Houve pagamento de propina em dinheiro para os ex-presidentes da CBF, José Maria Marin, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, em troca de contratos da Copa Brasil. É o que conta uma sentença da segunda instância do Comitê de Ética da Fifa que condenou o ex-dirigente da federação brasileira Marco Polo Del Nero, por ser um dos beneficiários de subornos. Banido do futebol, o cartola nega as acusações e recorreu a um tribunal esportivo.
A sentença contra Del Nero tornou-se pública porque a Fifa decidiu divulgar todas as decisões de seus órgãos disciplinares tomadas a partir de janeiro deste ano. O processo contra Del Nero tem como base as acusações de corrupção sofridas por ele na Justiça dos EUA, onde nunca foi julgado por não sair do Brasil. O ex-dirigente foi condenado pelo Comitê de Ética da Fifa em abril de 2018 e a decisão foi confirmada pela segunda instância em fevereiro de 2019.
A sentença do comitê de apelação da Fifa descreve três acusações de corrupção: receber propinas para facilitar a concessão dos contratos da Copa Libertadores, Copa América e Copa do Brasil. Empresas de direitos esportivos como TyC, Full Play, Traffic e Klefer obtiveram direitos sobre essas competições em troca de pagamentos aos cartolas. As empresas não são nomeadas na sentença, mas seu envolvimento é conhecido pelos documentos da Justiça dos EUA.
No documento da Fifa, Del Nero apelava contra sua primeira condenação alegando erros processuais e não haver evidência de que tivesse recebido dinheiro. Ao julgar o caso, o comitê de apelação da Fifa, no entanto, concluiu que o dirigente recebeu US$ 15,2 milhões em propinas. Por isso, manteve a condenação por cinco artigos do código de ética, incluindo corrupção e receber propina.
Entre os casos detalhados, está a propina paga pelos direitos de marketing da Copa do Brasil. De acordo com a sentença da Fifa, há documentos obtidos no cofre de uma empresa com provas dos pagamentos. A empresa que sofreu buscas policiais no Brasil e detém os direitos do campeonato é a Klefer.
A novidade é que parte do pagamento se deu em dinheiro vivo, segundo o documento da federação internacional. O relato não especifica quem recebeu em cash. Eram R$ 2 milhões para serem divididos entre os dirigentes Del Nero, Ricardo Teixeira e José Maria Marin. De acordo com o documento da entidade, notas escritas e e-mails com recibos obtidos no cofre e nos computadores da empresa são prova suficiente de que houve os pagamentos de subornos. (Uol)