MS pode ampliar exportações em meio à guerra comercial entre EUA e China, avalia secretário

Rússia Exportações exportação grãos
Foto: Divulgação/ Governo de MS

O governador Eduardo Riedel classificou a medida como um verdadeiro “chacoalhão global”

 

As tensões comerciais entre Estados Unidos e China podem trazer efeitos colaterais para o mundo todo, mas também podem abrir oportunidades estratégicas para economias locais como a de Mato Grosso do Sul. A avaliação é do secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, que vê possíveis benefícios no curto prazo para o setor exportador do Estado.

Segundo Verruck, o cenário atual representa um risco global. “Em uma pandemia tarifária, não existe ganhador. O mundo tende, em uma briga dessas, a desestruturar todas as cadeias produtivas que estavam funcionando”, afirmou, ao comentar as novas medidas do governo norte-americano, que ampliou tarifas contra a China e prorrogou isenções para outros países por mais 90 dias.

Secretário da Semadesc, Jaime Verruck

Na análise do secretário, os efeitos da disputa comercial travada pelos EUA, sob a gestão de Donald Trump, têm potencial de impactar negativamente a macroeconomia mundial.

“Na geopolítica mundial, existem só prejuízos para a sociedade como um todo. Ninguém ganha. O fato de o Trump arrecadar lá 5 bilhões de dólares em tarifas não significa nada para os Estados Unidos. Agora, ele distorce o comércio mundial.”

Contudo, Verruck aponta que Mato Grosso do Sul pode encontrar espaço nesse cenário conturbado, principalmente devido à importância da China como parceiro comercial. “O Estado tem como principal cliente a China. 51% de todas as nossas atividades são exportadas para a China. Depois disso, o nosso segundo parceiro comercial são os Estados Unidos. Então, nós estamos com os dois grandes brigando.”

Com a imposição de tarifas sobre produtos norte-americanos, commodities brasileiras como a soja ganham competitividade no mercado chinês. “A minha soja brasileira é mais competitiva agora do que a soja americana na China. Então, começa a apresentar alguns sinais positivos em termos de ampliação de mercado, tirando o mercado americano”, explicou.

Verruck também destacou o aumento recente na comercialização de produtos como soja, óleo de soja e carne para o mercado asiático. “Nós já tivemos uma aceleração da comercialização de soja no Brasil, uma aceleração da comercialização de óleo de soja, uma aceleração da comercialização de carne para esses mercados, em função da mudança de patamar. Não é que a China consome mais, ela deixa de comprar de outros países.”

Para o titular da Semadesc, a chave está em observar atentamente o que os Estados Unidos deixam de exportar. “Tenho que olhar muito para a pauta americana e falar: olha o que eles estão fazendo, e tentar atuar nesses mercados em que nós vamos ser competitivos.”

Apesar das incertezas, o secretário acredita que Mato Grosso do Sul pode se beneficiar a curto prazo. “Não é um ganha-ganha nesse processo. Mas o Mato Grosso do Sul, olhando para esses novos mercados, pode aumentar a sua exportação, cobrindo exatamente os mercados americanos que estão ficando mais caros.”

Chacoalhão global

Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel – Foto: Nilson Figueiredo

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, avaliou com cautela os impactos das recentes movimentações no cenário internacional, destacando que “é tudo muito cedo para a gente poder entender ainda as consequências”. Para ele, apesar da multiplicidade de análises, ainda não há clareza sobre os efeitos práticos dessas mudanças. “Com certeza, algumas cadeias produtivas vão ser afetadas e com certeza vão surgir grandes oportunidades para outras áreas da economia”, pontuou. Riedel sublinhou ainda que o atual momento representa um verdadeiro “chacoalhão global” no comércio internacional, exigindo atenção redobrada e capacidade de adaptação diante de uma nova configuração econômica.

 

Por Bruna Marques e Suzi Jarde

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