Dados da Carta de Conjuntura da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) de janeiro, apontam que Mato Grosso do Sul fechou 2024 com superávit de US$ 7,1 bilhões na balança comercial, impulsionada pelas commodities e produtos agrícola.
A pesquisa realizada com dados do final do ano passado indica que as exportações totalizaram US$ 9,969 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 2,808 bilhões no ano acumulado. Entre os produtos que mais se destacaram nas exportações, a soja foi a líder, representando 28,7% do valor total, ou cerca de US$ 2,8 bilhões. Logo após, a celulose se destacou com uma participação de 26,6%, atingindo o volume de US$ 2,6 bilhões. Vale ressaltar que as exportações de celulose tiveram um crescimento de 79,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
A carne bovina teve um papel destacado nas exportações de Mato Grosso do Sul em 2024. O faturamento proveniente dessas exportações alcançou a cifra de US$ 1,22 bilhão no ano anterior, comparado a US$ 915 milhões em 2023. Ao todo foram enviadas ao exterior 257 mil toneladas de carne em 2024, enquanto o volume exportado em 2023 foi de 192,7 mil toneladas. Por outro lado, as exportações de milho sofreram uma redução considerável de 78,2%, assim como gorduras e óleos vegetais, que caíram 54,8%, e minério de ferro, com uma queda de 29,8%.
Ao analisar os setores exportadores, o bom desempenho da Indústria de Transformação, que registrou um aumento de 25,13% em receita e 12,42% em volume. Em contraste, o setor Agropecuário apresentou uma queda significativa de 36,7% em valor e 35% na movimentação de cargas.
Na esfera regional, Três Lagoas se destaca ao ocupar a primeira posição com 26,2% do total das exportações, alcançando um crescimento de 45,3% em comparação ao ano anterior, totalizando US$ 2,6 bilhões. Dourados, que ocupa a segunda colocação, enfrentou uma queda de 43,1%, enquanto Campo Grande apresentou um leve aumento de 4,4%, somando US$ 532 milhões em receitas provenientes das exportações. Por sua vez, Ribas do Rio Pardo ganhou destaque com a instalação da fábrica de celulose, registrando uma impressionante alta de 690% nas vendas internacionais, com exportações de US$ 428 milhões no ano anterior.
Entre os principais destaques do setor de importação no Estado, o gás-natural destacou-se compondo 41,3% das importações totais, seguido pelo adubo (11,3%) e cobre (7,6%).
Visão do economista
Para o mestre em economia, Eugênio Pavão, a soja e a celulose são os principais pilares das exportações de Mato Grosso do Sul, desempenhando um papel estratégico na economia do estado. “A participação da celulose nas exportações de Mato Grosso do Sul está em constante crescimento, impulsionada pelos novos investimentos no setor. Em breve, ela deve se consolidar como o principal produto exportado pelo estado, tanto em volume quanto em valor. A soja também apresentou um desempenho positivo, apesar do impacto das mudanças climáticas nos resultados nacionais da safra”. Na análise do especialista, a forte demanda de investimento internacional e de empresas privadas em 2024 contribuiu significativamente para a arrecadação na balança comercial de Mato Grosso do Sul.
Em relação ao ano de 2025, o economista afirma que com a alta do dólar, a competitividade das exportações brasileiras tende a se manter favorável, impulsionando a produção e os ganhos financeiros. A expectativa é que, as exportações de soja continuem estáveis, enquanto a celulose deve registrar um crescimento significativo. “Com o dólar no patamar atual, a perspectiva de maiores ganhos financeiros têm incentivado a produção, embora a alta da moeda também resulte em custos mais elevados. Ainda assim, a expectativa é de estabilidade nas exportações de soja e aumento significativo no volume de celulose exportada”.
Por João Buchara
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