Mundial de Ginástica Rítmica inspira alunas de projeto em Campo Grande

Integrantes de projeto de ginástica rítmica no
Parque Ayrton Senna, em Campo Grande - Foto: Allan Gabriel
Integrantes de projeto de ginástica rítmica no Parque Ayrton Senna, em Campo Grande - Foto: Allan Gabriel

Primeira transmissão aberta do torneio amplia visibilidade da modalidade e motiva meninas de escolinha nas Moreninhas

O Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica acontece até domingo (24), no Rio de Janeiro, e, pela primeira vez, é transmitido gratuitamente no YouTube.A Arena Carioca 1, no Parque Olímpico, recebe a 41ª edição do torneio, realizada pela primeira vez na América do Sul. São 111 ginastas e 36 conjuntos de 78 países em disputa. O Brasil é representado por Bárbara Domingos e Geovanna Santos, no individual, além do conjunto formado por Maria Eduarda Arakaki, Maria Paula Caminha, Mariana Gonçalves, Sofia Pereira e Nicole Pircio.

A novidade da transmissão gratuita amplia o alcance da modalidade no país e motiva meninas por todo o país, inclusive as ginastas de um projeto da Prefeitura de Campo Grande. O programa atende cerca de 172 alunas, em polos no Parque Jacques da Luz e no Guanandizão. Os treinos acontecem das 7h às 11h e 13h às 17h.

Professora do projeto desde o início, em 2010, a educadora física Adenizia Julião explica que a iniciativa é gratuita e aberta a todas as crianças, desde que matriculadas regularmente na escola. “As meninas começam com aulas de uma hora, no que chamamos de escolinha e, conforme evoluem, passam a treinar mais tempo. Hoje temos alunas do mirim, a partir dos 5 anos, até as que treinam quatro horas por dia, que chegam até os 19 anos. Já conseguimos classificar atletas para torneios nacionais e teremos representantes nos Jogos Escolares e no Campeonato Brasileiro.”

Para ela, a transmissão inédita representa um avanço importante. “É a primeira vez que o público pode assistir de forma gratuita. Isso atrai, porque o visual da ginástica encanta. Aqui no projeto organizamos momentos para as alunas acompanharem as apresentações do Brasil. Temos uma televisão em uma sala, onde todas assistimos juntas. Elas ficam motivadas e se veem no futuro competindo também.”

As meninas confirmam a empolgação. As amigas Isadora Paz e Maria Eduarda Fernandes, de 8 anos, começaram no projeto por incentivo dos pais, e também fazem balé. “Estamos adorando acompanhar o Mundial, é tudo muito lindo. Sonhamos em um dia chegar lá, nas Olimpíadas também, mas, por enquanto, treinamos para o campeonato brasileiro.”

Victoria Antunes, de 14 anos, diz que entrou no esporte por influência das irmãs. “Comecei no balé, mas foi aqui que me apaixonei. Meu aparelho preferido é o mastro. Estou acompanhando o Mundial e em algumas apresentações até chorei com a equipe brasileira. Elas me inspiram muito.”

A adolescente participou, em julho, do Torneio Regional Centro-Oeste de Ginástica Rítmica, em Sinop (MT), e se prepara para disputar o nacional, em Aparecida do Norte (SP), em novembro. “Neste último torneio, nós conquistamos o 2º lugar do pódio, na categoria Trio Juvenil, eu e as ginastas Sara Gonçalves e Ana Clara de Souza. Estou com a expectativa lá em cima, espero muito que a gente consiga um pódio”.

Além do trio de Victoria, o grupo também faturou o terceiro lugar na categoria Conjunto – Pré-Infantil, a segunda colocação na Trio-Infantil, e o primeiro lugar Trio Pré-Infantil. Na competição individual, Valentina da Mata, da categoria Pré-Infantil, foi segundo lugar na modalidade mãos livres e terceiro na corda. Já Emanuele da Mata, irmã de Valentina, disputou a categoria infantil e também foi segundo lugar na modalidade mãos livres, além de segundo lugar na apresentação com a bola, e vice-campeã geral.

Adenizia lembra que o projeto também forma profissionais. “Temos meninas que começaram aos oito anos e hoje são professoras ou monitoras do projeto. É uma formação para o futuro. O esporte no Brasil não é fácil, mas com apoio da prefeitura e da associação conseguimos manter a estrutura. Nosso desafio agora é ter um espaço próprio, com condições adequadas para treinar todos os dias, e vamos atrás disso”.

Ela reconhece que a ginástica rítmica ainda busca espaço semelhante ao conquistado pela artística. “O público confunde muito as modalidades. A artística já tem histórico de medalhas, com nomes como Daiane dos Santos e Arthur Zanetti. A ginástica rítmica brasileira começou a competir de igual para igual com russas, italianas e búlgaras, só agora. E o Brasil já é favorito no conjunto. Isso vai trazer mais visibilidade”.

Com o Mundial no Brasil e a transmissão aberta ao público, a professora acredita que o impacto será direto no cotidiano das alunas. “Elas querem repetir o que veem e isso fortalece a modalidade. Sonham com a seleção brasileira e com o Mundial. Assistir às competições aumenta a motivação para treinar e seguir no esporte e cada vez elas se inspiram mais”.

 

Mellissa Ramos

 

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *