‘Preconceito no futsal diminuiu, mas ainda tem’, diz técnico

futsal feminino
Foto: Arquivo Pessoal

Há 30 anos junto com o futsal feminino, técnico da UCDB admite que dificilmente o preconceito vai acabar 

Supercopa, Liga Nacional, entre outras competições de peso programadas para este ano. Em Mato Grosso do Sul, o futsal feminino ganha terreno, ao mesmo tempo que encara desafios conhecidos. Há 30 anos, Luiz Fernando Borges Daniel acompanha a situação das meninas e mulheres dentro e fora das quatro linhas. 

“A questão do preconceito já vem melhorando bastante, mas ainda tem. Acho que vai ser difícil acabar totalmente. A sociedade tem preconceito de várias formas”, disse o técnico de 50 anos, que começou a se envolver com o futsal em 1992, na Escola Perpétuo Socorro. “No esporte também, às vezes o pessoal não vê com bons olhos o futsal e o futebol feminino. Mas, já tá muito melhor. Quando a gente começou, os pais não deixavam, era bem difícil. Hoje, tem muito mais apoio da família”, afirma o professor à reportagem, em respostas dadas no começo da noite de segunda-feira (6). 

Treinador da UCDB há 18 anos, admite já ter percorrido uma caminhada grande. “A qualidade temos faz tempo, agora que estamos tendo mais visibilidade”, pontua o campo- -grandense. 

Ele lembra que em 2006, houve a classificação para a primeira divisão do JUBs (Jogos Universitários Brasileiros). “Na época, era o torneio mais importante, não tinha Liga Nacional. Em 2010, fomos campeões da 2ª Divisão, subimos na Taça Brasil também. Em 2015, fomos vice no JUBs, sendo que a disputa foi contra um time que era base da seleção brasileira. Então, é de longa data que [o futsal feminino] está tendo resultado. Agora está mais visível”, fala o treinador.

Só técnico homem? 

Sobre a formação de valores para comissões técnicas, Luiz Fernando enumera e rebate a ideia de que ainda há poucas treinadoras no futsal e futebol femininos. “A gente vê que já tem bastante menina atuando na área. Por exemplo, nestes quase 20 anos de UCDB, já formamos várias gerações de professoras, e muitas estão  atuando na área”, explica. “Do nosso time, mesmo, a Bruninha já é técnica, a Vanessa, também, a Maísa, que joga com a gente, também é técnica. Trabalha comigo em escola do Estado, com futsal masculino e feminino. Vejo que já cresceu bastante e a tendência é mais meninas querendo ser técnicas”, argumenta. 

O cenário, segundo ele, é animador, país afora. “Na Liga Nacional tem várias treinadoras. O Taboão da Serra, o São José, o Leoas, já mudou bastante [o cenário]”, fala o técnico. 

Parte financeira atinge ambos os gêneros 

Questionado sobre o que  ainda falta, em nível local, para as mulheres atingirem um patamar maior no futsal, Luiz Fernando argumenta que a ausência de investimento afeta também o masculino. “Está bem parado. Antes, tinha mais tradição, as equipes permaneciam mais tempo treinando. Na parte financeira, ambos os sexos estão com defasagem”, diz. “É claro que, no feminino, por conta de ter menos praticante, o pessoal não vê como investimento”, completa. 

Próximos desafios  

Jornal O Estado: “No momento, você e suas equipes se preparam para quais competições? Qual será o principal torneio/campeonato para o seu pessoal neste ano?” 

Técnico Luiz Fernando: “Estamos treinando para a Supercopa. Vai ser em Cascavel (PR), são seis equipes que disputam a vaga para a Libertadores. Jogam o campeão e vice da Copa do Brasil, da Liga Nacional e da Taça Brasil. O Operário também vai, o que demonstra que o nosso futsal feminino é muito forte, em nível nacional. Depois, tem a Liga, dia 8 e 9 de abril. A gente inicia aqui o nosso sonho realizado, que é participar de uma liga. A abertura vai ser aqui, em Campo Grande.” 

No futebol feminino, a missão é mais árdua 

Para Luiz Fernando, no futebol feminino o desafio é maior. “É mais difícil de trabalhar pela quantidade. A base das equipes, anteriormente, era do futsal. Várias escolas e algumas universidades bancavam realmente, o futsal e o futebol feminino”, comenta. 

“Agora são poucas. A UCDB é a única que mantém o time treinando constantemente. Tem outros times fortes, mas não de escolas ou universidades, como era antigamente. Isso prejudicou muito a formação. Nós tínhamos vários professores que, no segundo grau, faziam capacitação de atletas da rede municipal e estadual, que as escolas davam bolsas e faziam a formação das meninas”, lembra o treinador. 

“[Tinha] nós no Dom Bosco; professor Val, na Funlec; professor Pavão, na Mace; Alexandre, Fauzi, no ABC… Isso dava uma sustentação muito grande. A última equipe que parou de mexer foi a Funlec. Hoje em dia, o trabalho é basicamente de rede estadual, de ensino médio, e municipal, do sexto ao nono. De um tempo pra cá, a gente vê que as meninas mais novas estão chegando com muita defasagem técnica e tática. O pessoal novo ainda não está no mesmo nível do adulto. Antes, quando tinha essas equipes de base, as meninas já chegavam no sub-18, sub17, com muita força, dando trabalho para as adultas”, relembra. 

Por Luciano Shakihama  – Jornal O Estado do MS.

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