regime, Zabihullah Mujahid, afirmou porém, que essa queda foi motivada pela falta de financiamento e não por alguma obrigação imposta por eles.
Mas em março, o Talibã bloqueou diversas transmissões de mídias internacionais. Um mês depois, vários jornalistas foram presos, levando a ONU (Organização das Nações Unidas) pedirem para que as prisões arbitrarias de jornalistas parassem.
Leia mais: Talibã endurece código de conduta e proíbe mulheres de viajarem sozinhas no Afeganistão
Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.