“Sexta-feira simplesmente subiu, não achei nenhuma notícia a respeito desse aumento”, reclama comerciante
Os revendedores de gás de cozinha em Mato Grosso do Sul estão enfrentando uma escalada nos preços do produto e um grande dilema: absorver os aumentos ou repassá-los ao consumidor? Segundo o sindicato que representa os revendedores e autônomos de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) no estado, atualmente, o botijão de 13 kg custa entre R$ 115 e R$ 120 em Campo Grande. No entanto, fatores do setor têm gerado pressão sobre os preços, resultando em um possível aumento para o consumidor final.
A principal causa desse reajuste é a mudança no modelo de precificação promovido pela Petrobras, conforme explicou o diretor-presidente do sindicato, Vilson de Lima. “Devido à alta nos custos, é esperado que o valor do botijão, atualmente variando entre R$ 115 e R$ 125 nas revendas de Mato Grosso do Sul, sofra um acréscimo significativo. Para entregas a domicílio, o preço pode chegar a R$ 150”, detalhou Lima, em entrevista ao jornal O Estado.
Desde novembro de 2024, os reajustes nos preços passaram a ocorrer mensalmente por meio de leilões. Essa alteração na política de precificação da estatal tem impactado diretamente os valores pagos pelas distribuidoras e, consequentemente, o preço final ao consumidor, conforme avaliou o presidente do sindicato.
Um revendedor do bairro Vila Almeida, que preferiu não se identificar, relatou que percebeu um aumento no valor cobrado pelos fornecedores. “Na sexta-feira, o gás simplesmente subiu. Não encontrei nenhuma notícia sobre esse aumento. Os fornecedores elevaram o preço em R$ 2, e o gás já está caro. Não houve nenhum reajuste oficial nas refinarias”, destacou o comerciante.
Insatisfação dos revendedores
Os revendedores têm manifestado insatisfação com a alta nos preços praticados pelas distribuidoras, o que dificulta a manutenção da margem de lucro diante do aumento dos custos operacionais, especialmente na distribuição. Além disso, os custos logísticos cresceram significativamente nos últimos oito meses, agravando ainda mais a situação.
“A combinação da nova política de precificação da Petrobras, a alta do dólar e o aumento dos custos logísticos tem imposto uma pressão considerável sobre os preços do GLP em Mato Grosso do Sul. Com isso, os reajustes podem ser significativos para o consumidor final, chegando a R$ 150, dependendo da região e das condições de entrega”, explicou Lima.
Concorrência desigual
Outro ponto levantado pelos revendedores é a concorrência com os postos de combustíveis, que também comercializam gás de cozinha a preços mais baixos. Isso ocorre porque esses estabelecimentos não estão sujeitos a determinadas obrigações tributárias e, em alguns casos, operam de forma clandestina, sem a estrutura e segurança adequadas.
“Nos postos de gasolina, o gás é mais barato porque eles não têm os mesmos custos que os revendedores. Vendem apenas em dinheiro para evitar impostos e não precisam arcar com despesas como motoboys, funcionários e aluguel. Assim, conseguem reduzir os preços e ainda obter lucro”, afirmou o revendedor que preferiu não se identificar.
Dificuldades para manter os preços
Fabiana Lopes, proprietária de uma revendedora na Avenida Fábio Zahran, relatou que os preços das distribuidoras são reajustados frequentemente, tornando desafiador manter os valores sem repassar os aumentos aos clientes.
“A última vez que reajustei o preço para os consumidores foi em setembro do ano passado. Desde então, houve vários aumentos internos que absorvi para não perder clientes. Em janeiro, houve um acréscimo de centavos, em fevereiro, o impacto do ICMS, e em março, outro aumento. Sempre que possível, evito repassar essas altas para manter a clientela”, explicou a empresária.
Diante desse cenário, a previsão é de que os preços continuem subindo, pressionando tanto revendedores quanto consumidores e tornando o mercado cada vez mais desafiador.
Por Suzi Jarde
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