Do interior de MS para Tóquio

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Mesmo com diversos problemas, atleta medalhista no Rio 2016 não se abalou com dificuldades e busca emplacar ouro no Japão

A terceira reportagem da série exclusiva sobre atletas, paratletas, ex-atletas e equipes de apoio de Mato Grosso do Sul, que estarão nas Olimpíadas de Tóquio 2020, mostra a vida de uma atleta que, mesmo com todos os obstáculos, decidiu enfrentá-los e seguir os seus sonhos. 

“A deficiência de alguém é ela achar que não é possível.” Esta é a frase que faz com que Silvânia Costa de Oliveira, medalhista paralímpica, encare todas as provações da vida como desafios e não dificuldades. Natural de Três Lagoas, a 326 km de Campo Grande, foi diagnosticada aos 11 anos com uma doença congênita que destrói as células da retina, o que fez com que hoje, aos 34 anos, ela tenha apenas 5% da visão. Por necessidade de cuidar da família, entrou no atletismo e já está de malas prontas, rumo a Tóquio, em busca de sua segunda medalha paralímpica.

O atletismo entrou na vida de Silvânia pela necessidade de colocar comida na mesa de sua família. Por ser resistente e veloz, começou a participar de corridas de rua, já que o dinheiro dos prêmios fazia diferença no fim do mês. Depois de algum tempo observando a performance da corredora, um treinador a recrutou para treinar em Cuiabá (MT). “Ele me disse que eu tinha potencial para ser atleta paralímpica. Me ofereceu hospedagem, alimentação e transporte, então eu peguei minha filha, que na época tinha 3 anos, e fui embora”, conta a paratleta.

Após três anos de treinamento na capital mato-grossense, Silvânia de Oliveira quebrou o recorde do Campeonato Brasileiro e das Américas, o que fez com que a paratleta recebesse o convite de treinar pela seleção brasileira na cidade de São Caetano Sul, município de São Paulo. Durante seu processo de adaptação, a equipe técnica percebeu a grande potência que ela tinha. “Fomos percebendo que eu tinha muita potência e então fui trocando de prova. Nos 100m e 200m bati o recorde brasileiro, fui para o arremesso e também bati o recorde”, relembra.

Percebeu que seu forte era em esportes de explosão, então chegou até o salto em distância, onde quebrou três recordes mundiais e descobriu que aquela era a sua prova. “O salto se tornou minha prova oficial, onde eu entro para brigar pela seleção e me destaco”, aponta a paratleta. 

Silvânia de Oliveira chegou ao Rio 2016 como uma promessa, e embora toda a responsabilidade que levava nos ombros pelo grande investimento que a seleção fez em sua carreira fosse grande, nada tirou seu foco de trazer o ouro para o Brasil. “Foi muito emocionante, pela primeira vez estar nas paralimpíadas e trazer a medalha para o país. Passou um filme na minha cabeça de toda a dificuldade que eu já passei”, destaca.

O ano ficou na memória da paratleta para sempre. Os 4,98m que saltou em solo carioca colocaram no peito de Silvânia o tão sonhado ouro, que fez com que todos os desafios que passou durante a vida tenham valido a pena. “Até hoje consigo sentir a sensação dos jogos. Cinco anos se passaram e eu ainda consigo ouvir a arquibancada gritando ‘Brasil!’”, destaca a atleta.

(Confira a matéria completa na página B2 da versão digital do jornal O Estado)

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