Mesmo com recordes nas exportações e importações, saldo comercial encolhe e governo projeta queda anual de 5,4%
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 8,153 bilhões em abril, resultado 3,3% menor do que no mesmo mês de 2024. A queda foi influenciada principalmente pela redução nos preços de diversas commodities, como soja e minério de ferro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (7) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Apesar da retração, esse foi o quarto melhor resultado para meses de abril desde o início da série histórica, em 1989. No acumulado de janeiro a abril de 2025, o superávit soma US$ 17,728 bilhões — uma queda de 34,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Parte desse recuo se deve ao déficit registrado em fevereiro, causado pela importação de uma plataforma de petróleo.
As exportações totalizaram US$ 30,409 bilhões em abril, um aumento de 0,3% em relação ao mesmo mês de 2024 e o maior valor já registrado para o mês. As importações também bateram recorde, somando US$ 22,256 bilhões, alta de 1,6%.
Entre os principais produtos exportados, a soja teve queda de 6,1% no valor embarcado, puxada pela baixa de 9,7% nos preços. O minério de ferro caiu 14,3%, reflexo da redução de 16,4% nos preços médios. Por outro lado, itens como carne bovina, veículos e ferro-gusa registraram alta e ajudaram a equilibrar o desempenho da balança.
Na ponta das importações, houve crescimento na compra de motores, medicamentos, componentes de veículos, adubos e fertilizantes — com destaque para estes últimos, que aumentaram 36,2% em valor.
O volume de exportações caiu 0,5% em abril, puxado por recuos na quantidade de café e cobre vendidos. Já o volume de importações subiu 4,4%, enquanto os preços médios caíram 2,9%, reflexo da queda nas cotações internacionais.
Setorialmente, o setor agropecuário registrou queda de 0,8% nas exportações, com volume embarcado 4,9% menor e preços 4,5% mais altos. A indústria de transformação teve alta de 1,3% na quantidade exportada e 1,5% nos preços, influenciada pela retomada da economia argentina. Já na indústria extrativa, a quantidade exportada subiu 1,6%, mas os preços caíram 5%, em meio à desaceleração chinesa e tensões comerciais entre EUA e China.
A previsão do governo federal é de que o superávit da balança comercial feche 2025 em US$ 70,2 bilhões, uma queda de 5,4% em relação ao ano anterior. A estimativa considera aumento de 4,8% nas exportações e de 7,6% nas importações. O boletim Focus, do Banco Central, projeta um superávit maior, de US$ 75 bilhões. O Mdic deve revisar suas projeções em julho, quando deve incluir os impactos das novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos e possíveis retaliações da China.
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