Com 14 contemplados pelo Ministério do Esporte, lista reforça protagonismo no paradesporto
Mato Grosso do Sul aparece na segunda posição em número de contemplados na categoria Pódio do Bolsa Atleta Federal no Centro-Oeste, atrás apenas do Distrito Federal. Ao todo, 14 sul-mato-grossenses foram selecionados pelo Ministério do Esporte para receber o benefício voltado a esportistas de alto rendimento. O número posiciona Mato Grosso do Sul à frente de Goiás, com oito atletas, e Mato Grosso, com três.
Dos contemplados, 13 são paratletas, o que evidencia a relevância do paradesporto no Estado. Apenas uma atleta sul-mato-grossense atua na modalidade olímpica: a jogadora de vôlei de praia Victoria Lopes. Os demais nomes vêm do atletismo, judô de cegos, badminton e canoagem paralímpica — áreas em que Mato Grosso do Sul tem tradição consolidada.
Elite
Hoje, a categoria Pódio contempla esportistas com resultados de destaque internacional, com bolsas que variam de R$5 mil a R$16,6 mil mensais. É o caso de nomes como Yeltsin Jacques, do atletismo, que receberá R$16.629 e Silvania da Costa, do salto em distância, contemplada com R$8.869.
Para Yeltsin, campeão em Paris 2024 e Tóquio 2020, o auxílio é essencial. “A Bolsa me dá estrutura e estabilidade para focar no que realmente importa: treinar e evoluir”, disse à reportagem de O Estado.
O paratleta afirma que, com o repasse federal, consegue investir em equipe multidisciplinar, viagens e treinamentos fora do Brasil. “É uma ferramenta de inclusão, de valorização e de fomento ao alto rendimento, especialmente para quem vem de contextos mais desafiadores”, afirmou.
Apoio é decisivo

Guilherme (à esq), Yeltsin (à dir), e Silvânia (abaixo), estão entre contemplados da Bolsa – Foto: Arquivo pessoal
Silvânia, campeã no salto em distância em Tóquio e no Rio, compartilha do mesmo raciocínio. “Sem esse apoio, tenho certeza que eu jamais poderia alcançar o que conquistei. O que era sonho hoje é realidade”, fala a sul-mato-grossense, também à reportagem.
“Hoje eu consigo focar somente em treinar, contratar profissionais, investir na minha carreira e até na minha vida pessoal”, afirmou Silvânia Costa. Para ela, o descanso e os recursos para recuperação são tão importantes quanto o próprio treino. “Alto rendimento exige isso. E a bolsa permite que a gente se dedique totalmente”, afirma Silvania.
Apesar dos avanços, é lembrada a falta de apoio aos esportistas lesionados, que podem perder o benefício em momentos críticos. “Quando o atleta se machuca, ele acaba ficando sem ajuda, sem recurso. Muitos encerram a carreira por não ter condições de se manter”, apontou Silvânia.
Yeltsin também propõe melhorias: “Parcerias para saúde e formação educacional fariam uma grande diferença. O esporte transforma, mas o atleta precisa de estrutura completa para continuar evoluindo.”
Embora o atleta-guia Guilherme Ademilson, parceiro de Yeltsin Jacques, não seja natural de Mato Grosso do Sul, ele vive e treina em Campo Grande, sendo considerado, na prática, parte do time sul-mato-grossense. Se incluído, o total subiria para 15. Ainda assim, o número oficial reconhecido pelo governo é 14.
O atletismo paralímpico aparece como a modalidade com mais beneficiados. Dos 14 nomes, sete são do atletismo adaptado.
O impacto do programa também é sentido fora do campo esportivo. Vários bolsistas utilizam o prestígio conquistado para atuar como multiplicadores, levando a experiência a escolas, projetos sociais e comunidades. “Quero também inspirar mais jovens atletas, especialmente os que enfrentam dificuldades, mostrando que é possível chegar lá”, disse Yeltsin. Silvânia compartilha da mesma missão: “Eu olho pra trás, vejo tudo que passei, e hoje me sinto um exemplo para muitos. A minha trajetória prova que o trabalho dá frutos. Quem sonha alto tem que levantar cedo, dormir tarde, suar, e aí sim vem o sucesso.”
A judoca Erika Zoaga (que atualmente mora e treina em Mato Grosso), prata em Paris, e o canoísta Fernando Rufino, campeão olímpico em Paris e Tóquio, também estão entre os contemplados
Entre os destaques também estão Jean Panucci e Débora Benevides, da canoagem paralímpica; Ricardo Costa de Oliveira é do salto em distância; e Yuki Rodrigues, do parabadminton. Kelly Victorio do judô de cegos, fecha a lista.Criado em 2005, o Bolsa Atleta nacional já beneficiou ao menos 37 mil atletas e investiu aproximadamente R$ 1,5 bilhão, segundo o Governo Federal. Em 2019, foi incorporado ao Ministério da Cidadania, com a extinção do Ministério do Esporte. Em 2023, a pasta foi recriada, e em 2024, o programa recebeu reajuste em torno de 10%, após quase uma década sem atualização nos valores.
Por Mellissa Ramos
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