O mandarim tem se tornado cada vez mais atrativo para brasileiros

Foto:Os amigos Luiz e Júlia
aprendem o idioma
chinês há três anos/Marcos Maluf
Foto:Os amigos Luiz e Júlia aprendem o idioma chinês há três anos/Marcos Maluf

‘A gramática é fácil, mas exige perseverança e dedicação’, diz professora  

O Brasil é conhecido como um “caldeirão cultural”, isso porque abriga diversos povos, com culturas, religiões e costumes diferentes. A sua formação está ligada à chegada de imigrantes de várias nações, inclusive da China. Os dois países têm, atualmente, uma interação muito forte em diversas áreas da sociedade, com isso, o número de pessoas que vem se interessando em aprender sobre o país amigo vem crescendo, principalmente quanto ao idioma. 

De acordo com dados fornecidos pelo Ibrachina, um instituto sociocultural dedicado a promover a interação entre as culturas e povos do Brasil e da China, atualmente, no Brasil, mora cerca de 300 mil chineses. A maioria encontra-se no Estado de São Paulo, mas Mato Grosso do Sul também aloja uma boa porcentagem desses imigrantes. 

Foto: A procura para praticar o
mandarim tem crescido,
hoje tenho uns 20 alunos/Marcos Maluf

Lucimara Hsieh, 53 anos, administra aulas de mandarim e revela que a gramática é fácil de aprender. “Eu dou aula de mandarim há 15 anos. Nasci e fui criada na China, então aprendi tudo o que eu sei lá, e amo repassar meus conhecimentos. A gramática de mandarim é fácil de aprender, o idioma exige perseverança e dedicação.”

A professora comenta que a demanda para aprender o idioma chinês está aumentando no país e em Mato Grosso do Sul. “Aqui, no Brasil, a procura para praticar mandarim tem crescido. Hoje, eu tenho, aproximadamente, 20 alunos em Campo Grande, de diversas idades. A maioria se encontra na faixa etária dos 15 a 30 anos”.

“A China está crescendo muito, sua cultura é muito rica, vale a pena aprender e conhecer, falar o idioma local é o ponto-chave para o entendimento de grandes questões, para compreender a história num todo”, completa Lucimara. 

 Júlia Franco, 24 anos, e Luiz Henrique Pascoal, 26 anos, fazem mandarim há três anos e contam que o que os motivou a começar a estudar outra língua foi o mercado de trabalho. “Com certeza, a ideia de começar um outro curso foi pesando no mercado de trabalho, falar chinês será o diferencial, no nosso currículo”.

“Começamos por curiosidade, queríamos aprender outra língua, pensamos bem entre as possibilidades que tínhamos, como o francês, o italiano, mas acreditamos que esses outros idiomas estão nichados, assim como o português, que usamos mais no nosso território. Já o mandarim podemos usar em vários lugares do mundo, mais pessoas conhecem, até porque é a segunda língua mais falada no mundo”, comenta Luiz. 

 “Não é uma língua fácil, acredito que ler seja mais fácil do que falar, tem que ter muita paciência e disciplina para evoluir, tem que saber cada ideograma, saber escrever eles, relacionar ao nosso alfabeto, isso é o mais difícil. Contudo, o que mais me chamou a atenção no chinês é o ideograma, é algo diferente, é outro alfabeto, achei muito interessante”, diz Júlia.

Os dois são amigos que viram uma oportunidade de expandir os conhecimentos e traçar seus caminhos de uma forma menos tradicional. Luiz é formado em matemática e está cursando engenharia. O matemático considera viajar para a China, para fazer mestrado na área da educação. Júlia é arquiteta e revela que o mandarim pode facilitar que ela consiga uma vaga de emprego.  

“Tenho o sonho de terminar o curso de chinês e ir para a China fazer mestrado. Isso vai expandir meus conhecimentos. A China é um país que tem muita vaga na área da educação, principalmente em universidades”, comenta o matemático.

“Uma vez, em uma entrevista, me falaram que eu estava entre as possíveis cotadas para a vaga por conta do mandarim e pediram para eu continuar fazendo, por que contava muito na hora de escolher alguém”, revela a arquiteta. 

Em contato com uma escola de idiomas, eles informaram que houve um aumento na procura do curso de mandarim. “O inglês é o idioma mais procurado, em relação a ele, o chinês tem uma demanda de meio por cento, ainda é pouco, mas vem crescendo nos últimos meses.”

Ainda conforme a escola, de forma individual, hoje, eles possuem nove alunos matriculados no curso do idioma chinês. De forma on-line, existem seis turmas com seis a nove integrantes. Ainda foi informado que a escola oferece, inclusive, curso para instrutores. 

Um pouco da história  

Foto: Marcos Maluf

Os primeiros chineses vieram de Macau trazidos por D. João 6º. A chegada desses imigrantes marcou a história e ganhou uma homenagem, a Vista Chinesa, um mirante construído em estilo chinês, no ano de 1903, localizado no Alto de Boa Vista, próximo à antiga estrada que ligava o Jardim Botânico a um dos pontos de repouso dos passeios da família imperial, conhecido como Mesa do Imperador.

O intuito do príncipe era reproduzir, no Brasil, o comércio de chás que existia em outros países. O projeto iniciou-se no Rio de Janeiro, mas não vingou. Somente anos depois, em São Paulo, que conseguiram resultados. 

Na década de 1950, a imigração ganhou força por causa dos conflitos que aconteciam na China, nesta época. Atualmente, muitos chineses vêm trabalhar em companhias transnacionais chinesas, que atuam no Brasil nos mais diversos setores, sendo o maior parceiro comercial.

Essas empresas trazem ao país características da “nova China”, voltada à tecnologia, estimulando a inovação e o desenvolvimento. A China é a segunda maior potência econômica do mundo, que perde somente para os Estados Unidos.

Por Inez Nazira – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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1 thought on “O mandarim tem se tornado cada vez mais atrativo para brasileiros”

  1. Cláudia Abrahão Barbosa Lima

    Saber um pouco sobre outras culturas, é muito bom. Sobre a China melhor ainda, pois é um país que tem uma forte relação comercial com o Brasil. Parabéns pela reportagem.

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