Símbolo do Estado, guavira é fruta com grande potencial produtivo

Foto: Roberta Martins
Foto: Roberta Martins

Para pequenos produtores Sul-mato-grossenses, o valor do fruto vai além da tradição; é a geração de renda

Entre os meses de novembro e janeiro, é comum ver pelas ruas de Campo Grande e de outras cidades de Mato Grosso do Sul os vendedores de guavira. A fruta é considerada símbolo do Estado e carrega memórias afetivas da infância de muitos sul-mato-grossenses. Nesta época do ano, a fruta também se destaca pelo seu potencial produtivo e de gerar vendas a pequenos empreendedores.

Para o comerciante do Mercadão, Paulo, a guavira funciona como uma fruta extra nessa época do ano, que segundo ele há um aumento na busca pela fruta. “Aumentou bastante a procura, ainda mais por agora que tem saído sobre ela, o pessoal já vem certo do que quer”, relata o comerciante.

Com teor de vitamina C superior ao da laranja, a guavira se mostra versátil para o agronegócio, com possibilidades de uso em diversos produtos, como sorvetes, licores, cachaças e geleias. Pesquisas da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) apontam que, apesar de a produção ainda ser majoritariamente extrativista, a fruta tem alto valor de comercialização e rendimento promissor por hectare.

De acordo com a gerente de pesquisa da Agraer, Ana Ajala, estudos realizados ao longo de 10 anos indicam produtividade média de 7 toneladas por hectare. Considerando o aproveitamento de 50% dos frutos colhidos e o preço médio de R$ 15 por litro, a renda bruta pode chegar a R$ 78,7 mil por hectare, o que revela um bom potencial de retorno econômico para pequenos produtores.

“Com os resultados atuais, podemos dizer que há possibilidade de implantação de pomares de guavira em pequenas áreas. Não recomendamos iniciar com grandes extensões, pois ainda existem muitas variáveis em estudo. Mas é uma boa oportunidade de renda”, explica Ana.

Pesquisa e cultivo
A Agraer realiza pesquisas sobre o cultivo da guavira há 17 anos, estudando desde a produção de mudas até as técnicas de plantio e colheita. Como a espécie ainda não é domesticada, os resultados variam bastante entre plantas e safras.

Entre os avanços, estão estudos sobre produção de mudas, densidade ideal de plantio, consórcios com adubação verde, controle de pragas e seleção de plantas com maior produtividade e qualidade de frutos. A pesquisadora destaca que há, inclusive, testes com propagação vegetativa e clonagem de plantas selecionadas, o que pode padronizar a produção e facilitar o cultivo comercial.

Desafios
Apesar do potencial, o cultivo da guavira enfrenta desafios. A alta variabilidade genética da planta e a ocorrência de pragas durante a floração e frutificação, como a mosca-das-frutas, ainda limitam a expansão dos pomares. Além disso, a perecibilidade do fruto é um dos principais obstáculos para o escoamento da produção, já que o tempo de prateleira é curto de no máximo sete dias sob refrigeração.

“Universidades do estado vêm desenvolvendo pesquisas para aumentar a durabilidade do fruto e melhorar o pós-colheita, o que será essencial para ampliar a comercialização e incentivar o cultivo em escala”, ressalta Ana Ajala.

Industrialização
A guavira também tem se destacado pelo potencial de industrialização. Além da venda in natura, já são produzidos no Estado polpas, geleias, licores, vinhos e até especiarias derivadas da casca, utilizadas para aromatizar cafés e outros alimentos. O alto teor de açúcares e a presença de compostos antioxidantes abrem portas para novos produtos e para a exploração da fruta na indústria cosmética e farmacêutica, que utiliza folhas e óleos essenciais em formulações.

Por Gustavo Nascimento

 

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