O Brasil está fora da Copa América de 2024 após uma decepcionante derrota nos pênaltis para o Uruguai. Os sonhos da Seleção de chegar à final deste fim de semana nos Estados Unidos terminaram abruptamente quando não conseguiram converter nenhuma chance contra uma defesa uruguaia obstinada, que, apesar de jogar por quase uma hora com 10 homens, segurou o empate sem gols e a vitória nos pênaltis.
É um péssimo começo para Dorival Júnior como técnico do Brasil. O veterano treinador tem experiência em todo o Campeonato Brasileiro, mas não conseguiu traduzir isso em sucesso com a equipe nacional.
A eliminação da Copa resume a natureza implacável do futebol internacional – o Brasil parecia ter encontrado seu lugar no torneio, mas foi eliminado por não ter aproveitado as chances que teve quando chegou.
De fato, a aposta Brasileirão parecia favorável a Dorival quando Nahitan Nández foi expulso aos 20 minutos do tempo normal de jogo, mas, apesar de dominar a posse de bola, a Seleção só conseguiu dar três chutes a gol. É uma situação que deixa os torcedores brasileiros frustrados, já que perderam a final de 2021 para a Argentina e tiveram um desempenho abaixo do esperado na Copa do Mundo de 2022 sob o comando de Tite. Dorival insistiu que os torcedores devem confiar no processo e manter a paciência com uma equipe que está em transição.
“Esse tipo de trabalho exige muita paciência”, disse Dorival, que assumiu o cargo em janeiro.
“Tenho de reconhecer que esses não foram os resultados esperados e assumo toda a responsabilidade por eles, mas também acho que essa equipe tem muito espaço para crescer, evoluir e melhorar.”
“Este é um processo; em geral, você se depara com dificuldades quando está criando uma equipe. Este foi nosso primeiro torneio oficial, e o resultado ficou longe do esperado… nosso principal objetivo agora é nos classificarmos para a Copa do Mundo”.
Isso resume o que deu errado para o Brasil – há uma lacuna muito grande entre os jogadores que precisam seguir em frente e aqueles que não têm experiência real em torneios. Enquanto líderes como Thiago Silva se aposentaram do serviço internacional, outros componentes importantes da equipe vencedora da Copa América de 2019, como Casemiro e Danilo, parecem ter passado do seu melhor momento.
No entanto, esses são os únicos jogadores que têm atuado regularmente pelo Brasil, e Dorival está claramente lutando para encontrar um equilíbrio entre eliminá-los gradualmente e mantê-los no campo por sua liderança.
Por outro lado, seria ingenuidade confiar totalmente nos jogadores mais jovens da equipe. Endrick, que liderou a equipe contra o Uruguai, ainda tem apenas 17 anos e só disputou 10 partidas no time principal do Brasil. Isso coloca muita pressão sobre os jovens jogadores para que atuem, sendo que Rodrygo, Raphina e João Gomes têm menos de 50 jogos pela equipe.
O outro fator fundamental que está faltando é Neymar. Com o talismã brasileiro na equipe, suas chances de se tornar campeão da Copa América teriam sido muito maiores. Com Vinícius Jr. suspenso – um jogador que foi essencial para o progresso na fase de grupos – o Brasil parecia perdido sem a influência de Neymar.
O atacante trocou a Europa pela Arábia Saudita na última temporada, mas uma grave lesão o deixou afastado, com muitos torcedores brasileiros esperando que ele retorne antes da Copa do Mundo de 2026 para um último torneio internacional.
O Brasil tem todas as características de um gigante adormecido. A espera pelo décimo troféu da Copa América continua, mas só o tempo dirá se Dorival é o homem certo para supervisionar a transição de um time jovem e faminto para um vencedor em série. Depois de surpreender as equipes em suas últimas campanhas de qualificação, as grandes competições serão o verdadeiro indicador para saber se eles têm o que é preciso.