Com esposa grávida, nadador Leonardo de Deus reluta em viajar

Sul-mato-grossense é convidado para defender equipe italiana na ISL

Tricampeão pan-americano nos 200 metros borboleta (2011, 2015, 2019), o campo-grandense Leonardo de Deus, 29 anos, ressaltou em como a paralisação da natação, em virtude do novo coronavírus alterou sua rotina de vida e treinamentos. Em entrevista ao Jornal O Estado na sexta-feira (19), o nadador, atleta do Unisanta (Universidade Santa Cecília), situada em Santos-SP, foi convidado a participar da ISL (Liga Internacional de Natação) – sigla em inglês, nas provas de 200 metros borboleta e 200 costas, competição prevista para outubro deste ano, na qual competirá pela equipe italiana Acqua Centurions, Léo tem mantido o foco.

“O evento pode ser um treinamento de campo de cinco semanas. Ano passado eu não competi por que estava em alguns eventos e este ano estou cotado para ir; os atletas da elite da modalidade são convidados para participarem desta competição criada em 2019”, pontua o nadador.

Com a flexibilização do isolamento em alguns países da Europa, o brasileiro recorda que o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) pode realizar treinamentos de atletas no exterior. “Eu fui perguntado se estava disposto a participar juntamente com meu treinador, ponderamos a ideia e optamos por ficar no Brasil”, coloca o competidor.

De acordo com o nadador, somente o translado e o desgaste entre aviões e aeroportos gera muito mais ônus do que bônus para a delegação neste período. “Além disso minha esposa está grávida, mesmo quando saio para fazer fisioterapia, compras, tomo todo o cuidado com a roupa, e com isso decidimos não ir, visto que será um investimento alto e acredito que tá sendo tomada de forma equivocada e em um momento que não o melhor”, pontua.

De acordo com o multicampeão, o Brasil passa por uma fase complicada com o vírus e que, “o coro tá comendo”, além disso, frisa que a Europa está sujeita a uma nova onda de contágio. Caso o COB concretize a viagem, sou favorável a irmos para o Rio de Janeiro, sabe? Pegamos o grupo olímpico e seguimos para o Complexo Maria Lenk. Temos a estrutura aqui no país, e investiríamos melhor estando aqui”, ressalta.

Deus quer Olimpíada segura e com torcida

O nadador reforça que as orientações e treinos são recebidos remotamente, sejam físicos ou na água, e que os realiza todos de forma individual. Sobre o adiamento das Olimpíada de Tóquio, reconhece a inviabilidade da competição neste momento. “Primeiro que os resultados dos atletas não seriam os mesmos, a competição seria muito fraca, sem torcida, então devo me manter ativo como posso, visando perder o mínimo possível da parte física”, coloca o atleta.

Com nove medalhas pan-americanas, cinco sul-americanas, além do ouro no mundial de piscina curta em Hangzhou na China em 2018, Léo fala sobre a expectativa de conquistar uma inédita medalha olímpica. “Quero acreditar que as olimpíadas ocorrerão em julho, agosto de 2021, eu quero acreditar que vai acontecer, acreditar na vacina, acreditar na competição com público, por que a competição sem torcida não é olimpíada”, frisa.

Atleta diz que ‘coach mental’ ajudou na luta contra o desânimo

Leonardo de Deus salientou que a pandemia o afetou psicologicamente e adiou para 2021 sua inédita busca por uma medalha olímpica. Inicialmente datada para o dia 24 de julho deste ano. Aqui, o Troféu Brasil, torneio em que os nadadores do país buscariam índices para a competição, marcado para a próxima semana, foi cancelado pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos), e permanece sem data para realização. “No início da pandemia eu estava treinando muito forte, bastante motivado, e creio que na minha melhor forma física, muito bem preparado e com muita expectativa de fazer o índice para o Troféu Brasil. Com o ocorrido levei um ‘baque’ e me vi sem objetivo algum, sem treinar, sem me dedicar; fiquei três semanas triste e chateado à ponto de perder a motivação”, pontuou o atleta.

O nadador afirmou ter se descuidado com a alimentação e a forma física nas primeiras semanas da COVID-19 no país. Agora, conta com o apoio de sua ‘coach mental’, cujo nome foi ele omitiu. “Depois de muita conversa com ela consegui lutar contra o desânimo e aos poucos fui alternando o comportamento, buscando manter-se ativo, mudando o discurso dentro da minha cabeça”, diz o nadador.

“Independente de não ter competição, e certa estrutura para que eu possa treinar, decidi fazer o máximo para que o meu rendimento não fique comprometido”, acrescenta. “Com a flexibilização de alguns setores, tenho treinado na piscina de casa, assim como viso atentar-me a parte de fisioterapia e educação física, hoje realizada no espaço onde moro em São Paulo”, relata.

Segundo o nadador, os atletas de alto rendimento tendem a se desgastarem muito rapidamente. O sul-mato-grossense salienta que os competidores perdem trabalhos de cinco meses em questão de 14 dias, caso não se exercitem de forma adequada. “Hoje treino um período de segunda à sexta na piscina, anteriormente eram dois períodos; nadava cerca de oito, nove km diários, hoje nado 3,5 em média. Musculação segundas, quartas e sextas, com volumes de peso bem menores, e terças e quintas trabalhos de fisioterapia em uma clínica que me dá suporte”, ilustra o campo-grandense.

(Texto: Alison Silva)

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