Prefeitura de São Paulo flexibiliza uso de máscaras na São Silvestre

92ª Corrida Internacional de São Silvestre, na Avenida Paulista, região central.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

PATRICIA PAMPLONA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As máscaras continuam obrigatórias em lugares públicos na cidade de São Paulo. Menos para quem for correr a São Silvestre, no dia 31 de dezembro, ou outras provas do tipo na capital paulista. A mais tradicional corrida do Brasil, que volta às ruas paulistanas após ter sido adiada no ano passado devido à pandemia de COVID-19, vai exigir o item apenas na arena onde os participantes ficam reunidos antes e depois da competição.

Em seu regulamento, a organização determina que o uso de máscara é obrigatório “durante todo o período de permanência na Arena da Prova Presencial que compreende as áreas de largada e chegada, incluindo a dispersão”. Ao longo do percurso, no entanto, o uso é apenas recomendado, assim como o porte de máscaras reservas.

A exigência do item de proteção está em vigor tanto no estado de São Paulo como na sua capital. As gestões do governador João Doria (PSDB) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegaram a anunciar uma flexibilização, que entrearia em vigor no último dia 11, mas o surgimento da variante ômicron, sequenciada primeiramente na África do Sul, adiou os planos.

A nova cepa do coronavírus se alastra com velocidade sem precedentes, afirmou a OMS (Organização Mundial da Saúde), e estudos indicam que ela pode causar mais reinfecção do que a variante delta. Com o primeiro caso identificado em São Paulo no dia 1º de dezembro, a prefeitura já trata a transmissão da variante como comunitária na capital.

Mesmo com a exigência em vigor, nas provas em São Paulo o protocolo adotado tem sido o mesmo anunciado para a São Silvestre, com a obrigatoriedade da máscara apenas na arena, na largada e na chegada –a medida também é adotada em corridas de rua fora do país.

Questionada pela reportagem sobre como a flexibilização durante o percurso se insere nesse cenário, a prefeitura paulistana se limitou a enviar o regulamento da prova. A organização, por sua vez, ressaltou por meio de sua assessoria de imprensa que o protocolo foi desenvolvido junto à Prefeitura de São Paulo, que apoia a corrida.

Pontuou ainda que a regra vale também para o pelotão de elite, que costumeiramente já larga sem máscara, além de informar que a fiscalização será feita pela equipe do evento. Caso a regra não seja respeitada, o participante terá de deixar a arena –se isso ocorrer antes da largada, o atleta não poderá participar da prova.

Para a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), apesar de a ômicron ter mudado a perspectiva que se tinha sobre a flexibilização de medidas como o uso de máscara, a orientação está correta. “No decorrer da prova, não faz sentido o risco de potencial de transmissão correndo, ninguém vai conversar”, pontua. “Mesmo que tenha um pelotão com as pessoas mais próximas no começo, não tem tanto risco de transmissão desde que não se fique conversando”.

Stucchi reforça, no entanto, a necessidade do uso tanto na arena, onde é mais difícil manter o distanciamento, ainda que seja ao ar livre, como no deslocamento até a prova e na volta para casa. Além disso, ela ressalta a recomendação para quem não for correr o tempo inteiro.

“Tem gente que chega a um terço da prova e começa a andar, interage com pessoas que não são do seu dia a dia. Esses devem usar máscara”.

Corredor de rua há cerca de cinco anos, Guilherme Madeira, 46, estreia na São Silvestre na edição deste ano, mas já leva muitos quilômetros nos pés, com participação em provas de 5 km até a maratona, de 42,195 km.

Desde o início da pandemia, ele tem seguido as recomendações do uso de máscara, mesmo durante os treinos, e distanciamento, principalmente porque mora com uma idosa. Nas últimas semanas, com a volta das competições presenciais, ele já participou de duas corridas com o mesmo protocolo que estará em vigor no dia 31 de dezembro e diz ter se sentido muito seguro.
Ainda assim, na São Silvestre ele se prepara para um eventual uso do item durante o percurso, mesmo já tendo tomado a dose de reforço da vacina contra a COVID-19. “Se tiver muita gente e não me sentir confortável, vou colocar a máscara”.

Madeira lembra que, no início da pandemia, achou muito ruim correr com a proteção, mas insistiu no uso por recomendação do seu instrutor. Hoje, diz-se habituado, mas pontua que em corridas de longa distância, sendo necessário retirar a máscara para beber água e ingerir o gel carboidrato –recomendado quando a quilometragem é mais alta–, fica difícil fazer tudo correndo.

A médica esportiva Renata Castro alerta que quem vai fazer a prova com máscara deve levar itens reservas, já que o uso prolongado durante o exercício, em especial no calor, provavelmente molha a proteção, o que diminui sua eficácia.

Quanto ao desempenho, a especialista ressalta que a ventilação não é impactada por ser uma corrida de longa distância, com menor quantidade de ar demandada, em oposição a provas de curta distância, nas quais a velocidade –e a demanda de ar– é maior. No caso da São Silvestre, explica, o principal incômodo é psicológico, segundo apontam estudos, não uma limitação fisiológica.

Além das máscaras, a organização exige ainda ao menos uma dose da vacinação, e o comprovante deve ser apresentado no momento da retirada dos kits. Aqueles com quadro de imunização completo poderão fazer a retirada entre os dias 27 e 30 de dezembro, apresentando o comprovante impresso ou digital -gerado pelo aplicativo do governo federal ConecteSUS ou de gestões locais, inclusive de outros países.

Já quem tiver apenas a primeira dose da vacina, nos casos de imunizantes em que é necessário aplicar uma segunda dose, deverá apresentar também um teste negativo. Se o exame feito for do tipo PCR, que tem validade de 48 horas, o kit poderá ser retirado nos dias 29 e 30. Se for de antígeno, cujo vencimento é de 24 horas, a retirada só será liberada no dia 30.
O regulamento determina ainda que quem não estiver vacinado ou se recusar a apresentar a documentação por ser contra a vacinação não poderá participar da prova.

REGRAS DA SÃO SILVESTRE

Uso de máscara:
– obrigatório na arena, na largada e na chegada;
– desrespeito à regra pode levar à expulsão da arena;
– recomendado no percurso;
Vacina:
– exigida ao menos uma dose;
– comprovante (impresso ou digital) necessário para a retirada do kit;
– no caso de uma só dose (a não ser que a vacina seja de dose única), é preciso apresentar exame negativo (PCR 48h antes; antígeno 24h antes) também na retirada do kit;
– se o participante não apresentar os documentos, não poderá participar da prova.

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