A qualidade de vida do trabalhador brasileiro não será alcançada por meio de medidas paliativas e populistas, mas sim com uma reestruturação profunda da carga tributária, é o que defende a FCDL-MS (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul). Para a entidade, o atual modelo de arrecadação penaliza o consumo, sufoca a renda e inviabiliza o poder de compra da população.
A FCDL-MS defende que o foco do debate sobre bem-estar e produtividade precisa ser deslocado da jornada de trabalho para a redução dos impostos incidentes sobre a folha de pagamento e sobre os itens básicos de consumo. “Falar em qualidade de vida do trabalhador sem tocar na carga tributária é ignorar o verdadeiro problema”, destaca a presidente da entidade, Inês Santiago.
Atualmente, o Estado brasileiro compromete mais da metade do salário do cidadão com tributos que incidem sobre alimentação, transporte, moradia, telefonia e demais serviços essenciais. O trabalhador paga caro por serviços públicos que não são entregues à altura do que é arrecadado. “O que o governo devolve em infraestrutura, saúde, educação e segurança? Onde está a contrapartida para o que se paga?”, questiona a presidente.
Um exemplo simbólico é o custo de uma motocicleta de R$ 10 mil, em que aproximadamente R$ 6.500 são tributos. “É um veículo simples, muitas vezes adquirido para trabalhar ou se locomover. Como justificar tamanha taxação sobre algo tão básico?”, acrescenta.
JORNADA 4X3
A crítica se estende também à proposta de redução da jornada de trabalho para quatro dias semanais. A FCDL-MS argumenta que, na prática, isso não se converterá em mais descanso, mas em mais trabalho informal. “Esse trabalhador que terá folga vai buscar outro emprego, prestar serviços, fazer entregas, porque precisa complementar a renda. Ninguém descansa com fome”, aponta Inês Santiago.
A Federação reforça que, para melhorar efetivamente a vida do trabalhador, é necessário transformar os tributos pagos pelo empregador em renda direta. “Reduzir os encargos sobre a folha de pagamento é uma medida que gera efeito imediato no salário. Diminuir impostos sobre alimentos, energia e serviços permite que o dinheiro renda mais. Está tudo conectado.”
A presidente afirma que enquanto o Estado for o maior beneficiado da estrutura econômica, a desigualdade e a insatisfação entre empresários e trabalhadores permanecerão. “Hoje, quem ganha é o Estado. O setor produtivo e a população estão apenas tentando sobreviver.”
Por FCDL-MS