Do mais jovem ao idoso, mesários voluntários, militantes, todos empenhados na democracia
O primeiro turno das eleições 2022 acontece nesse domingo (2). Nessa data, os eleitores terão a oportunidade de votar para os candidatos escolhidos para deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente. Em Mato Grosso do Sul, são muitos os perfis que deverão ir às urnas, defendendo seus ideais e princípios, sejam eles de direita, de esquerda ou de centro. Dando continuidade ao Especial da Eleição, o jornal O Estado ouviu alguns dos perfis que mais se destacam no cenário político.
Diante de um cenário conturbado, para quem irá votar pela primeira vez se torna ainda mais difícil. Este é o caso de Isabela Duarte. Aos 17 anos, a jovem já sabe para quais candidatos deverá votar no primeiro turno, mas, para chegar aos nomes escolhidos, os critérios foram baseados nos princípios familiares e em pesquisas sobre os planos de governo. “Já tenho alguns dos meus candidatos decididos, mas confesso que não foi nada fácil no momento da escolha. Hoje em dia, com as inúmeras informações que temos, e de fácil acesso, minha opinião foi oscilando. Mas tomei as decisões pesquisando com minha família, e prezando pelos conceitos em que acreditamos e julgamos ser os melhores para o futuro do nosso Estado e país”, pontuou Isabela.
Militante
Já para quem é decidido, desde que o ano das eleições se aproximava, a escolha dos candidatos não foi um problema, mas defender o ponto de vista, sim. Em meio à facilidade de informações, com elas, as fake news também estão sempre presentes. Defendendo conquistas concretas imediatas, muitos dos militantes usam das redes sociais como a principal ferramenta para convencer mais pessoas a apoiar suas propostas e participar de suas ações. Com os candidatos já selecionados, a confeiteira Erika Guizzardi, 37 anos, faz questão de fazer campanha para seus representantes, seja pelas redes sociais ou nas rodas de amigos e familiares.
“Nosso voto é secreto, mas em meio à situação em que nos encontramos, é preciso posicionamento e defender o que acreditamos. Se trata do nosso agora, e do futuro dos nossos filhos. Não há espaço para indecisão, e ficar em cima do muro. Gosto de publicar os fatos, para que as pessoas entendam do que se trata a política e os nossos representantes. Até o domingo de eleição, vai ter gente que entende e muda de ideia, votando por um futuro melhor para o nosso país”, ressaltou a militante.
Popular no bairro onde mora na Capital, a “tia do zap” ou “Elzona”, como é conhecida por moradores da região do Coophatrabalho e Santa Carmélia, Elza Fior, 66 anos, tem uma lista extensa de contatos no WhatsApp. Utilizando do aplicativo de conversas como principal ferramenta para enviar informações aos amigos e familiares, ela contou que, por mais fácil que seja passar adiante as notícias que lê diariamente, é preciso cautela, para inibir as fake news.
“Sabemos que muitas vezes não são todas as informações que são boas para compartilhar, no meu caso, por exemplo, tenho o costume de fazer uma pequena evangelização no zap, pela manhã, e quando me deparo com uma linda mensagem, rapidamente sinto aquela vontade de repassar para os meus amigos. É assim na política também. Gosto de compartilhar noticiários e informações que leio todos os dias sobre política, e os candidatos. Mas, diante das notícias falsas e de má-fé que recebemos a todo tempo, sei que é importante buscar a veracidade da informação, para assim estarmos sempre informados e ‘por dentro’ de tudo o que está acontecendo, para dar aquele voto de maneira consciente”, detalhou Elza.
Facultativo
Aos 80 anos, mesmo não tendo mais a obrigatoriedade – sendo facultativo o voto a partir dos 70 anos de idade – Irani Aparecida dos Santos Romualdo firma compromisso quando se trata das eleições 2022. Residente no município de Aquidauana, interior do Estado, a aposentada garante que já tem seus candidatos anotados, para a votação. “Acredito que temos um compromisso com o nosso povo, votar é um dos principais atos que temos como dever. Mesmo sendo facultativo na minha idade, me sinto comprometida a exercer essa função até quando eu puder. Estou pronta para essas eleições, e com meus candidatos escolhidos, e me sinto honrada, por anos fazer o meu papel de cidadã brasileira”, disse dona Irani.
Mesários
Neste ano, a Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul contará com 28.596 mesários nas eleições de 2022. Até o mês de agosto, 26.719 eleitores já haviam sido convocados e, desse total, metade era formada por cidadãos voluntários. Em 2020 foram 24.453 para o Estado.
Os treinamentos, que tiveram início no dia 15 de agosto e seguem até o dia 1º de outubro, estão sendo realizados em três formatos: presencial, a distância e também pelo aplicativo Mesário. Contando sua experiência como presidente de seção há anos, Valdeci Batista, 63 anos, falou sobre as eleições deste ano.
“Houve muita polêmica quanto a credibilidade das urnas. Para nós que somos envolvidos, foi algo preocupante. Creio que não procede, e o que posso defender é o cuidado que tenho quando a recebo. Nosso trabalho é tranquilo no domingo de votação, minha equipe é a mesma, e já trabalhamos há tempos. Estamos prontos para essas eleições, e seguiremos firmes exercendo nossos papéis”, declarou a perita papiloscopista aposentada, pela PCMS (Polícia Civil do Estado de Mato Grosso do Sul). “Fico ainda mais feliz, que consegui embutir esse espírito político em meus filhos, que também ajudam nas eleições, de forma voluntária, sendo mesários. Trabalhamos na mesma escola, juntos pelo nosso MS e pelo Brasil”, finalizou dona Valdeci.
Como um dos convocados voluntários, Alyson Aristimunha, de 36 anos, se prepara para atuar no dia da votação. “Atuo como mesário há alguns anos, e vejo isso como um papel muito importante para a política brasileira. Faço minha parte como cidadão, e ainda ajudo as pessoas a fazerem suas escolhas”, afirmou o mesário.
Os eleitores com necessidades especiais
Garantir a acessibilidade e a inclusão aos serviços públicos prestados pelas instituições é essencial para promover os valores da igualdade e da justiça social. Pensando nisso, o TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) inovou com as urnas eletrônicas.
Nas eleições gerais de 2022, as urnas contam com sistema braille e fones de ouvido para que eleitores cegos ou com baixa visão recebam sinais sonoros com a indicação do número escolhido e o retorno do nome da candidata ou do candidato em voz sintetizada.
Vale lembrar que as urnas também contarão com um vídeo feito por uma intérprete de libras, que indicará ao eleitor o cargo que está em votação no momento. A novidade, denominada “Inclusão Plena de Eleitores Surdos”, partiu de duas eleitoras de Mato Grosso do Sul, a servidora aposentada do TRE-MS Tânia Regina Noronha Cunha e a advogada da União Jerusa Gabriela Ferreira.
Para o diretor-presidente do Ismac (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos Florivaldo Vargas), Márcio Ximenes, a votação na nova urna está aprovada, após ter tido a oportunidade de testar o novo equipamento, em uma simulação de votação. “A acessibilidade está ótima, conseguimos ouvir o passo a passo de quem estamos votando, com bastante segurança para apertar o verde e confirmar o voto, já que esse sempre foi o nosso receio, a falta de confiança na hora da validação do candidato que escolhemos”, relatou.
Além de Campo Grande, o novo modelo de urna será utilizado em mais nove cidades do Estado, sendo elas Dourados, Douradina, Itaporã, Laguna Carapã, Sidrolândia, Fátima do Sul, Jateí, Vicentina e Terenos.
Falando sobre acessibilidade, o digital influencer e ativista da causa PcD (pessoa com deficiência), Caio Henrique, de 25 anos, relatou sobre as experiências com as eleições anteriores. “Minhas experiências são razoáveis. Apesar das inovações, ainda enfrentamos algumas dificuldades, como a mesa onde fica posicionada a urna eletrônica, que poderia ser maior, um espaço mais amplo, para que a cadeira de rodas se encaixasse devidamente. Ainda lutamos pelo direito de ‘comodidade’ na hora de exercer nosso papel como cidadãos. Rampas e vagas são de extrema importância, mas ainda assim, há demais pontos para serem observados”, relatou.
TRE-MS
De acordo o TRE-MS, “as seções onde têm deficientes físicos, geralmente, são posicionadas em locais acessíveis. Sendo assim, em todas as eleições, os deficientes, quando cadastrados nesta condição, votam em seções acessíveis previamente preparadas pelos cartórios. Em tese, todas as seções têm acessibilidade”, é o que garante o órgão.
Por Brenda Leitte – Jornal O Estado do MS
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