Famílias antecipam pagamentos e escolas ampliam estratégias para retenção e previsibilidade financeira
O período de matrículas para 2026 já movimenta a rede particular de Campo Grande, incentivado por campanhas de descontos e pela busca das famílias por organizar o orçamento ainda em 2025. Em algumas instituições, metade das vagas já foi preenchida, enquanto os reajustes para o próximo ano se mantêm em patamar considerado moderado.
A nutricionista Andressa Freire antecipou a matrícula do filho para garantir o desconto oferecido pela escola. “Como a escola tem um desconto de 15% até o dia 6 de dezembro, reservei um valor para poder fazer a matrícula”, afirma. Ela relata que, desde 2022, o reajuste anual é o mesmo: 10%. “Sempre a mesma coisa, fixo em 10%. Não informaram o motivo. Acredito que seja um padrão estabelecido por eles mesmos”, diz.
A decisão de permanecer na mesma instituição, segundo Andressa, não se baseia apenas no custo. “O grande diferencial é a estabilidade pedagógica, o cuidado que eles repassam sobre a dinâmica em sala de aula e fora dela”, explica. As despesas do início do ano também influenciam o planejamento. “Material escolar, uniforme e apostilas pesam bastante. A apostila pode ser parcelada em dez vezes junto com a mensalidade, mas este ano optei por pagar à vista para aliviar o restante do ano”, relata. Parte do material ela já comprou no período de promoções de fim de ano.
Mensalidade para fevereiro
No Colégio Vida e Luz, a procura também começou cedo. A coordenadora Camyla Diogo e o proprietário Diego Diogo afirmam que cerca de 50% das matrículas já foram concluídas. Para incentivar a antecipação, a escola ofereceu condições especiais, como a primeira mensalidade apenas para fevereiro. “Nossos alunos aproveitaram a Blue Friday, quitaram 2025 e já renovaram”, explica.
A estratégia, segundo os gestores, foi repetida após bons resultados no ano passado. “Essa opção fizemos no ano passado e foi um sucesso. Reduz muito o movimento no período de matrícula e conseguimos atender melhor os alunos novos”, afirma. Eles destacam que, em ações como o “Dia D”, a escola foca exclusivamente no atendimento a famílias que ainda não fazem parte da instituição.
A Blue Friday se tornou o principal atrativo para a renovação antecipada. “Oferecemos um mega desconto. Um aluno do meio período pagou novembro e dezembro, fez a matrícula, e só volta a pagar em fevereiro do ano que vem”, detalha Diego. Segundo ele, o valor englobou duas mensalidades — graças ao desconto de fidelidade — e ainda uma redução expressiva na taxa de matrícula, que equivale à mensalidade de janeiro.
Reajuste anual
As mensalidades de escolas particulares devem sofrer um reajuste médio de quase 10% em 2026. Segundo estudo realizado pela consultoria Rabbit em 308 escolas particulares em vários estados, a pesquisa aponta que o reajuste médio nas instituições privadas deve ficar em torno de 9,8%, o que seria quase o dobro da inflação projetada para 2025 de 4,8%.
No caso do Colégio Vida e Luz, para 2026, o reajuste ficou abaixo da média histórica de aumentos no setor. “Tivemos um pequeno reajuste. No desconto de fidelidade, a mensalidade subiu R$ 50. E oferecemos desconto adicional para pagamento via Pix ou dinheiro”, explica.
A escola também registrou queda na inadimplência neste ano. “Hoje temos uma família devendo”, afirma Camyla. Ela diz que há políticas de negociação e acompanhamento, mas reconhece que alguns casos se repetem anualmente.
Conforme a coordenadora de atendimento do Procon, Rosimeire Cecília da Costa, orienta que há que se atentar para a leitura prévia do contrato, da proposta pedagógica e do regimento escolar, “ pois esses documentos indicam os serviços que compõem a mensalidade e seu conhecimento fará toda a diferença nesta relação de consumo, para que ambas as partes conheçam seus direitos e deveres”.
Por Djeneffer Cordoba