Intenção de compras para o Natal preocupam comerciantes da Capital

 

Dados do ICF apontam para uma queda de 3 pontos percentuais de um mês para o outro

 

Apesar da aproximação do Natal e do início das férias, os dados do ICF (Índice de Consumo das Famílias), divulgados pela Fecomércio, demonstram uma diminuição na busca por compras por parte da população de Campo Grande neste fim de ano. Segundo o relatório da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em novembro, o município registrou 106,7 pontos, com o índice mais elevado entre as famílias que possuem renda superior a dez salários mínimos.

Segundo a pesquisa, aproximadamente 39,4% da população da Capital estão reduzindo suas compras e focando apenas nas despesas essenciais. Até mesmo as famílias que ganham acima de 10 salários mínimos estão diminuindo suas despesas, apresentando uma taxa de 23,5%.

O militar Gustavo Daniel explicou que, apesar da proximidade do Natal, o aperto financeiro no fim de ano o levará a não investir tanto em presentes e compras. “Penso em guardar dinheiro porque a situação está apertada neste fim de ano. Minha meta é gastar no máximo R$ 200 por familiar. Como planejo fazer uma viagem no início do ano, a ideia de não gastar tanto com presentes me ajuda a alcançar esse objetivo”.

A gerente da loja TNC Jeans, Kamilla Silverio Fernandes, afirma que, apesar de ter aumentado os estoques e manter expectativas em relação às vendas de fim de ano, ela explica que este foi um ano difícil tanto para os comerciantes quanto aos consumidores, o que pode impactar o consumo e as projeções de vendas.

“Para o comerciante, acredito que a principal consequência seja a redução nas comissões e em outros aspectos relacionados. Mas para o dono, o impacto é bem maior, porque dezembro é o mês mais esperado do ano, é aonde ocorre o nosso pico de vendas. Chegamos a vender até dez vezes mais do que nos outros meses. Portanto, se realmente houver essa queda, será muito difícil tanto para nós quanto para os proprietários.”

Em relação aos bens duráveis como eletrodomésticos e TVs, a pesquisou apontou que 51,2% do público acredita que não é um bom momento para as compras desses produtos. O gerente das lojas MM, Luciano chagas ressalta que mesmo com a pesquisa, a expectativa para as vendas se mantêm forte diante o Natal.

“Nos últimos três meses, observamos um crescimento nas vendas mês a mês. Em relação às vendas no fim de ano, especialmente para o Natal, a expectativa é boa. Sabemos que muitos clientes deixam para fazer suas compras na Black Friday e no Natal. Hoje, os consumidores estão mais atentos e não deixam tudo para o último dia antes do Natal, pois sabem que podem não conseguir ser atendidos a tempo. Acredito que, a partir do quinto dia útil, as vendas tendem a crescer. Claro, muitos ainda deixam para a reta final, mas a expectativa para dezembro é muito positiva e alta”.

Em relação ao mês anterior, o gerente afirmou que as vendas de produtos como geladeiras, lavadoras e fogões tem superado as vendas. “O mês de novembro começou de forma mais tranquila, mas, conforme se aproximava da Black Friday, houve um grande aumento nas vendas, o que foi extremamente satisfatório. A linha branca que constitui geladeira e outros eletrodomésticos, alcançou um percentual de 45% no total de vendas e os móveis chegaram até a 42%”.

Oque leva a retração?

Para o economista Eduardo Matos, é importante destacar que a pesquisa sobre intenção de compra não necessariamente reflete se a economia realmente reagirá ou se o consumo será concretizado durante esse período. “O principal objetivo da pesquisa é entender o comportamento dos consumidores e indicar o esforço de vendas e de marketing que as empresas devem empenhar para reverter o atual quadro comportamental do consumidor”.

O economista ressalta que a queda na intenção de compra pode significar para o varejo, especialmente, a necessidade de um esforço maior para impulsionar as vendas e reverter um cenário que se mostra pessimista. No entanto, isso não deve ser interpretado como algo negativo para o setor.

“Pelo contrário, é uma oportunidade para o varejo e os empresários se diferenciarem, oferecendo valor real para os consumidores. Mesmo durante o período de Natal e Ano Novo, os lojistas precisam ter em mente que, embora o cenário seja desafiador, é essencial investir em esforços de venda e marketing, já que o consumidor está mais cauteloso. Além disso, devemos considerar o índice de confiança do consumidor, cujos dados divulgados em 29 de novembro apontam uma queda de 7,2% em relação ao período homólogo, o que explica parte dessa diminuição na intenção de compra”.

Já em relação aos consumidores, as baixas expectativas de compras pode estar relacionada a economia nacional e situações como a inflação, que afetam a população. “Os consumidores estão bastante pessimistas, especialmente devido ao desempenho da economia no cenário macroeconômico, que não tem atendido às expectativas de muitos. Isso acaba refletindo diretamente no consumidor, no trabalhador assalariado e nos empresários. Portanto, dados como a intenção de compra também são impactados por esse ambiente negativo”.

João Buchara

 

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