Renato Gaúcho adota modo imprevisível no Flamengo

Reprodução/CRF
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Em mesmo jogo, time sofre, dá chutão e faz gol após criação coletiva

Com pouco mais de dois meses, estreou no comando do Rubro-Negro em 14 de julho, Renato Gaúcho parece ter institucionalizado a marca da imprevisibilidade ao time do Flamengo. Os dois jogos das semifinais da Libertadores da América, vitórias por 2 a 0 sobre o Barcelona de Guayaquil-EQU, evidenciaram um estilo de jogo que é capaz de unir uma defesa que dá muitas chances de finalização ao adversário, chutões e passes desconexos na transição, com rompantes de estilo e arte que lembram a equipe que, por vezes, encantou o torcedor na era Jorge Jesus, e em algumas oportunidades foi vista com Domenèc Torrent e Rogério Ceni.

Diante do adversário equatoriano, o Flamengo permitiu 30 finalizações na meta defendida por Diego Alves, principal destaque na semi ao lado de Bruno Henrique. O goleiro foi o responsável por segurar o zero no placar do Barcelona, aliado à incompetência dos atacantes do Barcelona. Tanto no Maracanã como no Monumental de Guayaquil, mesmo em vantagem, pouco se viu daquele time que marcava sob pressão e perseguia o gol durante a partida inteira.

Renato Gaúcho aos poucos desmonta a característica que marcou o Fla de 2019 e de 2020: a posse de bola e jogar no campo do oponente. Prefere atrair o adversário em seu campo e sair no contra-ataque. E, mesmo sem agradar a parte da torcida, seu método deu resultados até o momento.

Porém, em meio a chutes desgovernados, espaços na defesa e passes longos, o Rubro-Negro é capaz de fazer um gol, o segundo na vitória de quarta-feira (29), com a participação dos 11 jogadores flamenguistas. Fruto do DNA coletivo deixado por Jorge Jesus? Talvez.

Fato é que, até o dia 27 de novembro, Renato Gaúcho terá tempo para convencer seus detratores que, além de bom de papo, é um técnico taticamente capaz de minimizar os sustos e o trabalho da retaguarda capitaneada por Diego Alves. Ou, manter a aposta na “bagunça organizada” que o levou para mais uma final de Libertadores.

Vale lembrar que, do outro lado, Abel Ferreira já deve estar a pensar com seu caderninho de anotações. O pragmático técnico do Palmeiras, que defende o título continental, tem muitos defeitos, com certeza. Entretanto, possui uma qualidade inegável: estuda muito os adversários. O badalado Atlético Mineiro, de Cuca, que o diga.

O português do Alviverde paulistano certamente inicia a preparação com uma carta na manga para motivar, se é que isso é preciso dado o tamanho do compromisso, seu grupo de jogadores: voltar a vencer o rival depois de nove confrontos. Nem que seja nos pênaltis. Até a decisão, em uma tarde de sábado, no Uruguai, muita coisa vai rolar. Que a bola seja bem tratada no gramado do Centenário de Montevidéu. Material humano há dos dois lados.

(Texto: Luciano Shakihama)

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