Na quinta-feira verde, supermercados que apostam na estratégia comercial faturam o dobro

FOTO: NILSON FIGUEIREDO
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Para economizar cada centavo, consumidor vira “nômade” e visita diversos locais em um só dia

Na Capital Sul-mato-grossense, embora a chamada quinta verde seja um fenômeno de sucesso para os supermercados, não são todos que utilizam da técnica. Aqueles que têm desperdiçado o dia mais conhecido pelos consumidores para compra de frutas, verduras e hortaliças, estão perdendo ainda a oportunidade de lucrar mais. Já que, conforme constatam profissionais do setor, o dia traz também mais rentabilidade e até mesmo dobra o faturamento do estabelecimento.

O gerente do Supermercado Pires, Emerson Rodrigues da Silva, argumenta que por conta da seca e queimadas, o setor de hortifruti tem sentido uma queda tímida. “O setor caiu um pouquinho por causa dos valores, acredito que seja por causa da seca e dessas queimadas. Toda semana a gente compara uma semana com a outra, geralmente é quarta e quinta verde. Eles não deixam de comprar, mas compram um pouco menos. Cebola, tomate, banana e laranja são os carros chefes e esses não caíram. Mas, outros, eu sinto que o pessoal tem deixado de levar por causa do valor”, avalia o gerente.

Mesmo com a queda aparente, no estabelecimento a quarta e quinta verde ainda são unanimidade quando o assunto é o sucesso de vendas. “Em dias de quinta-verde o faturamento dobra. Se eu vendo R$ 3 mil ou R$ 4 mil em algum outro dia, na quarta e quinta-feira eu vendo quase R$ 9 mil, porque o cliente já é fixo e tem na mentalidade dele, que quarta e quinta é mais barato, aí deixa para vir esses dias e compram bastante”, argumentou Silva.

O presidente da AMAS (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados), Denyson Prado, argumenta que definir um dia para vendas de produtos em específicos faz parte, na verdade, de uma estratégia de cada estabelecimento. “São estratégias comerciais de cada empresa. Tem loja que faz ofertas de verduras na terça, na quarta e na quinta. Eu não acredito que chegue a dobrar a venda por conta dessas ações promocionais. Então, não é uma questão de adesão, é uma estratégia promocional de cada empresa. Ninguém é obrigado a fazer, mas alguns fazem para atrair mais clientes para as lojas”, explica o presidente.

EMERSON RODRIGUES – FOTO: NILSON FIGUEIREDO

“É uma tradição, o pessoal já espera a quinta verde. Dobra a venda nesses dias e quando eles veem e não está muito bom eles reclamam”, disse o gerente do Supermercado Pires, Emerson Rodrigues da Silva.

Para economizar consumidor vira nômade

A funcionária pública, Cardinali Cabanhas, 54, destacou à reportagem no momento em que fazia compras no Supermercado Nunes, que para economizar ela costuma fazer uma pesquisa em vários estabelecimentos da Capital. Conforme pontua, já está habituada a transitar entre eles para adquirir aquilo que é mais barato em cada um.

CARDINALI CABANHAS – FOTO: NILSON FIGUEIREDO

“Eu nunca venho em um só lugar. Eu acabei de vir de outro mercado e tinha coisas lá que eu sei que aqui seria mais caro do que aqui. Como eu precisava comprar itens no Nunes e eu já sabia que o dia era propício, eu aproveitei. Algumas coisas estão compensando e outras não. Como eu costumo fazer uma dieta bem variada em casa, eu gosto de comprar sempre frutas e verduras. Eu aproveito a quinta, que é essa data que eles colocam para ganhar um pouco. O comércio é assim, às vezes uma coisa está mais barata, mas a outra mais cara”, avalia.

A aposentada, Aide Oliveira de Souza, 74, argumentou que também tem o costume de pesquisar em vários lugares para comprar no mais barato. Hoje, ela tem preferido a feira livre, mas, vir ao mercado ainda é uma opção para tentar economizar.

“A minha preferência nas verduras é a feira livre. O pé de alface que você compra no mercado é pequeno e aquele que você compra na feira é enorme e é R$ 5. O alface e tomate é muito caro e é uma verdura que eu não fico sem. A batata-doce, eu não fico sem um pedaço, é todo dia, tem que ter, é ordem médica. Eu deixei de comer arroz e feijão, porque tá muito caro, eu como uma vez por semana. Você chega no final do mês e não tem mais nada, você precisa comer e eu não tenho ajuda de ninguém a não ser minha, eu não tenho ninguém que mora comigo, eu moro só e ainda bem, porque se tivesse eu teria que ajudar e não daria conta”, desabafa sobre a necessidade de se nutrir bem em contraponto aos preços.

Com três filhos pequenos, com idades entre 12, oito e cinco anos, a cabeleireira, Roberta Barbosa, explica que costuma acompanhar as propagandas para ajudar na economia. “A gente sempre vê propagandas de um e de outro para comparar preços. Mas, está quase igual, não tem muita diferença de um mercado para o outro não. A banana hoje está na promoção, mas sempre ela fica no mesmo nível de preço, a maçã também sempre caro, mas eu compro mais por causa das crianças. Hoje está compensando a banana, a batata e um ou outro legume que dá um desconto. Mas, eu venho sempre na quinta para ajudar a dar uma economizada”, conclui.

Preços na Capital

Em comparativo, foram apurados valores em hortifrutis de dois supermercados da Capital. No Supermercado Nunes, logo na chegada, já foi possível avistar valores. A maçã importada no estabelecimento era vendida na quinta-feira (19) a R$ 9,98, assim como o brocólis, comercializado so mesmo valor, sendo um dos preços mais elevados do setor de hortifruti do local, junto a couve flor, vendida a R$ 13,99. Entre os mais baratos, estiveram a batata doce sendo comercializada a R$ 2,99, enquanto o mamão formosa impressionou, sendo comercializado a R$ 4,79. Líder de vendas e essencial na mesa dos campo-grandenses, a banana nanica não se mostrou branda nos valores, sendo comercializada a R$ 5,99 o quilograma, assim como o morango, que alcançou o valor de R$ 8,99 a bandeja.

No Supermercado Pires, a banana nanica, mesmo com a promoção, se mostrou ainda mais cara. No estabelecimento, a fruta era vendida a R$ 6,49, ou seja, R$ 0,50 mais caro no comparativo. Em contrapartida, o mamão formosa era comercializado R$ 0,20 mais barato, sendo vendido a R$ 4,49. A batata-doce manteve o valor nos dois estabelecimentos, sendo vendida a R$ 2,99 e o tomate rasteiro, que vinha sentindo altas excessivas, obteve uma queda geral e, no estabelecimento, era comercializado a R$ 3,99. Dentre os itens de hortifruti com o valor mais agregado no estabelecimento, foi encontrada a banana maçã, comercializada a R$ 17,49 o kg.

Por Julisandy Ferreira

 

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