Os indígenas e a covid-19 em Mato Grosso do Sul

Pedro Chaves

Estou acompanhado com muita preocupação o processo de difusão da Covid-19 em todo planeta. Fico horas me informando sobre a dinâmica da doença. Faço parte do grupo de risco e fico torcendo para que a ciência crie imediatamente um remédio que cure essa pandemia. É muito triste constatar que milhões de vidas estão sendo ceifadas e que a economia do mundo continua marchando na direção do completo caos.

Todos os indicadores mostram que estamos nos aproximando da mais profunda recessão da história recente do capitalismo. Nenhuma Nação ficará de fora dos problemas econômicos e sociais provocados pela pandemia. O Brasil já vivencia fortemente o drama decorrente do Covid-19. É um dos países em que a doença está provocando mortes aos montes e trazendo consequências negativas para a expansão de emprego, renda e produção de riqueza.

Estamos caminhando solenemente para uma profunda crise econômica. Estudos recentes, do Banco Mundial, infelizmente, indicam que o Brasil marcha rapidamente para dias difíceis. O Produto Interno Bruto Nacional pode cair até dois dígitos em 2021.

Isso é uma tragédia. Desde do ano de 2014 não conseguimos melhorar a dinâmica do PIB e dos postos de trabalho. Só nos últimos dois meses despareceram um milhão de empregos. Há uma quebradeira generalizada do setor produtivo. O mais difícil disso tudo é que o empresário e o trabalhador não enxergam uma alternativa que mitigue esse quadro de imensas dificuldades.

Em todos os extratos sociais a vida ficou muito complicada. Eu sou diretor da Associação Comercial de Campo Grande e sei muito bem o grau de dificuldade dos comerciantes, principalmente os pequenos e médios que não conseguem acessar empréstimos para manter as empresas abertas. Uma parte muito importante deles fecharam as portas das suas lojas e não sabem quando vão abrir. O quadro é altamente difuso e nebuloso. Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã.

Como outras unidades da nossa federação Mato Grosso do Sul não está livre do pesadelo da pandemia. Os números ainda são baixos quando comparados com outros estados, mas, não temos a garantia de que vamos ultrapassar essa crise sanitária com baixo nível de sofrimento para todos os estratos sociais. O vírus é muito forte e está atingindo, nessa fase, com muita letalidade, as comunidades mais vulneráveis economicamente.

Nessa perspectiva, fico muito preocupado com a população de mais de 70 mil indígenas que habitam nosso estado, distribuída em pouco mais de 30 municípios, geralmente vivendo com imensas dificuldades. Eu conheço parte das aldeias e sei que a situação é dramatica.

Graça a Deus e ao esforço deles e do Poder Público não se registou nenhuma morte nessas comunidades, entretanto, pelo que sabemos o vírus já circula em várias aldeias do estado. Informações do Distrito Especial Indígena do estado (Dsei/MS), órgão ligado ao Ministério da Saúde, indica que há 76 indígenas de Mato Grosso do Sul infectados com a covid-19.

Uma parte dos infectados trabalham com frigoríficos. A incidência maior está sendo registrada no município de Dourados onde moram e trabalham pouco mais de 15 mil indígenas.

O governo de Mato Groso do Sul, por intermédio da Secretaria Estadual de Saúde, tem apoiado o combate à doença nas aldeias. Há um grupo de técnicos da saúde que estão trabalhando exclusivamente com indígenas. Isso é muito bom.

As comunidades mais carentes precisam do apoio do Estado para evitar que a doença se propague e acarrete mais prejuízos econômicos e de vidas.

É economista, educador, empresário e Secretário de Estado do Governo de Mato Grosso do Sul.

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