Perda da tradição ou chuva? Comerciantes atribuem motivos para queda nas vendas

Foto: Suzi Jarde
Foto: Suzi Jarde

Comerciantes que vendem flores, velas, coroas e até mesmo alimentos em frente aos cemitérios, no feriado de finados, ficam reflexivos sobre o que tem motivado a queda na movimentação econômica. O clima nublado do último sábado (2) e a falta de interesse da população pela prática de ir aos túmulos homenagear quem já partiu são um dos principais motivos de baixo movimento durante a data.

Todos os anos, o comerciante Eanes Santos e sua esposa Ivaise Veija, aproveitam a data para ter um lucro extra na renda. Ele recorda que os anos anteriores a Avenida Presidente Vargas, onde está localizado o Cemitério Santo Amaro, precisava ser interditada devido a grande circulação de pessoas, algo que refletia nas vendas das velas e flores.

“Esse ano o movimento está fraco, no ano anterior, só na parte da manhã nós já tínhamos vendido quase tudo nessa hora. Eu acredito que a chuva, esse tempo nublado atrapalhou um pouco o movimento”, avalia o vendedor.

A venda de velas e flores no dia de Finados, virou um negócio para a família da Shyenne Peralta Barros, que há 40 anos trabalha na data. Tradição que começou com os avós, passou para seus pais, tias e agora com ela e seus primos.

“Vendemos flor, vela, coroa. Nós também pintamos e limpamos túmulos. As flores variam de R$ 5 até R$ 30. Aceitamos crédito, Pix, débito, dinheiro. Pelo movimento acredito que vamos faturar uns 80%, porque nós ficamos aqui a semana inteira, que antecede a data. Neste ano, calculo que atendemos umas 4 mil pessoas, mas antigamente era muito mais, umas 10 mil”, compara sobre a queda.

A comerciante acredita também que a tradição de homenagear os entes queridos que já se foram, está se perdendo ao longo do tempo.

“Antigamente ninguém conseguia andar nessa rua de tanta gente, lembro que tinha uns 14 anos, e era muita gente vendendo também. Atualmente, não vemos mais tanta gente vendendo, até lá dentro(cemitério), na semana que estamos cuidando percebemos túmulos abandonados, pessoal não vem mais, está se perdendo o hábito”, lamenta.

Se as vendas de velas e flores não estão em alta, a comerciante Edna Belizario Canário, aproveitou para abrir seu restaurante neste feriado, e vender espetinhos já que seu ponto fica logo em frente ao cemitério.

“Normalmente a gente não abre nos feriados, mas resolvi abrir porque já imaginava, assim como nos outros anos, que haveria uma movimentação maior na rua. Mas financeiramente falando, o movimento está bem fraco, acredito até que devo fechar mais cedo do que o esperado. Acredito que as pessoas estão deixando de lado essa tradição, e isso atinge o comércio, que antes era bem movimentado nesta data”, analisa Dona Edna.

Por Suzi Jarde

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