Protocolos para aulas terão cuidados especiais para Educaçã Física

Se o retorno das aulas nas salas das escolas é visto com bastante cautela, as atividades de Educação Física no ensino municipal, em Campo Grande, e estadual, seguem em nível elevado de preocupação. Até o fechamento desta reportagem a capital sul-mato-grossense registrava 902 casos confirmados e oito óbitos. Antes de começar o mês de junho, os infectados não chegavam a 300, de acordo com o boletim epidemiológico da cidade de 774 mil habitantes. Ou uma pessoa com COVID-19 a cada 858 habitantes.

“Nem quando voltar (as aulas presenciais) vai ter contato físico por enquanto. De modo virtual tem Educação Física, não tem treinamento”, disse a secretaria de Educação, Maria Cecília Amêndola da Motta, à reportagem, por telefone. São pelo menos 385 escolas estaduais que, desde março, estão com as portas fechadas por causa do risco de contágio pelo novo coronavírus.

Segundo ela, não há previsão de retomada das aulas. “Vai depender da (Secretaria) da Saúde”, afirmou em entrevista na tarde de quarta-feira (17). Um protocolo de biossegurança para as aulas – incluso as de educação física – está em fase de elaboração. “Está nos finalmente. Estamos fechando hoje (quarta-feira) os termos do protocolo”, disse a secretária. O Marcelo (Miranda, da Fundesporte) está nos ajudando a escrever como seriam (as aulas). Vão ser aulas de jogos sem contato físico, vamos caminhar por esse lado”, explica Maria Cecília.

“Enquanto não há um tratamento eficaz, todo e qualquer tipo de aglomeração tem de ser combatida. Isto faz parte de todos os protocolos”, falou o diretor-presidente da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul), na quarta-feira, por mensagem de voz. “Nós estamos trabalhando desde março nesses protocolos em biossegurança. Tanto para retomada de educação física, treinamentos e retomada dos eventos esportivos da Fundesporte”, acrescenta Miranda.

“Já fizemos um protocolo que foi aceito pela prefeitura (de Campo Grande) para a reabertura das academias. Um protocolo que é referência a nível nacional de segurança. E, já estamos fechando esses protocolos tanto da educação física, escolar, como a dos eventos”, argumenta Marcelo Miranda.

Rede municipal mantém aulas online e segue sem data de retorno

Procurada pela reportagem, a Semed (Secretaria Municipal de Educação) de Campo Grande informou por meio de nota que, “as questões relacionadas a rede particular devem ser respondidas pelos representantes do setor, já que a Secretaria Municipal de Educação é responsável apenas pelas unidades escolares pertencentes à Rede Municipal de Ensino.”

São pelo menos 100 mil estudantes distribuídos em escolas administradas pelo município. “Ainda não há previsão de retorno das aulas presenciais nem das de Educação Física, haja visto que é necessário elaborar um projeto de biossegurança para tal, o que ainda não foi elaborado”, reitera a nota.

“Quando este documento for criado, deverão ser observadas uma série de fatores, como a garantia do distanciamento social entre alunos e funcionários, além de questões relacionadas a higienização do espaço”, cita outro trecho da publicação.

Desde o mês de março, as aulas presenciais de Educação Física na Reme (Rede Municipal de Ensino) encontram-se paralisadas. Elas foram substituídas por dicas de exercícios, brincadeiras e ‘desafios’ propostos pelos professores e enviados por aplicativos ou transmissão por meio da internet.

Já o diretor-presidente da Funesp (Fundação Municipal de Esportes) endossa a equipe da biossegurança. “O que mais me preocupa na retomada das atividades de todos os setores é o não respeito às regras de biossegurança definas para a retomada das mesmas”, respondeu à reportagem em mensagem enviada na quarta-feira (17).

“Penso que se tomadas todas as medidas de biossegurança que estão sendo propostas para a retomada dessa atividade podemos, de forma gradual e sempre monitorando de perto os resultados, retomar essa atividade”, completa. (Com soporesportes.com.br)

Retomada na particular em julho preocupa secretária

Em Campo Grande, são pelo menos 200 escolas da rede particular. O sindicato que representa as escolas privadas anunciou semana passada que pretende reiniciar as aulas presenciais no próximo dia 1º.

“O governo orienta que acompanhem o Estado. Agora, as escolas particulares têm autonomia. Eu acho que a gente só pode voltar às aulas quando a Secretaria de Saúde liberar. É uma questão de saúde, não de educação. Uma questão de segurança do indivíduo”, opinou Maria Cecília Amêndola da Motta. A secretária deixa claro que o poder público não tem autoridade sobre os colégios particulares.

Questionada se acredita que a situação do coronavírus estará controlada daqui a duas semanas como esperam os responsáveis pelas escolas particulares de Campo Grande, a secretária de Educação pediu para ser procurada depois deste período para uma melhor atualização por parte do Estado, mas não demonstrou otimismo. “Eu acho que a gente não volta em julho. Pelo que estou vendo, o cenário que vocês também estão vendo na mídia, nos relatórios do secretário de saúde que as coisas não estão melhorando, pelo contrário, então tem de aguardar”, completou Maria Cecília.

Marcelo Miranda atenta para a necessidade dos protocolos de biossegurança. “Existem muitas famílias que não conseguem retomar uma tentativa de normalidade se não tiver aonde deixar os filhos. Porém, entendo que devemos estabelecer protocolos extremamente rígidos para que a gente não tenha risco de contágio”, analisa.

“Afinal, em que pese as crianças serem menos acometidas pela COVID, podem ser vetores de transmissão significativas. Eu sou a favor, acho que a gente precisa buscar a retomada das atividades em todas as áreas e na escola não é diferente. Porém, precisamos estabelecer protocolos extremamente rígidos de biossegurança”, completa o diretor-presidente presidente da Fundesporte.

“Os números têm indicado que esse período de junho é de extrema preocupação”, analisa o dirigente.
“Acredito que a gente deva pensar na retomada das aulas presenciais nas escolas particulares, mas temos de aguardar o momento adequado e quem deveria dar esse ‘start’ aí seria a Secretaria de Estado de Educação (SED). Acho que tem de ter o aval para que possa ser retomada toda e qualquer atividade, considerando a situação de cada região”, argumenta Marcelo Miranda.

“Porém, a gente já tem de trabalhar esse protocolo de segurança para o momento em que for possível, seja em julho, seja em agosto, a gente possa retornar com extrema segurança. Uma coisa é certa, a gente não vai se livrar da possibilidade do contágio do vírus tão cedo. Enquanto não sair a vacina, não tiver um tratamento eficiente, esse vírus vai estar aterrorizando a gente. A gente vai sair do pico de contágio, mas o vírus vai continuar existindo, com as suas complicações”.

Educação Física é uma das disciplinas mais impactadas, diz Miranda

O risco de contágio por meio do contato físico é um dos principais desafios para os educadores na retomada das aulas dentro dos colégios. “Na plataforma que foi disponibilizada pela rede estadual existe educação física, sim. Porém, a gente sabe que em função dos métodos, dos objetivos, das aulas de educação física escolar, não tenho dúvida de que é a disciplina que mais vai ser prejudicada por essa questão do distanciamento social”, comenta o dirigente da Fundesporte.

“Isso nos preocupa muito, por isso que a gente tem trabalhado junto com a Secretaria de Educação na elaboração desses protocolos de biossegurança para o retorno imediato das aulas de educação física escolar para assim que as aulas puderem ser retomadas. Enquanto isso não acontece, nós estamos acompanhando esse programada da Secretaria e temos gravados vários vídeos com resgate de brincadeiras tradicionais com algumas atividades físicas que vão ser transmitidas aos alunos”, acrescenta Miranda.

(Texto: Luciano Shakihama)

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