Rombo bilionário da Americanas afeta rendimentos do Nubank

Americanas
Foto: Rebecca Maria/Agência O GLOBO

O rombo bilionário revelado nas Lojas Americanas chegou como uma verdadeira bomba ao mercado. Contudo, muito além do cenário financeiro dos grandes investidores, o rombo na varejista teve efeito dominó, atingindo investimentos realizados pela população “civil” em instituições financeiras, como é caso das “caixinhas” do Nubank e ações de outras empresas. Teve quem viu o retorno de investimentos sumir, já outros ficaram com medo e conseguiram se antecipar para tirar o dinheiro. 

A publicitária Gabriela Lima Ferreira, de 26 anos, é uma das muitas que possuem conta no Nubank e utilizavam a “caixinha” para manter reservas de emergência. Na semana passada levou um tremendo susto ao se deparar como uma série de relatos em redes sociais sobre a perda de valores mantidos na opção, situação essa que estaria ligada ao prejuízo bilionário da varejista Americanas. “Fiquei bem preocupada, com tudo que li, principalmente no Twitter, chega me deu um frio na barriga. Eu morrendo de medo, imediatamente acessei meu aplicativo do banco e movi os valores lá guardados para outra conta. Confesso que fiquei muito aliviada de encontrá-los intactos”, relata a jovem com bom humor. 

A publicitária conta que viu o método como boa alternativa para guardar dinheiro de forma prática e segura, sendo que ainda obteria um lucro interessante. Contudo ela revela que não chegou a pensar na possibilidade de ter prejuízo. “A princípio achei que a perda seria do valor integral poupado, mas depois entendi que se tratava do rendimento. Confesso que foi algo que me deixou aliviada  porém posteriormente decepcionada, já que é uma boa forma de se fazer o dinheiro render.”

O que é a ‘caixinha’?

As “caixinhas” do Nubank têm duas modalidades possíveis de investimento: o NU Reserva Imediata e RDB (Recibos de Depósitos Bancários). Enquanto o segundo rende 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), o primeiro tende a render acima do fundo. 

O mestre em Economia Lucas Mikael explica que ambos são ditos como seguros, de baixo risco e com alto rendimento, e a escolha por um ou outro vai depender do perfil do cliente e também das preferências dele como investidor. 

“De uma forma geral, as caixinhas são resguardadas. Mas existe a necessidade dos clientes entenderem os riscos de cada tipo de investimento: quanto maior a expectativa de rendimento, maior o risco”, salienta o economista. 

Em 2023, o fundo soma 1,2 milhão de usuários e é considerado o maior do país em número de investimentos. Segundo os últimos dados apresentados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a carteira do NU Reserva Imediata tinha cerca de 1% de seu patrimônio alocada em duas debêntures da Americanas. “A crise reduz o preço desse título de dívida no mercado e ‘come’ o patrimônio do cotista”, detalha. 

Assim, a carteira, que antes entregava ganhos equivalentes a 109% do CDI, principal referência de rentabilidade para investimentos em renda fixa, chegou a um retorno de 37% do CDI nos últimos 30 dias, conforme dados do banco. 

Ainda conforme informações da CMV, o Nubank não foi o único que sofreu impactos negativos. Foram pelo menos 469 fundos de investimentos atingidos. “É importante entender aqui, porém, que nem todas as ‘caixinhas’ apresentaram abalos pela queda, somente aquelas criadas após o mês de dezembro na modalidade NU Reserva Imediata”, reitera Mikael. 

Americanas

Com histórico de credibilidade, as Lojas Americanas foram por décadas do varejo no Brasil, com unidades em várias capitais e cidades importantes economicamente no país, atendendo com a venda de variados produtos. 

Com o advento das vendas on-line, a empresa foi uma das pioneiras no setor, na vanguarda do varejo nacional. Com 3,8 mil lojas e 3 e-commerce, junto com a Inbev, GP investimentos, América Latina Logística, tem o controle de três sócios. 

A descoberta do rombo veio após a empresa identificar inconsistências em lançamentos contábeis no balanço. O prejuízo aconteceu por meio da operação conhecida como “risco sacado”, que em valor atualizado pela instituição ultrapassa os R$ 40 bilhões. 

Em Campo Grande, são cinco Lojas Americanas, a primeira na Rua Dom Aquino, outra na Rua 14 de Julho, ambas na região central. Outras duas em dois shoppings da Capital (Norte Sul Plaza e Shopping Campo Grande) e a última loja na Avenida Júlio de Castilho.

Por Evelyn Thamaris  – Jornal O Estado do MS.

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