Taxa de desocupação do último trimestre em 7,5% é a menor registrada em dez anos

Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)

Queda de 1,0 e estabilidade nos números apontam momento positivo para o país e para MS

Em dez anos, o Brasil registrou em 2024 a menor taxa de desocupação de acordo com a apuração do último trimestre, que se encerrou em abril e não apresentou variação. Já frente a 2023, foi registrada uma queda de 1,0 p.p. com relação ao mesmo período, onde estava 8,5% e caiu para 7,5%. Os dados foram divulgados pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e revela que essa foi a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em abril desde 2014, representado por 7,2%.

Segundo o mestre em economia, Lucas Mikael, embora os resultados sejam positivos, é preciso avaliar com cuidado a informação, pois o dado indica de forma oculta o desemprego. “Requer uma interpretação cuidadosa, considerando outros indicadores, como a taxa de participação da população economicamente ativa. Ao analisar mais detalhadamente os dados, é possível identificar nuances que podem contradizer a interpretação inicial”, explica o economista.

A primeira comparação relevante é o aumento da população em idade ativa em relação à taxa de ocupados. De acordo com o mestre em economia, a discrepância revela uma disparidade no mercado de trabalho brasileiro, onde o número de potenciais trabalhadores cresceu mais rapidamente do que a demografia dos empregados. A taxa de desocupados também deve ser pontuada, pois refere-se ao percentual de pessoas que estão ativamente procurando por emprego. “Existe uma situação em que uma parte da força de trabalho pode ter desistido de procurar emprego, possivelmente devido à falta de oportunidades ou à desmotivação”, argumenta o especialista.

De acordo com um levantamento feito pelo Ministério do Trabalho, o número de jovens, entre 14 e 24 anos, que não trabalham, não estudam e nem procuram emprego, ou seja, os “nem-nem” somavam 4 milhões de pessoas no ano passado e, no mesmo período deste ano, alcançou 5,4 milhões. “É preocupante, pois indica o crescente desengajamento dessa faixa etária tanto do mercado de trabalho quanto do sistema educacional. O dado pode ter uma relação direta com a recente queda na taxa de desocupação. Embora a taxa de desocupação possa diminuir, essa redução pode estar sendo mascarada pelo aumento do número de pessoas que saíram da força de trabalho, ou seja, que deixaram de procurar emprego ativamente” explica Mikael.

Ainda de acordo com o que avalia o mestre em economia, a queda na taxa de desocupação normalmente é vista como um indicador positivo de melhora no mercado de trabalho, mas, nesse caso, pode também ser um reflexo de um aumento na quantidade de jovens desmotivados ou desencorajados, que desistiram de procurar emprego.

Dados da pesquisa

A população desocupada que está em 8,2 milhões não teve variação estatisticamente significativa no trimestre e recuou 9,7%, ou seja, menos 882 mil pessoas no ano. Já a população ocupada não teve variação estatisticamente significativa no trimestre e cresceu 2,8%, ao representar 2,8 milhões de pessoas. Já o nível da ocupação ficou em 57,3%, repetindo o percentual do trimestre móvel anterior e subindo 1,1 p.p. na comparação anual, que era de 56,2%.

Por Julisandy Ferreira

 

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