Obras da fábrica de celulose de US$ 2,7 bilhões iniciam até março

A instalação da tão sonhada fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo, de mais de R$ 13 bilhões, vai deslanchar em 2021. Após quase dois anos da fusão com a Fibria, de R$ 36 bilhões, a Suzano avança nos preparativos para um novo ciclo de expansão. A previsão é de que o anúncio ofical da implantação por parte da Suzano seja feito no primeiro trimestre do próximo ano, segundo informações obtidas com exclusividade pelo jornal O Estado. Na cidade, a 83 quilômetros da Capital, as obras de terraplenagem iniciam em janeiro.

Contando com cerca de 1,3 milhão de hectares de florestas cultivadas, que influenciam de forma decisiva na competitividade de suas operações, a empresa vai ganhar mais ainda mais força em celulose de eucalipto, com a construção da terceira fábrica em MS, e adentrar novos mercados nos próximos anos. “Hoje, tiramos apenas fibra e energia da árvore. Estamos olhando para a base florestal para extrair mais valor”, diz o presidente da Suzano, Walter Schalka.

A empresa já é a maior do mundo em celulose de eucalipto, com uma produção de 11 milhões de toneladas anuais. Entre os investimentos planejados, o Projeto Jubarte é o maior, e acrescentará 2,2 milhões de toneladas anuais de celulose à capacidade atual. Para isso, o investimento será de US$ 2,7 bilhões em Ribas.

A previsão inicial era de que a expansão em celulose ocorresse pouco depois da incorporação da Fibria, porém o ciclo de baixa prolongado da matéria-prima prorrogou os prazos. Para ser executado, o projeto ainda depende da redução da alavancagem financeira, que vem sendo mais lenta do que o esperado. No entanto, caso os preços da fibra permaneçam em recuperação e o câmbio contribua, é possível encurtar o caminho até o aval do conselho de administração a partir deste momento.

No atual trimestre, a Suzano já anunciou dois reajustes na China, que fizeram o preço líquido chegar a US$ 500 por tonelada no início deste mês. Nesta semana, subiram os preços novamente, desta vez no Sudeste Asiático e Oriente Médio, para US$ 550 a tonelada. Anteriormente, em 12 meses, até setembro, a empresa já havia reduzido em US$ 1,2 bilhão a dívida líquida, para US$ 12,2 bilhões. “Essa é uma demonstração inequívoca de que a Suzano continua gerando caixa, mesmo que os preços estejam baixos e o retorno não seja o adequado”, comentou Schalka.

Em setembro, a alavancagem financeira, calculada pela relação entre dívida líquida e Ebitda (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em dólares, era de 4,4 vezes acima dos limites estabelecidos em sua política financeira, mas inferior às 4,9 vezes de dezembro. Normalmente, esse índice deveria estar entre 2 e 3 vezes, intervalo que a companhia já indicou que poderá alcançar até o fim de 2021.

No decorrer dos ciclos de investimento, a política permite que o índice atinja 3,5 vezes. Levando-se em conta que a geração de caixa de US$ 1,2 bilhão ao ano é suficiente para cumprir 100% do investimento estimado e outros compromissos financeiros – assim, o Projeto não interferirá na alavancagem –, a gigante de celulose poderia anunciá-lo quando o índice estiver nessas 3,5 vezes.

Rosana Siqueira com Tissue Online

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