População teve queda na renda em MS no ano passado

População teve queda na renda em MS no ano passado

PNAD Contínua 2020

 

A população de Mato Grosso do Sul registrou perdas na renda no ano passado. Das 2,7 milhões de pessoas residentes no Estado Sul em 2020, 1,7 milhão (62,9%) tinham algum
tipo de rendimento. Desta forma, MS tem o 6º maior percentual entre as Unidades da Federação. O menor percentual é de Roraima com 49,7%.

Os dados foram divulgados ontem pela PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2020) do IBGE. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua – investiga, regularmente, informações sobre os rendimentos provenientes de todos os trabalhos e de outras fontes não oriundas do trabalho das pessoas residentes no Brasil.

No estado, em 2020, 44,6% da população residente (1,2 milhão) tinham rendimento do trabalho e 25,1% (687 mil) tinham rendimento proveniente de outras fontes. Frente a 2019, houve redução da parcela correspondente ao rendimento do trabalho, que era de 48,9% (1,3 milhão) no ano anterior, e aumento do peso do rendimento de outras fontes, que correspondia a 20,5% (555 mil). Essa tendência ocorreu em todas as Unidades da Federação.

O número de pessoas com outros rendimentos (seguro-desemprego/seguro-defeso, programas sociais do governo – inclusive o Auxílio Emergencial–, rendimentos de poupança etc.) mais que dobrou de 2019 para 2020 em MS, o primeiro ano da pandemia, indo de 168 mil (6,2% da população) para 351 mil (12,8%).

Com este percentual de 12,8%, MS tem a 7º menor proporção entre as UFs. Pela primeira vez na série, esse grupo superou o das pessoas que recebiam aposentadoria e pensão (277 mil ou 10,1%), se tornando a principal categoria na composição dos rendimentos de outras fontes. Em seguida, vinham aluguel e arrendamento (2,0%) e pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador (1,9%).

Em MS, cerca de 21,4% dos domicílios recebiam outros programas sociais em 2020. Em 2019, esse percentual era de 2,7%.

Rendimento

Em Mato Grosso do Sul, o rendimento habitualmente recebido de todos os trabalhos em 2020 resultou em uma massa mensal de aproximadamente R$ 2,9 bilhões, 1,8% menor que a estimada para 2019. No país, o volume da massa mensal de rendimento foi de R$ 207,4 bilhões, 5,6% menor que a estimada para 2019.

No que diz respeito à massa mensal de rendimento, a Região Sudeste continuou registrando a maior em 2020 (R$ 107,6 bilhões), seguida pela Região Sul (R$ 36,2 bilhões), cujo valor, no entanto, correspondia a ⅓ do registrado na primeira. A menor massa foi registrada pela Região Norte (12,1 bilhões). Em todas as Grandes Regiões houve tendência de queda da massa de rendimento do trabalho entre 2019 e 2020, explicadas pela redução da população ocupada, sobretudo nas Regiões Nordeste (11,8%) e Sudeste (8,8%).

Em MS, a massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita totalizou R$ 3,9 bilhões em 2020, ao passo que, em 2019, esse valor foi de R$ R$ 4,09 bilhões. No Brasil, o volume da massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita totalizou R$ 284,6 bilhões.

A Região Sudeste apresentou a maior massa de rendimento do País (R$ 144,4 bilhões), o que correspondia a 50,7% da massa total. As Regiões Sul (R$ 48,1 bilhões) e Nordeste (R$ 51,0 bilhões) produziram juntas cerca de ⅓ da massa do País, enquanto as Regiões Norte (R$ 16,4 bilhões) e Centro-Oeste (R$ 24,6 bilhões) foram responsáveis pelo equivalente a 5,8% e 8,6%, respectivamente.

Gini

O índice de Gini é um indicador que mede distribuição, concentração e desigualdade econômica e varia de 0 (perfeita igualdade) até 1 (máxima concentração e desigualdade). Em Mato Grosso do Sul, o índice  diminuiu de 2019 para 2020 (de 0,466 para 0,446). No Brasil, o índice de Gini do rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos foi de 0,500 em 2020, abaixo do estimado em 2019 (0,506). Na comparação com as demais Unidades da Federação (UFs), Mato Grosso do Sul possui o
6º menor índice nessa variável.

As Regiões Sul (0,436) e Centro-Oeste (0,476) apresentaram os menores índices e, na Região Nordeste, ele alcançou 0,532 em 2020, se mantendo como a Região com a distribuição de rendimentos do trabalho mais desigual. De 2019 para 2020, apenas a Região Nordeste apresentou variação positiva do índice de Gini do trabalho, passando de 0,528 para 0,532. As Regiões Norte e Sul apresentaram as maiores reduções no índice (queda de 0,01 e 0,012, respectivamente).

Índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar per capita chega a 0,470 em 2020 Em MS, entre 2012 e 2017 houve uma tendência de redução do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita (de 0,476 para 0,464), que foi revertida em 2018, quando o índice aumentou para 0,490, chegando ao maior valor da série. Após relativa estabilidade em 2019 (0,483), o índice de Gini reduziu em 2020, fechando a série em 0,470. No Brasil, o índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar per capita habitualmente recebido foi de 0,524 em 2020, abaixo do estimado em 2019 (0,544). Na comparação com as demais Unidades da Federação (UFs), Mato Grosso do Sul possui o 7º menor índice nessa variável.

Rendimento domiciliar per capita em MS cai 1,3% em 2020

O rendimento médio mensal real domiciliar per capita em MS foi de R$ 1.424, em 2020, 1,3% menor que o estimado em 2019 (R$ 1.443). Na comparação com 2012, primeiro ano do levantamento da PNADC, houve um aumento de 69,3%.

Quando comparados os valores das famílias que recebiam bolsa família, há uma diferença a ser considerada. Enquanto famílias beneficiadas pelo programa tiveram rendimento per capita médio de R$ 475,00, aquelas que não recebiam o benefício tiveram rendimento per capita médio de R$ 1519,00.

Quanto ao BPC-LOAS, o padrão segue semelhante. As famílias que tiveram acesso ao benefício tinham renda per capita média de R$ 831,00, enquanto as que não recebiam tinham média per capita mensal de R$ 1459,00. Dentre as que receberam outros tipos de auxílios, a média subiu para R$ 916,00 e, dentre as
que não receberam, ficou em R$ 1588,00.

Quando consideradas a classes simples de percentuais de rendimento, há certa mudança na distribuição.

Enquanto o 1% mais rico do estado era responsável por 10,2% dos ganhos em 2019, esse número passou a ser 9,2% em 2020. Os 5% com menores rendimentos recebiam cerca e 0,4% da massa de rendimentos em 2019 e passaram a receber 0,5% em 2020. Este crescimento de 0,1p.p. foi percebido entre as faixas que abrangem os 10% com menores rendimentos (de 1,4% da massa de rendimentos para 1,5%) e dentre aqueles que ficam entre os 10% e os 20% com menores rendimentos (2,9% para 3%). Os 10% que recebem mais rendimentos do país ficam com 37,1% da massa dos rendimentos (ante 37,9% em 2019).  Com isso, em MS, o rendimento dos 10% mais ricos equivale à soma dos rendimentos de um pouco mais dos 70% que recebem os menores valores.
Texto Rosana Siqueira

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