Seca reduz produção agrícola e navegabilidade em hidrovias de MS

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Estiagem provoca a evasão de transportes para as rodovias e aciona as termelétricas

A crise hídrica e as variações climáticas que já reduziram em 30% a safrinha de milho de Mato Grosso do Sul devem causar ainda mais perdas à agropecuária. Um dos prejuízos está no escoamento da produção, já que, por conta da baixa incidência pluviométrica, a hidrovia está com até 50% da capacidade reduzida de navegação. Isso representa mais carga saindo pelas rodovias estaduais. Além disso, a efetividade do pleno funcionamento das usinas hidrelétricas também está comprometida com o menor volume de chuvas.

Em MS, o milho sofre com a estiagem e já sinaliza perdas significantes na produção. Há regiões onde o prejuízo estimado passa da metade do plantio do grão. Ainda, tais percalços que o campo enfrenta remetem a iminentes altas nos preços de produtos relacionados. Insumos para confinamento e itens utilizados na suinocultura e avicultura acabam entrando na lista de aumento e, certamente, os valores são repassados ao consumidor.

Segundo o secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), as condições climáticas não favorecem a atual safra de milho. “Muito milho foi plantado fora do zoneamento agroclimático, que era a partir de 10 de março, em função do atraso do plantio de soja. Esse milho está extremamente afetado pelas condições climáticas adversas. E a conseqüência é de que já temos uma perda consolidada em torno de 30% da safra de milho”, explicou Verruck.

De acordo com estimativa de produtos e sindicatos ouvidos pelo jornal O Estado, as perdas podem superar os R$ 5 bilhões no Estado na cultura.

Hidrovias

Nos transportes, a malha Crise hídrica Seca reduz produção agrícola e navegabilidade em hidrovias de MS hidroviária pode ver seu fluxo diminuir neste ano. Atualmente, as atividades do sistema funcionam normalmente, contudo a preocupação se estabelece principalmente pela ausência de chuvas. Com o nível dos rios abaixo do normal, a redução da navegabilidade é certa. Com isso as rodovias do Estado passam a ser alternativa para o transporte.

“Ocorre uma antecipação de exportação, tanto de minério quanto de grãos, para Porto Murtinho. E agora, isso vai acontecer, obviamente, em cima das rodovias, principalmente na saída de minério. A soja também. O grão, que poderia sair por lá, vai sair por rodovia”, avaliou o secretário.

As movimentações nos terminais se reduziram pela metade e não há mais expectativas de exportação de commodities até o fim de 2021. Genivaldo Santos, gerente de operações portuárias da FV Cereais, que tem previsão de neste ano embarcar 400 mil toneladas de grãos, já contratadas, confirma o cenário.

“Em razão da baixa do rio, valores, custo do frete, o transporte hidroviário ficou inviabilizado. Temos provavelmente só mais um comboio. No próximo mês, a previsão máxima de entrada de volume é de 13 mil toneladas.”

As condições de navegabilidade do Rio Paraguai e a movimentação nos terminais portuários em Mato Grosso do Sul são monitoradas pela Semagro.  

Fatura mais cara

Com a produção hidrelétrica afetada, a Usina Termelétrica William Arjona, em Campo Grande, já começa a funcionar nesta semana, segundo informado pela Semagro. Essa necessidade alternativa culmina, inevitavelmente, com o aumento do valor da fatura de energia elétrica, já que a térmica usa gás natural ou diesel para operar.

MS e mais quatro estados estão em alerta de emergência hídrica para o intervalo de junho a setembro. Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná estão na Bacia do Rio Paraná, onde boa parte do agronegócio e de grandes hidrelétricas está instalada. As usinas da Região Sudeste respondem por cerca de 70% da energia produzida no Brasil.

(Felipe Ribeiro)

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