Média de público não chega a 500 por partida no torneio local
A fase final do Sul-Mato-Grossense expõe desafios financeiros para os clubes. De acordo com os borderôs divulgados no site da federação estadual, desde a primeira fase, que começou em 18 de janeiro, o campeonato registra média geral de 434 torcedores por jogo, com média, sem descontos, de R$5.394,89, por partida.
A pior rodada foi a segunda, com média de 146 torcedores e arrecadação bruta de R$1.966 por jogo. Já a rodada mais rentável foi a quarta, que teve média de 782 torcedores e arrecadação bruta de R$6.491. Os jogos das quartas de final trouxeram melhora no público, com média de 903 torcedores e arrecadação média de R$9.134,38 por jogo. No último fim de semana, o jogo de ida da semifinal, com partidas entre Águia Negra x Ivinhema e Operário x Portuguesa/Pantanal, também mostrou crescimento, com média de 756 torcedores e arrecadação bruta de R$13.900.
– Déficit e clubes no vermelho
Com menos de 500 torcedores presentes por jogo, a baixa adesão do público e as despesas fixas com custos operacionais pesam na receita. Clubes já eliminados como Coxim e Costa Rica, por exemplo, encerraram suas participações com saldo negativo de R$4.217,60 e R$4.891,82, respectivamente.
Entre os semifinalistas, o Águia Negra tem a melhor média de público, com 1050 torcedores por jogo, seguido por Operário, com 787 e Ivinhema, 734. A Portuguesa/Pantanal, que disputa uma vaga na final, tem a pior média entre os quatro classificados, com apenas 393 torcedores por jogo. Quanto a média de arrecadação por jogo, Águia Negra também lidera com R$10.171,50, seguido por Operário, com R$ 9.376 e Ivinhema com $5.970,00. Pantanal segue na lanterna com saldo negativo de R$2.629,07.
A arrecadação total do Estadual até o momento é de R$242.720,00, mas a distribuição desse montante evidencia uma desigualdade entre os participantes. O Águia Negra lidera os lucros, acumulando R$25 mil, enquanto a Portuguesa/Pantanal registra o maior prejuízo, com déficit de R$13 mil. Essa discrepância se deve não apenas ao desempenho esportivo, mas também à capacidade de atrair torcedores, valores dos ingressos, gratuidades e à estrutura dos estádios.
– ‘Moreninhas é longe’, diz Operário
-O presidente do Operário, Nelson Antonio, explica que um dos principais problemas para atrair público é a localização do Estádio Jacques da Luz, em Campo Grande. “A distância do estádio em relação ao centro e a outros bairros, principalmente na região norte da cidade, tem dificultado a ida do torcedor”, afirma. Ele também destaca a concorrência com outros torneios. “No domingo passado, tivemos menos de 700 pessoas no estádio porque havia finais de campeonato em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. As pessoas preferem ficar no conforto de casa assistindo a um grande jogo e deixam o futebol do Mato Grosso do Sul de lado.”
Para minimizar o problema, o clube tem investido em estratégias de marketing. “Estamos usando redes sociais, venda antecipada de ingressos e carros de som na região das Moreninhas para divulgar os jogos. Isso tem surtido um resultado razoável”, afirma Nelson. No entanto, ele ressalta que a ausência de um estádio mais bem localizado continua sendo um obstáculo.
No Águia Negra, o impacto das despesas depende diretamente da campanha do time. “Nosso público aumenta conforme vamos conseguindo melhores resultados na competição, somados a muita publicação nas redes sociais e propaganda visual”, explica Iliê Vidal, presidente do clube.
Os custos operacionais são um dos principais entraves para a saúde financeira dos clubes. Além dos gastos com segurança, gandulas, brigada de incêndio e sonorização, há despesas fixas que reduzem significativamente a receita líquida. A Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul retém 5% da arrecadação bruta, enquanto o INSS leva outros 5%. Também há custos obrigatórios com seguro arbitragem e seguro torcedor, que encarecem ainda mais a realização dos jogos. O impacto dessas deduções fica evidente quando se analisam partidas como Coxim x Ivinhema, pela sexta rodada, com apenas 65 ingressos vendidos a R$10 e 35 ingressos gratuitos, e deixou o clube no prejuízo. A arrecadação foi de R$650, mas as despesas chegaram a R$1.150, ou seja, R$500,00 de prejuízo. Outro exemplo aconteceu na oitava rodada, quando a Portuguesa recebeu o Águia Negra. Com 59 ingressos vendidos a 20 e 10 reais, e 265 gratuidades, a arrecadação chegou a $1.040,00. Com um total de R$4.386,48 de despesas, a renda final do jogo foi de $3.346,48 negativos.
Outro fator que limita a arrecadação é a capacidade dos estádios por questão de segurança. O Jacques da Luz, em Campo Grande, pode receber até 3.500 torcedores, mas raramente ultrapassa 600 ingressos vendidos nos jogos de Operário e Portuguesa/Pantanal. No Saraivão, em Ivinhema, o limite é de 4.600 torcedores, mas apenas 1.300 ingressos costumam ser colocados à venda.
Decisão promete ‘arquibancadas cheias’
Com as semifinais em andamento, os clubes esperam um aumento significativo na venda de ingressos para evitar prejuízos ainda maiores. A Portuguesa/Pantanal recebe o Operário neste sábado (22), às 16h, no Jacques da Luz, e colocou mil ingressos à venda, sendo 200 destinados à torcida visitante.
O técnico da Lusa, Glauber Caldas, destaca a importância do apoio da torcida no confronto decisivo. “É claro que ajuda demais e contamos com o apoio para chegarmos no nosso grande objetivo. É o jogo mais importante da história do clube até agora e sabemos que toda ajuda para chegar no nosso objetivo é muito bem-vinda”, afirmou.

Na Capital, torcida operariana ‘salva’ média de público – Foto: Anderson Ramos Lino – OFC
Já no domingo (23), às 17h, o Ivinhema enfrenta o Águia Negra no Saraivão, com 1.300 ingressos disponíveis, sendo 50 para visitantes. O diretor de esportes do clube, Alex Cruz, prevê uma atmosfera diferente no estádio. “O estádio vai estar bem mais cheio do que os outros jogos. A cidade está eufórica com essa primeira fase da competição, classificados em primeiro, e eu tenho certeza que o apoio deles vai ser de muita valia”.
No entanto, mesmo com estádios mais cheios, a maioria dos clubes dificilmente escapará do prejuízo. Questionados pela reportagem, dirigentes de Ivinhema e Portuguesa/Pantanal – mandantes dos jogos de volta das semis -não responderam sobre os motivos da baixa arrecadação e público.
Por Mellissa Ramos
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